quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O MUNDO TAMBÉM É DOS NEGROS

Eric do Vale


Um jornal divulgou que um empresário foi impedido de entrar num restaurante porque um dos funcionários pensou que o seu motorista particular fosse o seu patrão, em razão de sua pele escura.

É normal que fiquemos abismados com esta história, principalmente porque isto aconteceu aqui no Brasil. Por outro lado, é bem provável que muitos de nós tivéssemos um comportamento similar ao do recepcionista do restaurante. Esta afirmação pode ser atribuída através da formação histórica e social da população brasileira.

Após a Lei Áurea, os escravos abolidos não tinham posse de terras e opção de trabalho no campo. Desse modo, eles se deslocaram para regiões de difícil acesso e sem nenhuma infra-estrutura urbana, resultando no surgimento das favelas no país. Seguindo esta linha de raciocínio, percebe-se que o preconceito racial no Brasil está embasado no aspecto social, não ficando restrito apenas pela cor da pele.

Mesmo que a segregação racial perdure, é possível identificar uma gradual mudança no quadro de valores da sociedade. A primeira semana de novembro deste ano é a prova concreta para este argumento.

Ainda que Lewis Hamilton tenha conquistado o campeonato de Formula 1 por uma questão de segundos, quem, até pouco tempo atrás, poderia pensar em um negro competindo nessa categoria e se sagrando campeão? E o que dizer da vitória de Barack Obama?

A única vez em que se cogitou a possibilidade de um negro ocupar a presidência dos Estados Unidos foi nos idos de 1926, com o livro O Choque, posteriormente modificado para Presidente Negro, de Monteiro Lobato. Depois disso... só mesmo a vitória de Barack Obama.

As conquistas de Lewis Hamilton e Barack Obama além de representam um significado simbólico, nos permite uma concepção distinta sobre o mundo em que estamos habituados a viver.