quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Crônica - Assim Caminha a Banalidade



                                                                                     
                                                                                      Eric do Vale 


Nunca foi segredo pra ninguém o desejo de Fernando Collor em voltar à presidência da República. Ele deixou isso bem explicito numa recente entrevista concedida à revista Época. Compartilhei essa matéria no meu Facebock e uma amiga comentou: “Se duvidar ele ganha... o povo é burro e tem a memória fraca!”. Baseando-me na tese: “Quem apanha não esquece”, argumentei que, a partir do momento em que ele lançasse a sua candidatura, a população haveria de lembrar-se das economias confiscadas durante a  gestão dele.  Sem se dar por vencida, ela rebateu: “Meu amigo, eu não duvido desse povo que é enganado por todo mundo. Ele volta se quiser, ele volta!”; “Isso seria o cúmulo da idiotice.”; “E tu achas que a maioria dos brasileiros são o quê?”; “Parto do princípio de que as pessoas mudam. Se ele chegar a se candidatar, não passa no primeiro turno.”; “Deus te ouça!”.

Surpreendido, dias depois, com a notícia de que Renan Calheiros havia sido novamente eleito para a presidência do Senado, procurei a minha amiga a fim de debater aquele acontecimento e ela falou: “Tá vendo? O bonitinho também pode voltar.” O seu comentário me fez perceber, naquele instante, que todo o meu pensamento sobre a população brasileira havia caído por terra. 

Impressionou-me que a vitória de Renan Calheiros ocorreu na mesma semana em que os nossos compatriotas se encontravam sensibilizados com a tragédia de Santa Maria. Aproveitando o dialogo com a minha amiga, perguntei qual relação poderia ser estabelecida entre esses dois acontecimentos e ela respondeu que nenhuma. Fiz essa pergunta para outras pessoas e as respostas foram as mais variadas: “Tá tudo perdido!”; “São duas tragédias numa semana só” e houve quem associasse esses fatos com a omissão e a falta de ética no nosso país.

Uma dessas respostas me chamou a atenção por representar a incógnita daquela pergunta: “Nesse país já é fácil jogar tudo embaixo do tapete e começar tudo de novo, mais fácil ainda quando a população tem memória fraca.”. Quando todo esse burburinho acabar, quem vai se lembrar desses dois acontecimentos?

Mesmo que tudo isso tenha despertado um sentimento de indignação misto com senso de justiça, futuramente esses fatos tendem a ser encarados como “mais um caso” que, por uma razão ou outra, terminaram caindo na banalidade.

Não estou bem certo se todos se lembram de um grupo musical chamado Sr Banana que teve uma curta duração na década de 90. Eu presumo que não, mas o refrão do seu único hit, Dignidade, remete muito bem a todo esse contexto: “Eh! Dignidade foi-se embora pra onde? Ninguém sabe onde se esconde.”.


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