domingo, 28 de julho de 2013

Conto - Antes Que Me Esqueçam...

Eric do Vale

“Me deixem, bicho acuado
Por um inimigo imaginário
Correndo atrás dos carros
Como um cachorro otário.”
 (Lobão & Cazuza: Mal Nenhum)

Cessado todo este burburinho, divulgo, nas redes sociais, esta nota a fim de manifestar o meu descontentamento aos veículos de comunicação que dão margem a este tipo de gente que, às custas alheias, se acham no direito de conquistarem os seus “quinze minutos” de fama, depreciando a imagem do próximo. A posição que, atualmente, ocupo me permite zelar pela minha reputação, não me dando ao gosto de situar-me num espaço midiático para fazer um papelão em rede nacional, principalmente na companhia de alguém que tinha o propósito de me constranger. Tudo ocorreu num programa de auditório em que o apresentador mencionou, a todo o instante, o meu nome, ao mesmo tempo em que o cameraman focalizou a cadeira vazia, onde eu deveria estar sentado, dando a entender que eu me acovardara. Por essa razão, optei em recuar, quando me colocaram na berlinda.

Alguém que deixa de fazer parte do nosso convívio e reaparece nessas circunstâncias só pode ser um fantasma.  Engraçado, quando eu figurava no anonimato e não dispunha de muitos recursos financeiros, essa pessoa, ou esse “fantasma”, jamais me procurou para tirar satisfação do “mal” que, no passado, lhe causei, como agiu, recentemente, acionando os órgãos de imprensa, provocando todo esse alarde. Não há duvida de que qualquer indivíduo que se encontrasse na minha situação concluiria que, ao atingir a maturidade, torna-se impossível assumir certas atitudes da adolescência. E, se não me falha a memória, esse “mal”, há muito tempo, que havia sido reparado, quando, nessa época, sofri as devidas represálias. Esse “fantasma” também me causou muito constrangimento, falando para todo mundo que me conhecia sobre esse “ocorrido”. As pessoas desviavam da calçada só para não passarem por mim. Resultado: tive que recomeçar a vida em outro lugar e, somente hoje, percebo que esse incidente foi o ponto de partida para a minha trajetória.

Apesar de haver chegado aonde cheguei, jamais passou pela cabeça  regressar ao meu lugar de origem. Seria mais fácil viajar pelo Triângulo das Bermudas, do que ir para lá. Quando decidi por retornar, os moradores me receberam feito um candidato em véspera de eleição. Havia muita gente conhecida daqueles tempos, residindo lá e que fizeram questão de me cumprimentar, apresentando-me aos seus familiares.   Naquele momento, convenci-me de que tudo havia sanado até esse “fantasma” aparecer para me assombrar. Como tenho plena consciência de que não lhe devo coisa alguma, poderia encarar isso como uma página virada, mas, em se tratando de um lixo afetivo, prefiro enxergar como uma descarga que, há muito tempo, eu já puxei a cordinha.




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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Crônica - Casos E Acasos



                                                                                                Eric do Vale


Mal coloquei os pés dentro de casa, a minha mãe me perguntou:
-Sabe quem morreu?
- Quem?
- O Dias Gomes.
- Ele já contava setenta e poucos anos...
Só então,quando liguei a televisão,tomei conhecimento da razão de sua morte, acidente de carro.

Ele havia estado, meses antes, na Bienal do Livro aqui de Fortaleza. Como o trânsito estava caótico, cheguei alguns minutos, após encerrar a sessão de autógrafos e concluí: “Daqui uns meses irei a São Paulo. Certamente ele estará na feira do livro de lá...”.

Enquanto ia me lembrando desse fato, a televisão não cessava de falar da sua trajetória. Novelas, minisséries, peças de teatro, livros! Eu me questionava: “Como ele conseguiu criar esses personagens?”. Tal pergunta havia feito anos antes, quando comecei a ler as histórias do Monteiro Lobato.

Na terceira série, a professora perguntou aos alunos o que cada um queria ser quando fosse adulto. Quando chegou a minha vez, eu respondi:
-Escritor.
- Mas escritor não ganha dinheiro.
Essa não foi a primeira desmotivação com que deparei. Por mais que eu me esforçasse, a minha caligrafia estava longe de ser legível, o que me levou a crer, equivocadamente, que não tinha nenhuma chance no ramo da escrita.

Embora o meu complexo de inferioridade perdurasse, a morte de Dias Gomes, de certa forma, impulsionou-me para que eu voltasse a sonhar com a carreira literária. Nessa mesma época, houve um concurso de teatro no colégio e alguns colegas de sala manifestaram o desejo de participarem, mas precisavam ter uma peça escrita que fosse inédita.

Levando em conta que a minha letra não era das melhores e que o computador, naquele momento, para mim representava um “bicho de sete cabeças”, assumi a função de dramaturgo sem ter noção de como escrever uma peça de teatro.

Sentei-me defronte ao computador e redigi a peça em um dia. Apesar de todo o nosso empenho, não nos classificamos. Por outro lado, isso me fez pensar em escrever outra peça para o próximo concurso.

Daí em diante, comecei a rascunhar alguns textos no meu caderno escolar sem me importar com a caligrafia e, simultaneamente, utilizei o computador com mais frequência. Consequentemente, inscrevi-me em diversos concursos literários e passei a colaborar com o jornal da cidade.

Aqui estou contando essa história. Somente agora percebo que o problema da minha letra é “fichinha”, comparado a gagueira de Demóstenes e a surdez de Beethoven, percalços que não os impossibilitaram de atingirem com muito êxito seus objetivos.





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terça-feira, 2 de julho de 2013

Crônica - Em Busca da Escrita Perfeita

                                                              
                                                       

                                                                                 Eric do Vale

Tempo desses, reli um texto que publiquei no jornal, há uns quatro anos e percebi que poderia reaproveitá-lo. Rascunhei-o num bloquinho de anotações, passei para o computador e assim o fiz alternadamente, por vários dias, até finalizá-lo.  

Apesar de pronto, só resolvi postá-lo no meu blog quando o revisei, num período de dois ou três dias. Esse comportamento decorreu de um hábito que, ultimamente, venho adquirindo: olhar os meus antigos textos. Fico abismado, quando os releio, e me pergunto: “Como pude escrever isso?”, e então constato: “Hoje eu não faria desse modo ou nem teria escrito isso.”. Esse ponto de vista veio a calhar com a criação do meu blog, que compartilho nas redes sociais, e terá mais força no futuro através dos meus escritos atuais. 

Seja um leigo ou alguém do calibre de um Fernando Pessoa, hão de convir que o ato de escrever equivale à função de um escultor ou de qualquer outro trabalhador artesanal em que “uma caneta na mão e várias ideias na cabeça”, quando colocadas no papel, requerem os seguintes passos: uma palavra, uma frase, um parágrafo ou uma estrofe e, conforme for o andamento, poderá acarretar uma página ou um capítulo. E sem esquecer os alicerces: pontuação, concordância, ortografia e acentuação. Isso leva a crer que o ofício de um escritor também remete ao de um cozinheiro, no quesito de escolher os “temperos” adequados e saber se o que se prepara está, ou não, “no ponto”.

Até nas produções textuais, o “Google nosso de cada dia” tornou-se uma ferramenta indispensável, principalmente na disponibilização de dicionários. Quando me encontro em processo de criação, corriqueiramente consulto o “pai dos burros” na intenção de saber o significado, o sinônimo e a forma correta de redigir tal palavra. Embelezar um texto com termos pouco conhecidos do nosso vocabulário não significa que o autor tenha que se portar igual ao professor Astromar, da novela Roque Santeiro, fazendo uso excessivo do linguajar arcaico, pois a coerência textual consiste no equilíbrio entre a linguagem formal e a coloquial.

Fala-se muito em aptidão, mas a maturidade e, sobretudo, a praticidade também são os elementos chaves no aprimoramento de jogar com as palavras. E mesmo sendo um exercício árduo e fatigante, não há nada mais satisfatório quando alguém diz: “Li o que você escreveu” e lhe tece comentários elogiosos. É uma sensação semelhante à de um compositor ouvindo as pessoas cantarolando a sua canção.


É de praxe, quando concluo um texto, dizer a frase: “Eu não escrevo mais!”. Digo-a desde os meus tempos de estudante secundarista, quando enveredei pelo caminho da escrita. A última vez que eu a mencionei, tive a ideia de escrever sobre esse assunto. 


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