sábado, 17 de agosto de 2013

Crônica - Nós Somos Eles


Eric do Vale 



Um texto escrito por João Ubaldo Ribeiro e publicado pela Veja, na primeira semana de agosto, inquietou-me, porque falava sobre a conduta adotada pela população, nesse caso nós, ao criticar as mazelas de nosso país. O título era muito sugestivo: “Nós, os desordeiros”.

Uma semana após ler essa publicação, deparei-me com a postagem, no Facebock, de alguém, que repudiou o comportamento dos manifestantes aos quais invadiram o hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, afirmando que o povo gosta de bagunça. Todos foram unânimes em apoiar o ponto de vista dessa pessoa com comentários, soando como um quê de fascismo. Feito esse: “Oba oba!!! Nojo!!! Falo mesmo sabendo que já já aparece um ‘defensor! ’”.

Sem pretender fazer o papel de “defensor”, não perdi a chance de contrapor, tendo como base a crônica redigida pelo escritor baiano. Falei que é muito fácil usar a terceira pessoa para nos isentarmos de nossas responsabilidades, visto que nós somos o povo. Tal justificativa possibilitou que alguém se pronunciasse dizendo que não era o povo e salientou: “Eu lá vou invadir hospital! Agora, esse povo, na terceira pessoa, gosta mesmo de bagunça.”.

Alguém que faz uso desse tipo de argumento é, geralmente, aquele que, diante da televisão, manifesta descontentamento com as bandalheiras sociais e políticas que corroem o nosso país, exigindo uma atitude mais enérgica de seus compatriotas junto aos governantes e quando isso acontece, imediatamente repudia a conduta dos manifestantes, ao ponto de denominá-los de vagabundos, desordeiros e vândalos. Tal qual aconteceu no Hospital Sírio- Libanês.

Não há dúvida de que a atitude dos manifestantes do Hospital Sírio-Libanês é reprovável, assim como a daqueles  que recorrem a métodos primitivos que venham a desqualificar todo e qualquer tipo de manifestação, algo que, nos últimos tempos, vem se tornando corriqueiro, aqui no Brasil.


Já que somos o povo, como é possível exigirmos um avanço de nossos semelhantes, se na primeira oportunidade em que somos informados de alguma situação caótica, habitualmente nós mesmos nos depreciamos?






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sábado, 10 de agosto de 2013

Poesia - Musa Inspiradora

                    


    Eric do Vale

Se teu nome consiste no verbo renascer
o espelho que reflete a sua beleza
remete na tamanha grandeza
o significado da palavra viver.

Escassos são todos os adjetivos
ara galantear alguém que sinonímia a beleza
fazendo jus que “A Vida É Bela”.

Por isso, de forma simplificada,
vejo a vida e a beleza
em ti associadas.


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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Crônica - Reflexo De Uma Identidade

Eric do Vale


Demonstraram grande surpresa algumas pessoas, ao me verem com um exemplar de O Cortiço e admitiram já o terem lido, quando estavam no colégio, no entanto o meu espanto foi maior, pois, de uma forma unânime, todos alegaram que, nessa mesma época, desenvolveram uma espécie de aversão à leitura, principalmente à literatura nacional. Não é para tanto, ler autores contemporâneos de Machado de Assis e de José de Alencar, em fase escolar, torna-se bastante fastioso, uma vez que isso é feito de uma maneira imposta.

No momento, estou lendo Os Escravos, de Castro Alves e, só a titulo de curiosidade, afirmo que ele se tornou a minha primeira referência sobre poesia, quando eu ainda não passava de um estudante primário. Isso até me fez recordar uma situação que adveio na quarta-série. 

Em vista do Dia Nacional da Poesia, 14 de março, a professora pediu uma pesquisa sobre algum poeta brasileiro, constando uma breve biografia e alguns versos que, posteriormente, deveríamos declamá-los em público. Ciente de que aquela data estava associada ao de nascimento de Castro Alves, resolvi estudá-lo no meu trabalho escolar. Iniciado o intervalo, rumei para a biblioteca na companhia de um amigo que terminou pegando um exemplar de Manoel Bandeira. Quanto a mim, estava convicto em ler o “Poeta dos Escravos” e essa sensação emergiu, quando saí da biblioteca com um livro dele em mãos.

Logo que ouviu o meu relato, alguém que conheço, dos meus tempos de ginásio, disparou:
-Ler Castro Alves na quarta-série!Você foi muito precoce!
-Que nada, eu fui muito pretensioso.
Foi um passo dado, maior do que as pernas, por um fedelho, até então, acostumado a ler histórias em quadrinhos e que, baseado nos livros de Monteiro Lobato, mal havia descoberto o gosto pela leitura. 

Fiquei à deriva, quando as minhas retinas percorreram os versos do poeta baiano até me convencer de que seria mais sensato explorar outro autor que, de preferência, fosse mais fácil de compreender. Assim o fiz e escolhi  Carlos Drumond de Andrade que veio a ser a minha segunda referência no campo da poesia brasileira.

Hoje, eu avalio esse episódio como uma tentativa de auto-afirmação, algo que muitos de nós, quando atravessamos essa fase, procuramos fazer com a exclusiva finalidade de provar para terceiros o nosso lado adulto. 

Somente no Ensino Médio, optei por aventurar-me nas estrofes do “poeta dos escravos”, quando a leitura já se havia tornado, para mim, um rotineiro hábito, na proporção em que comecei a esboçar os meus primeiros textos. Por falar nisso, certa vez, na aula de literatura, o professor comentou o sucesso que Castro Alves fazia com as mulheres, pois essas deliravam, quando ele declamava versos. Ao meu lado, sentava-se uma jovem por quem eu nutria uma paixão platônica e ela, nesse momento, comentou com a sua colega:
- Como eu gostaria de ter vivido essa época! Queria ter conhecido o Castro Alves. Seria tão bom, se hoje existisse um homem assim.
Busquei, diante dessa afirmação, atender às suas perspectivas. 

Aquela pessoa que eu conhecera nos tempos de ginásio apelidou-me de discípulo do Castro Alves, quando lhe confidenciei esse episódio. Nessas condições, é possível admitir que ele tenha servido de alusão para um adolescente com os hormônios em ebulição, saciado pela vontade se destacar, especialmente com as garotas, por meio das palavras.






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