sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Poesia- De Braços Cruzados

Eric do Vale

Noticias correm
Inflação galopa
impostos aumentam
e os preços sobem.

Verbas desviadas
cidades alagadas
população desabrigada.

Vemos, ouvimos, lemos e acompanhamos
até nos conformarmos,
quando, outrora, nos indignávamos.



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Conto- O Duplo

Eric do Vale


Virgílio abriu a gaveta do criado mudo, pegou o revólver, carregou-o e, vagarosamente e desceu as escadas. Pelo jeito, ele era a única pessoa daquela casa que acordou com o barulho. Sentindo o vulto se aproximando, acendeu a luz e deu de cara com a sua imagem e semelhança.
Os dois se entreolharam, sacaram as armas e dispararam um contra o outro. Tamanho foi o susto, que Natália despertou:
- O que foi, querido? Perguntou ela.
-Nada. _Recuperando o fôlego. -Não foi nada, só um pesadelo.
Natália encostou a cabeça no travesseiro e tornou a dormir, Virgílio fez o mesmo, mas não conseguiu. 
Aquele pesadelo era coisa pequena, perto do que vinha vivendo. Há tempos, o casamento e os negócios estavam em crise. Ele não dormiu, tomou banho desceu para o café e foi para o trabalho.
Natália acordou tarde e, quando foi tomar café, recebeu um telefonema da secretária de Virgílio:
- Desculpe incomodá-la, dona Natália. Aconteceu alguma coisa com o doutor Virgílio?
-Não que eu saiba, por quê?
-Até agora ele não apareceu aqui e nem deu notícias...
- Pode deixar. Vou ligar pra ele, agora.
Natália discou para o celular dele, porém estava fora de área.  Ligou para a firma querendo saber se ele havia chegado, mas nada.
De hora em hora, tornava a ligar para o celular, que continuava inativo. Anoiteceu e ele não chegou em casa.
Quando o telefone tocou, Natália atendeu na esperança de que fosse ele:
-Alô!
- Natália, é o Rubens, tudo bem?
-Oi Rubens!
- O que aconteceu com o Virgílio? Ele nunca faltou o trabalho e sempre foi pontual. Todo mundo aqui da firma estranhou.
-Eu também não sei. Confesso que estou preocupada, o celular dele está fora de área e ele ainda não chegou.
- Qualquer coisa, me avise.
Perto da meia- noite, ela resolveu acionar a polícia, que, por sua vez, interrogou todos aqueles que faziam parte do convívio diário dele, mas não conseguiram nenhuma pista.  
Dias depois, o carro dele foi encontrado no estacionamento do aeroporto. Não havia indícios de arrombamento, os pertences (pasta, paletó, celular, notebook e a carteira com dinheiro, cartões de crédito e documentos) estavam intactos. Nenhum funcionário do aeroporto sabia explicar o aparecimento do veículo naquele local, porque o sistema de câmeras estava em manutenção, há três dias. Também não havia nenhum registro de embarque de Virgílio Montevidéu nos guichês das companhias de voo.
Delegacias, hospitais e o IML foram os pontos mais visitados pelos familiares, nas últimas duas semanas. Era difícil saber as circunstâncias do sumiço dele. Dentro de alguns dias, tiveram, finalmente, notícias do paradeiro de Virgílio Montevidéu.
Um telefonema informou que ele estava perambulando pelas ruas de uma cidadezinha do interior, há vários dias. Ninguém fazia ideia de como, e quando, ele havia chegado lá, mas sabiam que padecia de amnésia, porque desconhecia o próprio nome
. Ao verem pela televisão uma reportagem falando do desaparecimento de Virgílio, os habitantes constataram que aquele andarilho apresentava traços físicos similares ao dele, apesar de aparência maltrapilha.
Acompanhada de dois policiais, Natália dirigiu-se à Santa Casa, onde o suposto marido havia sido encaminhado. Lá chegando, não teve dúvidas de que aquele homem, agora de banho tomado e barba feita, era Virgílio Montevidéu. Imediatamente, ordenou que ele fosse transferido para a sua residência.
Os exames feitos por uma junta médica concluíram que a amnésia sofrida por ele era fruto de algum distúrbio psicológico, visto que não foi encontrada nenhuma lesão no cérebro.
A recuperação ocorreu de forma gradual e a sua vida deu uma guinada: tomava café com a família, comparecia ao trabalho todo sorridente e a alegria era total, quando voltava para a casa. Mas, de uns tempos pra cá, ele percebeu que um homem de uma expressão mal encarada vinha rondando o seu escritório.
A priori, não deu tanta importância. Só mudou de opinião, quando o viu nas proximidades de sua residência e ele pensou nisso antes de pegar no sono.

...

Ezequiel entrou na sala do delegado e disparou:
-Não há mais dúvida de que o senhor Virgílio Montevidéu está envolvido na quadrilha responsável por roubos de carros. E não é só isso, ele ainda tem ligação com tráfico de tóxicos e armas.
-E o que você está esperando, homem? Já providenciou o mandado?
-Vou fazer isso agora. Antes que eu esqueça, o senhor já reparou que ele é muito parecido com o Jairo?
-Já. Ele é escarrado e cuspido ao Jairo.
-Seria muita coincidência, se os dois fossem irmãos gêmeos.
-E como seria! O mais inusitado é que o safado do Jairo sumiu e até agora não temos nenhuma pista dele, ao contrário do Virgílio.
-Verdade, mas, ainda hoje, não engoli aquela história do desaparecimento do Virgílio.
-Muito menos eu. Providencie já esse mandado, porque o senhor Virgílio Montevidéu tem muito que explicar.
...

Visto que precisava acordar cedo, Virgílio saiu cedo sem tomar café e entrou no táxi. Três homens desceram de um carro, aproximaram-se do portão da casa, apertaram a campainha do interfone dizendo que tinham uma encomenda para entregar.
A empregada, ao abrir o portão, foi rendida pelos três e um deles falou:
-Isso aqui não é um assalto, a gente só quer conversar.
Eles dirigiram-se até a sala de estar e Natália, vendo aquilo, perguntou:
-O que é isso?
- Onde ele está? _ Perguntou um dos bandidos.
-Ele quem?
-O Jairo.
-Jairo?
Nessa hora, tocou a campainha e todos ficaram inertes.
-É a polícia! _ Informou um dos bandidos que encontrava-se perto da janela. – O que é que nós vamos fazer?
Um dos asseclas levou Natália consigo até o portão e ao abri-lo, segurando o pescoço dela, falou para os policiais:
-Ainda há dois lá dentro.
Os policiais tentaram negociar, mas ele não acetou e foi baleado na testa.
Em seguida, entraram na residência acarretando em uma troca de tiros. Os dois algozes também foram mortos.
Passado todo o susto, Natalia agradeceu aos policiais:
- Coincidência vocês terem aparecido por aqui! Eles vieram aqui querendo saber de um tal de Jairo.
Os dois policiais se entreolharam, mas o delegado, disfarçando, perguntou:
- A propósito, onde está o seu marido?
- Viajou, logo cedo. Viagem de negócios.
Nessa hora tocou o telefone e Natália o atendeu:
- Dona Natália, desculpe o incomodo. Aconteceu alguma coisa com o doutor Virgílio? _ Perguntou a secretária do escritório dele.
-Por quê?
- O pessoal com quem ele ia se encontrar ligou para cá querendo saber o motivo da ausência dele.
- Mas, ele embarcou hoje cedo!
- Foi o que eu informei a eles. Liguei para o celular do doutor Virgílio, mas está fora de área.
Natália desligou o telefone e tentou ligar para o celular dele, mas continuava fora de área e assim permaneceu até anoitecer.


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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Páginas Policiais- Capítulo 7

João Grande e Zeca ficaram pasmos, quando viram Kelly chegando na companhia de dois policiais em direção a sala do delegado:
- O que significa isso?- Perguntou Zeca para João Grande.
-Eu é que sei?Pelo jeito, a coisa parece ser quente.
Era quase de noite, quando Beretta e Solange saíram do motel e ele foi deixá-la no estacionamento do shopping. No meio do trajeto, ela pediu-lhe para que a levasse ao encontro de Glórinha, mas Beretta lembrou-lhe do ocorrido:
-Se eu fizer isso, ela me entrega pros homens.
-Ela não vai fazer isso, eu te garanto. Se for dinheiro que você quer, eu tenho. -Abrindo a bolsa e tirando um talão de cheque.-Quanto você quer?
-Dona, não é bem assim.
-Vamos lá, me diga o preço. Não tem problema.
Após muita insistência, ele aceitou dizendo que o valor ficava por conta dela. Solange estava disposta a ficar cara a cara com a moça que, ultimamente, vinha  saindo com o seu marido.
A policia telefonou para Kelly convidando-a para ir à delegacia e prestar depoimento sobre a morte de Solange, todavia ela fez ouvido de mercador. Várias vezes que tocava o seu celular, ela não atendia. A ultima vez que isso aconteceu, foi quando Zeca foi até a sua casa e perguntou se ela sabia do caso entre a sua amiga e o juiz.
Beretta estacionou a alguns metros da casa de Glórinha, ele mostrou para Solange o prédio e disse o andar em que ela morava. Nessa mesma hora, um carro estacionou em frente ao prédio dela. Solange reconheceu que aquele veículo era o do seu marido e conteve-se para não se deixar levar pela emoção.  
Assim que Kelly entrou, o delegado perguntou-lhe:
-Você é muito ocupada?
-Por quê?
-Você não atendeu as minhas ligações. Pensei até em coisa pior, mas graças à boa tecnologia, conseguimos localizar o numero do seu telefone. Espero que o pessoal tenham lhe tratado bem.
-Doutor Adaílton, reconhece essa moça?- Perguntou o delegado.
-É a Lurdinha, ela arrumava o meu apartamento e depois passou a fazer a faxina na minha casa de praia.
Mal Glórinha dirigiu-se a portaria, um carro estacionou na frente e ascenderam os faróis no seu rosto. Uma voz de mulher queria uma informação dela, quando Glórinha aproximou-se, sentiu uma mão segurando o seu braço ouviu a voz Beretta:
-Precisamos falar com você e nem ouse fazer nada, porque eu estou armado.
Naquelas condições, coube-lhe obedecê-lo e os três se dirigiram ao apartamento dela.
Visto que Lurdinha não atendia as suas ligações, o delegado pediu aos seus subordinados, após rastrear o numero e o endereço dela, que fossem a residência dela para trazê-la a delegacia. Caso, ela demonstrasse resistência, poderiam prendê-la.
Assim que Kelly chegou ao apartamento de Lurdinha, deparou-se com Beretta e a sua patroa na recepção. Ela até ficou confusa: “Será que a dona Solange está corneando o doutor Adaílton? Mas logo com esse aí! Deixa pra lá, cada um sabe de si.”. Tomou o elevador e encontrou a porta de Glórinha entre aberta. Avistou, ao entrar, o corpo de Glórinha estendido no chão e todo ensangüentado. Desesperada, ela perguntou:
-Quem fez isso com você?
Aos prantos, deixou o apartamento, desceu as escadas e foi embora sem acreditar no que tinha acabado de ver.
Na delegacia, Lurdinha contou ao delegado que além de trabalhar como doméstica, também fazia programas. Ela também contou que quando soube que a sua colega estava saindo com o seu patrão, ficou com medo de que esse soubesse de sua vida paralela e a demitisse por isso e disse que jamais comentou isso com Glórinha:
-Antes eu tivesse feito isso. -Falou Lurdinha.
-Por que diz isso?-Perguntou o delegado.
-Porque esse homem foi o causador  da nossa felicidade.
-Poderia ser mais clara?
-Glorinha e eu éramos mais do que amigas, éramos praticamente namoradas, mas a desgraça dela foi ter conhecido esse homem. Se não fosse por isso, ela não teria o fim que teve.
-Eu não a matei!-Respondeu Adaílton.
-Mas o senhor foi o pivô disso tudo.
Logo que Zeca saiu de seu apartamento, Kelly pegou a sua mala, que acabara de arrumar e estava saindo, quando deparou com um homem, que impediu a sua passagem e lhe perguntou:
-Vai para algum lugar.
Antes que ela dissesse qualquer coisa, ele apresentou-lhe um distintivo e disse:
-Queira nos acompanhar, por favor.
Kelly pensou em fugir, mas percebeu que aquilo seria burrice e resolveu acompanhá-los.
Tonhão estava de saída, quando viu Lurdinha chegando:
-Que bom que você chegou, dona Solange está aí. Ela chegou agorinha.-Falou Tonhão.
Tonhão deu-lhe a chave de casa, Lurdinha entrou viu Solange. Após cumprimentá-la, Solange disse que iria tomar um banho, mas que ficasse a vontade para fazer a faxina.
Lurdinha falou que a sua namorada nunca tivera sorte com os homens, pois teve Beretta que era um bandidaço e tripudiou muito dela, depois se envolveu com o doutor Adaílton que apesar de ter sido quase um pai para a Glórinha, tornou-se o responsável pela morte dela. Adaílton, mais uma vez, se indignou com aquela afirmação e insistiu na tese de que não tinha matado ninguém e realçou:
-Eu fui muito apaixonado por ela si, eu admito. Pensei em tirá-la daquela vida que ela estava levando, porque uma moça como ela não merecia aquilo, muito menos morrer do jeito que morreu.Mesmo que ela tenha me dispensado, jamais quis o mal dela.Ainda sim, pensei em procurá-la para dizer-lhe: “Sai dessa vida, menina.Isso não é para você.”. Eu sempre dizia isso para ela e quando me procurou apavorada, porque esse ex-namorado dela estava importunando-a, eu reforcei que ela deveria tomar um rumo na vida. Colhi informações sobre esse sujeito e pedi para dois seguranças meus darem uma prensa nele, só para assustá-lo.Só não podia imaginar que esse vagabundo tivesse um caso com a minha mulher.
-E ela nunca teve nada com ele. -Falou Lurdinha.
-Nunca?
-Como você sabe disso?
Lurdinha ficou sem jeito, desconversou e o delegado reforçou na pergunta:
-Como você sabe disso?
-Não sei...
O delegado abriu a gaveta, tirou um revólver enrolado em um plástico e perguntou-lhe:
-Reconhece?  
Depois de ter conversado com Zeca na padaria, Kelly foi para a casa, quando sentiu alguém agarrá-la por trás e tapar a sua boca e a arrastou para um beco deserto. Era Beretta.Com a mão na cintura, exibindo a coronha do revólver, perguntou-lhe:
-O que é que você foi fazer no apartamento da Glórinha?
-Não é da sua conta.  
Ele deu um tapa na sua cara e ela caiu no chão. Beretta disse:
-Eu vi quando você chegou lá. Você falou alguma coisa para a polícia.
Ela não respondeu e ele tirou o revólver da cintura e resolveu brincar de roleta russa com Kelly. Apontando o cano para a sua cabeça, Beretta rodou o tambor da arma e quando puxou o gatilho, estava sem bala.Ele a aconselhou para não abusar da sorte, agarrou o braço dela e deu-lhe um chupão e ela cuspiu na sua face.Beretta deu-lhe outro  tabefe e a advertiu:
-Eu vou me escafeder, mas eu volto. E se tu abrir o bico, eu volto mesmo.
Kelly foi embora sentindo o peso da mão dele e pela primeira vez, sentiu a sua boca toda enojada, após aquele beijo. 
Ao se certificar de que Solange estava no banho, Lurdinha tirou os sapatos e foi até o quarto dela, abriu a gaveta do criado mudo e viu o revólver que doutor Adaílton guardava. Havia também uma caixinha, onde ele guardava as balas. Lurdinha carregou a arma e caminhou até porta do banheiro. Ela percebeu que a patroa ainda estava no banho, por causa do barulho do chuveiro. Lurdinha colocou a mão sobre a maçaneta, girou e percebeu que a porta estava destrancada. Vagarosamente, abriu a porta e ficou cara a cara com a patroa, que nem percebeu a sua presença. As seis balas que continham naquela arma foram descarregas no corpo bem cuidado de Solange Jardim, que não teve tempo de gritar. Solange morreu instantaneamente.
Lurdinha saiu do banheiro, pegou a caixa das balas, fechou a gaveta do criado mudo. Calçou os sapatos, desceu as escadas e arrumou suas coisas.Ao sair pela porta dos fundos, percebeu um barulho de carro.Ela apressou  passo e foi embora.Enquanto isso, Adaílton chegava disposto a flagrar o adultério da esposa.
 O delgado reforça na pergunta:
-Reconhece?
            Lurdinha foi embora, pegou um ônibus e refugiou-se, por uns tempos, na casa de parentes, retornando a sua rotina, uma semana depois. Principalmente, a sua vida paralela. Na bate, ficou sabendo pelas suas colegas de Beretta estava na área. Uma noite, ela o encontrou na porta da bate, conversando com uma das meninas.Kelly o cumprimentou e disse:
-Quanto tempo, hein?Tá a fim de tomar alguma coisa?
Beretta ficou na duvida de que aquilo fosse com ele e ela insistiu:
-E então?Vai recusar o meu convite.
Ele aceitou e quando foram entrar na boate, Kelly avisou aos seguranças para não se preocuparem, porque ele estava com ela, mas eles a advertiram:
-A gente tá de olho nesse cara. Qualquer coisa...
-Podem ficar frios.  
Beretta e Kelly se sentaram e ela quis saber por onde ele havia, nesse tempo, andando, apesar disso não ser da conta dela:
-Por aí. Me enfiei em cada buraco, que nem queira saber.-Falou Beretta.
-Você deve estar sabendo sobre a morte da mulher daquele juiz.
-Estou sabendo sim. Veja como são as coisas, ele é que a traia e, agora, é suspeito de ter matado-a por que ela o chifrava.
-Me desculpa a curiosidade, mas se lembra daquela vezem que fui ao apartamento da Glórinha e vi vocês juntos?
-O que é que você está insinuando? Que eu tinha alguma coisa com aquela dona? Quem me dera!
-Vocês nunca tiveram nada?
-De jeito nenhum.
Apavorada, Glórinha conduziu Beretta e Solange ao seu apartamento. Quando entraram, ela foi direto ao assunto
-O que é que vocês querem comigo?
-Se julga muito esperta, não é Glórinha?-Perguntou Beretta. -Pensou que arando aquela arapuca pra mim eu fosse botar o rabo entre as pernas,não foi?Só que eu não sou burro, como você pensa. Eu também tenho as minhas armas. Sabe quem é essa mulher que está aqui comigo?É a esposa do cara que você anda saindo, aquele juiz.
Um misto de alívio e curiosidade tomou conta de Kelly, quando Beretta disse-lhe que não tinha nenhum envolvimento amoroso com a mulher do juiz. Ela teve vontade de saber tudo de uma vez, mas conteve-se. Dissimulou, mudando de assunto e os dois conversaram por um longo período , até que ele resolveu ir embora. Ao se despedirem, Kelly falou:
-Apareça mais vezes. Você tem o meu telefone?
-Acho que sim.
-Deixa eu te dar, de novo.
Anotou o numero dela, que falou:
-Me procura.
-Pode deixar.
-Onde é que você está?
-No mesmo local de sempre.
Ela sabia que ele se referia ao barraco, onde algumas vezes tinha ido com Glórinha para visitá-lo. Kelly ainda pediu o seu telefone e ele deu:
-Se você não me ligar, eu te ligo. -Falou Kelly. 
O silêncio de Lurdinha deixou o delegado nervoso, que insistiu na pergunta:
-Reconhece?
-Reconheço. Reconheço sim.
Glórinha colocou as cartas na mesa:
-Se vocês vieram aqui só para me pedirem para que eu não me encontrasse mais com o Adaílton, deram viagem perdida. Terminei com ele hoje, agora mesmo.
-Você pensa que a gente é idiota?-Perguntou Beretta.
-Tenho certeza absoluta. Principalmente de você, Beretta. Não sei o que você ainda faz aqui, n meu encalço.Se esqueceu de que os “homens” estão a sua procura ou quer que eu refresque a sua memória?
Glórinha pegou o seu celular, discou para alguém, provavelmente um dos seguranças de Adaílton, e quando disse que sabia do paradeiro de Beretta, recebeu um soco na cara que a fez cair bater com a cabeça no quina de um móvel. 
Kelly passou a ligar para Beretta com frequência e, muitas vezes o convidava para se verem na boate, ele aceitava. Depois de uma conversinha e outra, regada a muitas doses de uísque , vodka ou qualquer outra bebida, saiam da boate com direção a casa dela ou ao seu barraco. Kelly sabia que o seu plano estava dando certo e, agora, era preciso ter muita cautela para não colocar tudo a perder.
   O sangue jorrado no chão colocou Beretta e Solange em desespero. Glórinha estava inconsciente e eles sabiam que se não corressem ela passaria daquela para a melhor. Beretta disse para Solange que se a deixasse com vida, estaria mais encrencado ainda.A solução que encontraram foi antecipar a morte dela. O primeiro objeto que viram em cima da cozinha americana, foi uma tesoura. Beretta estava disposto a fazer aquele serviço,quando Solange tomou a tesoura de sua mão e disse:
-Isso é por minha conta.
E socou-a no tórax de Glória, uma, duas, três... Literalmente, ela descarregou toda a sua ira contida, em virtude da infidelidade do marido. Beretta disse que também gostaria de fazer aquilo e pegou a tesoura da mão dela e perfurou umas quatro vezes o peito de Glórinha.
Logo que admitiu conhecer aquela arma, Lurdinha confessou o crime:
-Matei a dona Solange sim. Matei por vingança, ela e o Beretta mataram a minha namorada.
 Uma noite, depois de terem bebido além da conta, Beretta confessou para a Kelly que matou a Glórinha com a ajuda da socialite. Era tudo o que ela gostaria de ouvir, pois Kelly percebeu que não havia matado Solange à toa. E Beretta continuou:
-Para não levantar suspeita, pagamos ao porteiro para que ele não abrisse o bico. A Solange deu uma boa e, com certeza, ele deve ter dito para a policia que não sabia de nada.
-Você admite que matou a Glórinha?
-Ela já estava quase morrendo mesmo e se sobrevivesse, o que seria da vida dela?Presa a uma cadeira de rodas! A gente fez um puta de um favor para ela. Já pensou a Glórinha vegetando?
Kelly se segurou para não sacar a arma que estava na sua bolsa e enchê-lo de bala. Para se certificar, perguntou-lhe, dias depois, se o que dissera era realmente verdade. A principio ele negou, mas abriu o jogo sem saber de que acabara de assinar a sua sentença de morte. Kelly se deu conta de que havia chegado a hora de acertar as contas com ele e arquitetou um plano.
Lavaram as mãos e Bertta encarregou-se de, com uma toalha, apagar os cômodos que identificassem as digitais dos dois. E foram embora, levando a tesoura que perfuraram Glórinha e a atiraram em um terreno baldio. Solange despediu-se de Beretta, agradeceu-o, dando-lhe uma quantia em dinheiro para ajudar na sua fuga:
-Não precisava dona. -Disse Beretta.-Eu teria feito isso de graça.
-Precisa sim. Saiba que farei de tudo para não prejudicá-lo.
Despediram-se, Solange foi para a casa e viu o seu marido, esse lhe perguntou onde ela tinha ido. Ela deu uma desculpa qualquer e mesmo sem dizer nada,Adaílton achou aquele papo furado demais.Solange tomou um banho e foi dormir.
Kelly já havia ligado para Beretta a fim de saber se ela poderia ir ao barraco dele. Ele aceitou e assim que viu Zeca chegando, percebeu de que ali seria o álibi perfeito para que nenhuma suspeita caísse sobre ela. Após a transa, Zeca adormeceu. Ela se vestiu e ligou para Beretta avisando de que logo mais chegaria.Kelly pegou a chave do carro de Zeca, guiou-o até o barraco e quando chegou, desculpou-se pelo atraso:
-Que nada. Eu entendo.-Respondeu Beretta.
Quando foi agarrá-la, ela perguntou:
-Mais uma vez, eu gostaria de saber se você e aquela mulher mataram a Glórinha?-Abrindo a sua bolsa.
-Sim!-Respondeu indignado. -Matamos sim.Quantas vezes você quer que eu diga que matamos aquela puta?
-Eu só queria ter certeza.
-Certeza de quê?
-De que estou fazendo a coisa certa.
-Coisa certa?
-Isso. -Tirando o revolver da bolsa e apontando para ele.
Foram seis tiros a queima roupa. Kelly jogou a arma sobre o cadáver e foi embora. Já estava amanhecendo, quando ela estacionou o carro na garagem. Subiu e trocou de roupa. Zeca parecia estar hibernando e Kelly deitou-se, mas não dormiu. Levantou-se, assistiu um pouco de televisão e depois, foi à padaria e comprou o pão.
O delegado ouviu toda a confissão de Lurdinha, que falou:
-Matei aqueles dois sim e digo mais, joguei a culpa nesse aí. -Referindo-se a Adaílton-, porque ele desgraçou a minha felicidade.Por culpa dele, a Glórinha foi morta.-E desabou a chorar.

João Grande e Zeca estavam ansiosos para saberem sobre os últimos acontecimentos, quando o delegado apareceu e disse que o crime havia sido solucionado. Logo que se posicionaram para colherem as ultimas informações, João Grande e, sobretudo, Zeca ficaram boquiabertos, quando viram Kelly saindo algemada da sala do delegado.



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Páginas Policiais -Capítulo 6

Um homem calvo, gordo, pele clara e de olhos azuis, trajando um terno preto entrou:
-Pois não? - Disse o delegando.
-Tenho uma informação que certamente vocês vão gostar de saber.
-Do que se trata?
-Desse juiz aí que está sendo acusado de matar a esposa.
Assim que o policial informou-lhe os últimos acontecimentos sobre o caso Solange Jardim, Zeca ficou impressionado com a postura daquele homem. Quando cobria a morte de Glórinha, aquele recepcionista criou vários empecilhos e borrou-se todo, assim que Zeca identificou-se como jornalista. Agora, passado quase um mês, aquele mesmo homem tinha ido espontaneamente à delegacia para dizer que viu o doutor Adaílton Jardim no hotel, onde trabalha, e levando a Glórinha a força para o seu carro.
Isso foi mais uma prova que Zeca teve de como o ser humano pode mudar suas convicções, uma vez que haja inversão de valor.    
Aquela revelação deixou o delegado perplexo, mesmo assim ele o intimidou:
-O senhor tem convicção no que está dizendo?
-Claro que sim, delegado.
-Veja bem, isso que o senhor me contou é muito sério. Espero que esteja falando a verdade, do contrário as coisas podem se complicar para o seu lado.
-Delegado, por essa luz que me ilumina, eu juro que estou dizendo a verdade.
-Não jure, pois jurar é pecado. Sem falar que mentir também é pecado e ainda mais para a policia, pois o senhor deve saber perfeitamente que falso testemunho é crime e dá cadeia.
-Deus me livre. - Fazendo o sinal da cruz.- brincar com uma coisa dessas, delegado!
Zeca procurou Kelly para saber se essa sabia do envolvimento que a sua amiga tivera com aquele juiz. Kelly admitiu saber e Zeca ficou zangado:
-Você sabia e não me disse nada?
-Zeca, como é que eu poderia suspeitar de que ele pudesse ter algum envolvimento na morte da Glória? Quando você me disse que um homem armado a levou força, pensei que fosse o Beretta.
-Você me falou do Beretta, daquele cantor que ela se encontrou nesse mesmo hotel, mas não me disse desse juiz!Com certeza, você sabia que ele era apaixonado por ela. Sabia?
            Adaílton Jardim estava diante do delegado, quando esse pediu para um policial trazer a “testemunha”. Assim que o homem calvo e gordo entrou, o delegado perguntou-lhe:
                        -Reconhece?
                        -É ele, delegado!Esse é o homem que vi saindo do hotel, levando a Glórinha a força.
Sem entender, Adaílton pediu uma explicação e o delegado respondeu-lhe:
            -Você conheceu uma moça cujo nome de guerra era Glórinha?
            Adaílton não respondeu e o delegado foi enérgico:
            - Conheceu ou não?  
A suíte daquele motel era o local onde ninguém desconfiaria do encontro entre Beretta e Solange que lhe falou:
-Agora, mais do que nunca, eu vou precisar de você, Beretta. Não é justo, agora, você me deixar na mão.
Ao saber que, há tempos, aquele juiz vinha arrastando asa para Glórinha, Beretta viu a oportunidade de arrancar uma boa grana dela. Mas, não imaginava que aquilo estava indo muito além de uma relação profissional, sem falar que, nos últimos tempos, ela vinha se impondo a sua pessoa:
-De hoje em diante, você vai explorar a puta que o pariu!-Falou ela.
-Como é que é?
-Isso mesmo. E não adianta me ameaçar. Esqueceu-se de que estou saindo com um juiz? Não me custa nada falar para ele sobre você. Principalmente, dando sua ficha para ele.
Irritado, Beretta deu-lhes uns tabefes. Glórinha o chamou de bosta e ele continuou a surrá-la até que um segurança da boate o agarrou pelo colarinho e levando-o para fora, enchendo-lhe de porrada. Kelly e as outras garotas vendo quilo, exigiram aos seguranças que aquele sujeito não deveria botar mais os pés ali.  Após seguir, várias vezes, Glórinha, ele descobriu que juiz o qual a levava para os lugares mais refinados, era um homem casado. Isso o fez pensar em mudar de estratégia.Por isso, ele resolveu procurar a esposa dele.
Kelly admitiu para Zeca que sabia disso sim, mas resolveu não lhe contar nada, porque a sua amiga já tinha dispensado esse juiz. E como ele não a procurou mais, resolveu descartá-lo da hipótese de ter assassinado a Glórinha. Zeca rebateu:
-Pensou errado.
E foi embora.
Adaílton confessou ter conhecido aquela moça, admitindo que foi cliente dela, mas garantiu que não a matou, nem ela e muito menos a sua esposa. O delegado perguntou:
-Então a informação desse homem procede?
-Procede. Eu fui ao hotel, onde a Glórinha estava para esclarecer algumas coisas.
-E foi armado?
-Como já disse em outros depoimentos, sou muito visado. Mas não foi minha intenção em querer matá-la.
 Beretta vinha observando o apartamento do doutor Adaílton, trocara algumas palavras com o porteiro e ficou sabendo que ele era casado com uma boasuda de nome Solange. Beretta quis saber quem era ela e o porteiro mostrou a foto dela num jornal. Ele esperou o momento oportuno para abordá-la. Nesse mesmo dia, o carro dela parou perto do portão e o porteiro foi entregar-lhe uma correspondência. Quando ela entrou, o porteiro falou para Beretta:
-É essa aí, a mulher do juiz.
-Muito bonita!
 -O doutor Adaílton é um homem sortudo, casar com um mulherão desses...!
Zeca chegou à delegacia e encontrou-se com João Grande, eles trocaram algumas informações e aguardaram os últimos acontecimentos, após o depoimento entre o juiz e a testemunha do hotel.
 Adaílton disse que foi procurar Glórinha, porque gostaria de saber razão pela qual ela o vinha evitando-o, há tempos. Ciente de que ali no hotel, ela novamente iria evitá-lo, agarrou-lhe pelo braço e a levou para o carro, mostrando-lhe a coronha da arma na cintura, disse: “Não me obrigue a fazer nenhuma besteira”. Os dois entraram no carro e começaram a conversar:
-Você é um homem bom, Adaílton, mas não é para mim.
-Eu pretendo tirar-lhe dessa vida.
-Sei muito bem que suas intenções são as melhores, mas nem tudo é conforme nós queremos. Sou grata por tudo o que tem feito por mim, só que eu não sou a mulher para você. Desculpe, nesses últimos tempos, eu não ter atendido as suas ligações. Precisava de um tempo pra lhe dizer isso, por isso que não atendia as suas ligações.
Adaílton ficou chateado, mesmo assim decidiu deixá-la em casa.
Já fazia dias que Beretta observava aquela casa e sabia perfeitamente s horários de saída do casal. Ali no seu carro, ele percebeu o veiculo de Solange saindo do prédio e resolveu segui-la. Ela estacionou o carro e foi até um prédio comercial. Beretta esperando-a de tocaia. Assim que ela abriu a porta do seu carro, ele a pegou pelo braço e disse:
-Queira me acompanhar. A propósito, estou armado.
Apavorada, ela fez o que ele pediu e entrou no carro dele. Beretta deu a partida e perguntou:
-Isso aqui não é nenhum sequestro. Eu só gostaria de alguns instantes de sua atenção e estou certo de que a senhora vai gostar, pois o assunto é do seu interesse. Gostaria de tomar alguma coisa? Não se preocupa, eu vou te devolver e você vai ver que nem será preciso abrir alguma queixa contra mim.
Intrigado com o depoimento do juiz, o delegado falou:
-Mas assim que o senhor a deixou em casa, ela veio a ser assassinada.
-Eu garanto que não fui eu.
-O senhor garante, mas esse é o segundo caso que o coloca em uma situação vulnerável, doutor Adaílton.
Num boteco, Beretta conta para Solange que o seu marido está a traindo com uma garota de programa. Ela recusa-se a acreditar e ele insistiu:
-A senhora confia tanto no seu marido?
-E o que isso lhe importa?
-Aparentemente, nada.
-Aparentemente?
- É uma longa história, mas o importante é que a senhora fique sabendo que o vosso marido, ultimamente, vem saindo com uma moça não muito confiável que só está interessada em arrancar dinheiro dele. Eu a conheço muito bem e digo mais, ela é uma vigarista que adora homens casados e com certo poder aquisitivo. Depois de satisfazer-lhes os desejos sexuais, ela os chantageia extorquindo dinheiro. Se a senhora tiver duvida, me procure. –Dando-lhe o numero do seu telefone que acabara de anotar num papelzinho.
Beretta a deixou de volta no lugar, onde havia “raptado- a” e acrescentou:
-Não te disse que a senhora poderia confiar em mim?
Solange voltou para a casa e pensou no que aquele homem com pinta de malandro lhe dissera. Há tempos, o seu marido vinha chegando tarde em casa. Acostumada pelo seu comportamento caxias, ela julgava que pudesse ter alguma coisa relacionada ao trabalho dele.Todavia, ela passou a desconfiar das saídas de Adaílton que passaram a ser constantes e ,muitas vezes, chegava em casa tarde da noite. Isso a fez telefonar para Beretta com a finalidade de adquirir provas concretas. Os dois arquitetaram um plano.
Assim que o seu marido saiu, de noite, ela disse para a empregada que iria visitar uma amiga. Solange pegou o seu carro, seguiu o seu marido e para evitar que ele desconfiasse de alguma coisa, para há um metro do apartamento, onde Beretta a esperava. Esse entrou no carro dela e os dois foram seguindo-o. Adaílton seguiu o seu percurso para uma localidade onde a sua esposa jamais imaginaria que ele pudesse freqüentar. Beretta pediu para que ela estacionasse há dois metros e Solange o obedeceu. Viram o carro de Adaílton parando em frente a porta da boate, onde uma moça com short curto, botas, blusa top e cabelos castanhos entrou no carro dele. Adaílton seguiu o seu percurso até um motel. Consternada com o que acabara de testemunhar, Solange voltou para a casa e agradeceu a Beretta, que falou:
-Se precisar de mim para mais alguma coisa, basta me procurar.
-Vou precisar sim, mas não agora.
Solange chegou ao apartamento, tomou um banho, chorou um pouco escondida e foi se deitar. A possibilidade de ter algum respeito pelo seu marido cessara a partir do momento em que ela o viu entrando no motel com aquela puta. Ela só pensava em manter o sangue frio para, aos poucos, dar inicio ao processo de separação. Nos últimos tempos, a relação deles já não ia muito bem e aquilo foi à prova de que estava mais do que na hora de dar fim naquele casamento de sete anos. Depois de ter visto o que viu, ela passou a tratá-lo de maneira fria. Falava-lhe apenas o essencial e não lhe dava tanta atenção.  
Visto que Solange descobriu o caso secreto do marido, Beretta viu a chance de colocar Glórinha contra a parede e resolveu procurá-la. Ligava para ela, que não atendia até que resolveu enviar-lhe um torpedo pelo celular: “Você se julga tão esperta? Saiba que agora estou por cima da carne seca.”; “Eu sei quem é o carinha que você tá saindo. Sei também que ele é casado.”; “Cuidado, eu posso jogar tudo no ventilador”. Essas mensagens fizeram-na marcar um encontro com ele para que pudessem conversar cm calma.
O dia e o local foram combinados e quando Beretta lhe telefonou para dizer que chegara, ela avisou que estava a caminho, mas não compareceu. Glórinha avisara a Adaílton sobre as ameaças que vinha sofrendo, esse conseguiu alguns dados sobre o ex-namorado dela através de contatos que tem com a polícia e bolou um plano para que ela marcasse um encontro com ele. Beretta a esperou confiante de que aquele trunfo na manga viraria o jogo, porém não contava com a presença de dois seguranças do juiz que, naquele momento, estariam ali lhe dando um ultimato.
Adaílton ficou furioso com o comentário do delegado e explodiu:
-Olha aqui, o senhor está abusando da sua autoridade. Desde que a minha mulher morreu, o senhor insiste em me colocar como  principal suspeito da morte dela.Agora, veio a tona essa lance da Glória e o senhor vem me dizer que eu estou em situação vulnerável.
-Doutor Adaílton, o senhor se comporte, se não serei obrigado a prendê-lo por desacato a autoridade.
-Desculpe, mas entenda a minha situação.
-Compreendo a sua situação e digo mais, não gostaria de estar na sua pele. Mas a verdade é essa: o senhor está em uma sinuca de bico. De um lado a sua esposa assassinada misteriosamente e, diga-se de passagem, encontrada morta pelo senhor. Do outro lado tem essa sua concubina que também foi assassinada e o senhor, por sinal, foi à única pessoa a ser visto com ela, quando a moça estava viva. Sem falar que nas duas situações o senhor estava armado. Sendo assim ,eu pergunto: quem mais, além do senhor, figuraria como o principal suspeito?
-O senhor tem razão, mas eu não matei ninguém.
-Eu não disse isso. São apenas suposições, indícios. Somente isso.
-Ah meu Deus, isso tudo parece um pesadelo!
-Suponhamos que o senhor não matou nenhuma das duas e que, nesse caso, o senhor foi uma vitima? O homem errado, no lugar errado e na hora errada.
-Com certeza, delegado. Certeza absoluta.
Nesse momento, um policial entra na sala e comunica ao delegado e avisa terem conseguido localizar a Lurdinha:
-E onde ela está?
-Aqui mesmo, na delegacia.
-Mande-a entrar, agora! 



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