terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Conto- A Treplica


Eric do Vale


     
“Nunca diga jamais
Pra não errar
Essa história de amor bem que pode virar
E você vai ficar
Com todos menos comigo”
(Com Todos Menos Comigo: Guido Vitale & Edgard Poças)    


O continuo veio até a minha mesa trazendo um embrulho e disse:
- É para a senhora, dona Lourdes.
Agradeci e quando li o nome do destinatário, fiquei admirada: Amaury       Rangel.
Faz mais de três anos que não o via, embora falasse, esporadicamente, com ele, pelas redes sociais. Não vou mentir que fiquei muito surpresa com aquela encomenda e assim que abri o pacote, vi que era um livro de autoria dele e com dedicatória para mim. Naquela hora, pensei: “Ele conseguiu!”. 
O Amaury sempre manifestou o desejo de ser escritor e até chegou a publicar vários poemas e contos em suplementos literários. Fiquei muito feliz dele ter alcançado esse objetivo. Especialmente, porque não se esqueceu de mim. O livro possuía um título sugestivo: Em Pratos Limpos. Julguei que fosse um romance, e era. Então, decidi lê-lo, assim que chegasse em casa.
Narrado em primeira pessoa, a trama relatava a história de um homem que reencontra um antigo amor. Diga-se de passagem: um amor não correspondido. Volta e meia, o narrador fazia menção aquela música, Com Todos Menos Comigo.
Conforme fui lendo-o, verifiquei que a moça a quem o narrador era apaixonado tinha a ver comigo: após dispensá-lo, ela conheceu um outro cara e ficou gravida desse, tornando-se, respectivamente, mãe solteira. Por isso, procurei o Amaury:
- Recebi o seu livro, muito obrigada! Quer dizer que você me considera uma piranha?
- De onde você tirou isso, Lourdes?
- Ao contrário do que você escreveu, eu namorei o pai da minha filha, por um longo período.  Depois que fiquei grávida, ele terminou comigo. E assim que a criança nasceu, reatamos e vivemos juntos, durante um ano, até que ele resolveu, novamente, viver a vida dele. Depois disso, passei por várias privações, junto com a minha filha.
Admito que fui apaixonada pelo Amaury. Aliás, pensei que fosse. Pelo pouco que convivi com ele, constatei que os nossos gênios eram incompatíveis. O próprio Amaury sabia disso, pois disse-lhe tudo, naquela época. Na realidade, acho que nunca fui apaixonada por ele e pude constatar isso, logo que comecei a me relacionar com o pai da minha filha.
Pensei que, com o passar do tempo, o Amaury tivesse colocado uma pedra sobre esse assunto, pois sei que, atualmente, ele encontra-se muito bem casado.
-Lourdes, “isso é uma história de ficção, qualquer semelhança...” _ Disse Amaury.
Por mais que ele afirmasse ser uma história de ficção, sabíamos, ele e eu, que havia um quê de verdade.
-Seja honesto, Amaury. Pelo menos, consigo próprio. _ Eu disse.
Ele insistia em dizer que não, então falei:
- Por que mandou o livro para mim?
Tal pergunta, até hoje, permeia na minha cabeça.
Sem obter uma resposta, eu falei:
- Melhor seria, se você não tivesse me enviado esse livro.




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Poesia-Desafio

Eric do Vale

Bem aqui, estamos nós
Para que, muito além, possamos
 Ir onde desejamos chegar
E se foi preciso passar
Por muitos obstáculos,
Que venham outros
A fim de nos fortificar. 







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sábado, 28 de novembro de 2015

Conto- Gran Final

Eric do Vale

            Fechadas as cortinas, não vejo a menor necessidade de prosseguir com esta encenação barata, visto que está tudo terminado. Era sabido que, um dia, isso chegaria ao fim e agora, não me resta mais nenhuma dúvida.
Desempenhei o meu papel com maestria até me decidir mudar de função e escrever o desfecho deste ato.   Nunca gostei de despedidas e por isso, não me darei ao trabalho de olhar para trás na ilusão de obter algum aplauso. 

Foi preciso passar por tudo isto para que eu pudesse reconhecer o meu valor e concordar com aquela tese que diz que o ser humano é forte, porque é adaptável a tudo. E o que mais me impressiona é que, durante todo esse tempo, eu permaneci imune a este mal que, desde sempre, contagia a humanidade: a ignorância.  Tenho plena convicção de que não só está impregnada na sua alma, como também sou capaz de, categoricamente, afirmar que você é a personificação dela.  





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Conto- Despedida 2

Eric do Vale

Muitas vezes, achei por bem não te contrariar para não entrar em atrito com você. Eu, melhor do que ninguém, sei que receber críticas nunca foi o seu forte.  Bastasse alguém descordar, para você se exceder e apelar para abaixaria.
            Quero que você saiba de uma coisa: mesmo estando sempre do seu lado, jamais compactuei com isso. Apesar de, há bastante tempo, te conhecer, somente agora, eu vi quem realmente você é.
É claro que eu já tinha ciência de tais atitudes, mas foi preciso enxergar com os meus próprios olhos para concluir que fiz vista grossa demais para tudo isso. Acho muito provável que, depois de ouvir este desabafo, você me inclua na sua lista negra. Quer saber? Para mim isso não tem nenhuma importância.





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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Conto- O Mesmo Filme

Eric do Vale

Atendi o telefone, no meio de expediente, e alguém, do outro lado da linha, falou:
-Alô, Rui?
            -É ele, quem está falando?
-Sou eu...
Antes de me recuperar do susto, aquela voz continuou:
-Quanto tempo, não é?
- É verdade.
-Quando foi mesmo a última vez que nos vimos?
-Não faço ideia. Acho que foi há nove anos, por aí. O que você conta de novo?  
-Eu? Nada. E você?
-Idem.
-A propósito, preciso muito falar com você. Tem algum problema de eu passar no seu escritório, amanhã?
-Problema nenhum.
-Então, está combinado.
Fazia tempo que não nos víamos e bota tempo nisso!  Durante dois anos, fomos colegas de escola e sempre que alguém mexia comigo, vinha sempre em meu socorro para me defender. Foi ali que surgiu a nossa amizade. Só voltamos ater algum contato, depois de muitos anos, por meio de uma rede social.  Nessa época, eu me encontrava na metade do curso de direito. Vez ou outra, mandava-lhe algum recado, mas nunca era correspondido e uma vez que já tinha me conformado com aquilo, fui pego de surpresa:
-Olá, Rui. Quanto tempo!
-O quem tem feito?
-Estudando e trabalhando. E você, Rui?
-A mesma coisa, estou no sexto semestre do curso de Direito. E você.
-Perto de terminar administração.
-Qual é o seu telefone, posso te ligar?
-Sim.
Telefonei, logo em seguida, e a conversa não parou mais.
-Quer dizer que você está precisando de dinheiro? _ Perguntei.
-Sim, é para pagar a minha faculdade. Eu até peço desculpas de estar te fazendo esse pedido, Rui.
-Desculpa de quê?  Só posso te que estamos no mesmo barco, veja o meu caso: tenho que trabalhar de manhã e à noite, tenho que ir para a faculdade.  Sem falar na mensalidade que é quase a metade do meu salário que é uma mixaria.
Passava das dez horas da manhã, quando a minha secretaria disse que tinha uma pessoa querendo falar comigo. Disse que deixasse entrar e ela, assim o fez. Pedi para que se sentasse e ofereci-lhe café e água. Em seguida, perguntei:
-A que devo a honra de sua visita?
-Preciso da sua ajuda.
-Minha ajuda?
-Sim, você é advogado e por sinal, um dos melhores.
Tive a impressão de já ter visto aquele filme antes e por isso, falei:
  -Não conte comigo. _ Falei.
-Por quê?
-Me dê uma razão para que eu te ajude.
-Além de ser um grande advogado, nós estudamos no mesmo colégio. Não se lembra quando o pessoal mexia com você e eu te defendia?  
- Sou um advogado conceituado e possuo uma excelente clientela, por isso não quero botar tudo a perder por sua causa.
-Por minha causa? Não estou entendo pode ser mais claro? 
- Lembra-se de quando me pediu dinheiro emprestado? Você garantiu, em nome da nossa amizade, que me pagaria, assim que pudesse. Ainda hoje, eu me lembro das suas últimas palavras: “Não vou me sujar com você, por causa de um reles dinheiro.”.  Que ironia! Sendo assim, não moverei uma palha para te ajudar.
Antes que dissesse alguma coisa, levantei-me, caminhei até a porta e abri dizendo:

-Passe bem. 





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sábado, 31 de outubro de 2015

Conto- Despedida

  Eric do Vale


Não faço ideia de qual seja o seu ponto de vista referente a minha pessoa, mas eu sei o que  penso sobre você. O nosso contato sempre foi muito restrito e nunca trocamos mais do que duas palavras, por quê? Jamais houve, entre nós dois, uma afinidade e acho pouco provável disso, algum dia, vir a acontecer, porque somos muito diferentes: seja na educação ou no caráter. Principalmente, nesse último quesito.  
Desde já, fique você sabendo, que para mim sempre foi muito penoso dirigir-lhe a palavra, pois, no meu entender, tal ato só é propicio para aqueles que são dignos. Mesmo assim, eu me sujeitava a isso por uma simples razão: educação. Coisa que você não deve saber o que é.
Bastou eu virar as costas para você manifestar o seu descontentamento em relação a minha maneira de ser, pensa que não fiquei sabendo disso? Seria muito mais nobre, se tivesse feito isso na minha presença, mas vergonha na cara não é todo mundo que tem.
            A minha apatia converteu-se em desprezo, na medida que o meu grau de tolerância por você minguou. Assim como as demais pessoas que fazem parte do nosso convívio diário, você faz jus a este mundo em que vivemos.
            Sei que não sou melhor do que ninguém e estou muito longe de alcançar tal proeza, porque possuo inúmeros defeitos. E como nem tudo são espinhos, posso afirmar que você é um exemplo típico de tudo aquilo que não deve ser seguido. 







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Conto -Apenas Um Sonho No Rio


                                                            Eric do Vale


O ano mal havia começado e todo mundo, a sua maneira, procurava um norte. Durante uma conversa informal, alguém falou:
      - Quando James Taylor subiu no palco e começou a cantar uma daquelas baladinhas românticas...O público veio abaixo. Eu vi tudo pela televisão.
    Quem foi o cristão que teve a ideia de trazê-lo? Tudo bem que ele seja uma celebridade, mas não tinha nada a ver com aquela programação. E o que eu estava fazendo lá? Até hoje, essa pergunta me persegue.
        Estava decidido a ir embora, quando um amigo meu perguntou:
             -Já? Por quê?
         Ele me falou sobre um concerto que aconteceria, dentro de alguns dias, e eu acabei me convencendo a ficar.
     Ao chegarmos, soube que o James Taylor tocaria naquela noite. Pensei: “Essa não! Era só o que me faltava!”. No meio daquela multidão, fui me distanciando do meu amigo decidido, de uma vez por todas, a ir embora, quando trombei com uma moça e essa, sem querer, derramou cerveja na minha camisa.
Falei vários palavrões, enquanto ela não sabia o que fazer e permaneceu parada, na minha frente. Aquilo tornou-se um aditivo para eu ir embora, quando, naquele momento, o James Taylor começou a cantar You re Got a Friend. Acho que não preciso dizer mais nada. 





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domingo, 25 de outubro de 2015

Conto- Face A Face

Eric do Vale

Hoje, fazem exatamente dois anos que nos reencontramos, dois anos! Não sei se você se lembra disso, creio que não. Foi nesse dia em que você me perguntou se eu estava casado e a minha resposta foi não. Você ainda quis saber se eu tinha namorada e, novamente, a minha resposta foi não. Então, você disse: “Não entendo, você um cara tão bonito e charmoso!”. Aquilo me surpreendeu. Não que eu me considere feio, nada disso. Lembro-me que, naqueles tempos, você fazia questão de enaltecer a minha inteligência, na medida em que critica o meu comportamento agressivo. Nem me darei ao trabalho de refrescar a sua memória, porque sei que você se lembra disso.
Após você ter me dito isso, sabe o que pensei? Beleza e inteligência são duas virtudes que nunca caminham juntas. Minto, caminham sim: nos contos de fadas. Na vida real, um homem detentor dessas qualidades ou é gay ou um psicopata. Não ou eu quem estou levantando essa tese, mas sim as pesquisas que são feitas, diariamente. E o que você acha disso? Refiro-me à minha pessoa, acha que sou bicha ou psicopata?  A primeira hipótese pode ser descartada, tenho certeza de que não sou homossexual, porque gosto, e muito de mulher e você bem sabe disso. 
E o que você acha da segunda hipótese? Nunca, até então, tirei a vida de ninguém, contudo sempre há uma primeira vez, não acha?    Você, naqueles tempos, fazia as vezes de minha advogada e, ao mesmo tempo, promotora. Você, melhor do que ninguém, me compreendia. Como disse, você sabia dos meus defeitos e qualidades e nunca perdia a oportunidade de apontá-los. Isso não ocorria diariamente, mas sim a toda hora. Fosse a sós, na frente de todo mundo e até sem a minha presença, você sempre falava desse meu comportamento dúbio. Quero acreditar que você tenha sido a primeira pessoa, naquele momento, a saber quem realmente eu era e, atualmente, sou.
Sumi do mapa e depois de algum tempo, surjo, sem mais nem menos, na sua frente como um fantasma. Você acha mesmo que aquele nosso reencontro foi por acaso? Tenho certeza absoluta de que no momento em que você me viu não tenha pensado: “Meu Deus, é ele!”. Qualquer pessoa, daquela época, teria feito essa pergunta, inclusive você.

 Você, por um acaso, não entrou em contato com o pessoal, daquele tempo, e não o avisou de que eu tinha voltado?   Nunca passou pela sua cabeça de que eu estivesse seguindo os seus passos, conforme, até hoje, venho fazendo? 





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sábado, 24 de outubro de 2015

Conto- Cizânia

Eric do Vale


Reparo que a mesa onde costumo me reunir, na hora do almoço, com os meus colegas encontra-se, em sentido figurado, ocupada. Como há apenas uma pessoa, não vejo problema de ir até lá e esperar pelos meus colegas que chegarão, dentro de alguns minutos. Mas, prefiro almoçar só do que dividir a mesa com ela.
Há mais de dois anos que estou nesse emprego e nunca trocamos uma palavra, nem mesmo um “olá”. Por quê? Digamos que o meu santo não bateu com o dela. Essa é a única explicação plausível que consigo encontrar.
  Quem sabe, não estou sendo intransigente? Sim, isso é possível. Ninguém tem obrigação de ir com a cara de alguém assim, de primeira. Levando em conta que é comum vê-la almoçando sozinha, penso em ir até lá e fazer companhia a ela, não custa tentar. Pra quê? Ela não vai me dizer nada e continuará me ignorando como sempre fez. E o que é que tem? Farei a mesma coisa, pronto.
Continuo comendo e a vejo se levantar. Intimamente, torço para que ela atravesse aquela porta. Ao sair, fico por mais alguns segundos sentando até, discretamente, me levantar e ir para a mesa onde ela estava.
Nesse momento, os meus colegas começam a chegar, de um por um. Ainda que pensasse em comentar com eles sobre esse assunto, achei melhor guardá-lo para mim. Termino o meu almoço, levanto-me e penso nisso estabelecendo uma espécie de mea-culpa: “Será que o problema não está comigo?”.
...

Ricardo encontra-se no setor pessoal convicto a pedir as contas, mesmo ciente de que perderá alguns benefícios.
- Se quiser, podemos transferi-lo para a nossa filial. _ Disse o funcionário do RH.
- Não, obrigado.
            - Aguarde só um minuto. _ Pegando o telefone e discando.
            Colocado o telefone no gancho, ele diz:
-O chefe pediu para você ir até a sala dele.  
O potencial de Ricardo é uma faca de dois gumes: há quem o superestimem, como existem aqueles que não escondem o desejo de vê-lo pelas costas e fazem questão de humilhá-lo, chegando ao ponto de sabotarem os seus trabalhos.
Ricardo, certa vez, imprimiu uma planilha de contas com a finalidade de mostrá-la ao chefe e bastou ir ao banheiro para que, em poucos segundos, aquele documento evaporasse da mesa dele.  Sorte que ele tinha esse arquivo salvo no pen drive.
 Fatos feito esse tornaram-se bastante corriqueiros até que o grau de tolerância de Ricardo chegou ao fim, depois que alguém, simulando um acidente, derramou café na camisa dele.   A caminho da sala do chefe, pensou:” Se pensa que vai me convencer, o chefe está muito enganado...”. 

...
Hoje, pela manhã, tomei o maior susto, quando vi o Ricardo chegando para assinar a folha de ponto. Ontem, à tarde, ele veio até a minha mesa e falou:
-Estou saindo.
-Saindo?
-Vou cair fora.
- Recebeu uma nova oferta de emprego?
-Não.
-Não?
-Pedi as contas. Não vou cumprir aviso prévio e nem quero.
Nos despedimos e ele saiu. Apesar de considerar aquele ato insano, eu, no lugar dele, também teria feito a mesma coisa.   Pelo menos, o Ricardo teve peito. Ao contrário de muita gente que insatisfeitos, fazem corpo mole para receberem as contas.

Saio do refeitório e encontro o Ricardo pelas galerias. Conversamos um pouco e fico sabendo que o chefe o convenceu a ficar, na condição de remanejá-lo para outro setor. O Ricardo também me falou que deixou o chefe a par do constrangimento ao qual vinha sofrendo por parte de alguns colaboradores, mas não citou nomes. A única exceção foi a dita cuja. Ele não fazia ideia do alivio que eu senti, ao ouvir aquilo.  



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sábado, 17 de outubro de 2015

Conto Déjà Vu

Eric do Vale

Quando entrei no carro, o rádio tocava uma música do James Taylor: You ´ ve Got A Friend. Emendando com Goodbye Yellow Brake Road, do Elton John. Pensei naquele disco e dias antes, entrei em uma loja na esperança de encontrá-lo:
-Por um acaso, vocês não tem aquela coletânea? Um disco que tem o James Taylor, Elton John... 
O balconista, com certeza, não entendeu o que eu estava querendo dizer e acho que ninguém entenderia.
Notei que o som daquele carro executava uma fita cassete, então pedi emprestada para tirar uma cópia. Além dos cantores mencionadas, faziam parte dessa fita Alice Cooper, Eric Clapton, Neil Young e Al Jarreau. Aquele disco, no entanto, continuava em meus pensamentos até que eu decidi procurá-lo na internet.
O nome da gravadora e o ano do lançamento eram as únicas coisas que eu, naquele momento, sabia e para a minha felicidade, consegui encontrá-lo. Tive certeza disso, quando associei os artistas e as músicas deles com aquela fita que por sinal, não sei que fim levou. O disco encontrava-se disponível em vários sites de compras, inclusive em forma de CD. Pensei: “Pra que comprá-lo, se posso, quando quiser, baixar todas essas músicas? ”.
Muito tempo depois, resolvi, novamente, procurá-lo. Sendo que, dessa vez, eu já sabia o nome do disco.  Terminei encontrando o comercial dele. Depois de tê-lo visto, várias vezes, na televisão, falei para o meu pai:
-Olha o Elton John. _ Apontando para a televisão.
-E tem até aquela música:   Goodbye Yellow Brake Road. Vou comprá-lo.
Finalmente, eu encontrei! 



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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Conto- Morde E Assopra

Eric do Vale

O sol já nasceu e aqui vamos nós, despertando para um novo dia! Vamos que vamos! Matar mais um leão por dia!  Aproveito para dizer aos meus ouvintes que leio e respondo, sempre que posso, os e-mails, mensagens, das redes sociais, e também, as cartas que recebo.  Isso mesmo, meus caros ouvintes: em plena era da internet, existem aqueles que conservam o hábito de escreverem cartas. Por falar nisso, quero ler para vocês uma carta que me foi endereçada, no dia 9 de abril: “Como tem quem goste de porcaria, há pessoas que desperdiçam o seu precioso tempo prestando atenção nas baboseiras que você diz, neste seu programa de péssima qualidade. Agora, mais do que nunca percebo que o Nelson Rodrigues estava com a razão, quando afirmou que toda unanimidade é burra. Ainda bem que para toda regra existe uma exceção e eu tenho muito orgulho disso. Aceite este conselho: reveja as sua vida e procure outra coisa para fazer...”. Assim segue essa carta “elogiosa” sem remente e assinada por W.C. No dia 11 de maio, recebi uma outra carta que começa da seguinte forma: “Desde já, quero dizer que admiro muito o seu trabalho e acho você um exemplo para todos aqueles que atuam nesta área da comunicação. É bom saber que existem pessoas como você que fogem as regras! Como jornalista de um importante site informativo, faço questão de enaltecer este seu programa na minha coluna semanal...”.  Dessa vez, uma carta dotada de elogios. Porém, não possuía remetente e era assinada por R. M.
De uns tempos para cá, venho recebendo cartas desse tipo: ora me elogiando, outrora me depreciando. Feito essa aqui, datada no dia 5 de junho: “Sendo eu uma pessoa que prima pela boa moral, devo dizer que reprovo este seu programa que enfatizou os direitos dos homossexuais na sociedade. E não é só isso, você, em outra ocasião, abordou o apoio aos aidéticos e disse que nunca devemos virar as costas para eles. Eu me pergunto: como é possível ajudar um aidético, sabendo que aquela pessoal viveu tão levianamente? Por essas e outras, acho que você, assim como os demais comunicadores, exercem uma influência negativa para a população, promovendo a total degradação...”.  No dia 15 de julho, recebi uma outra carta que falava o seguinte: “Você está de parabéns em utilizar o rádio em prol da sociedade, uma vez que essa é a função essencial daqueles que lidam nos meios de comunicação...”.
Isso me leva a crer que essas cartas foram escritas pela mesma pessoa, pois não havia nenhum remetente e eram sempre assinadas com abreviações, como: J.J, T.J, P.A, R.R, S.S ...  Tive certeza disso, quando recebi duas cartas, uma elogiosa e outra depreciativa, com a mesma assinatura: R.O.

Não sei como me dirigir a uma pessoa que se esconde com vários nomes falsos, mas tenho absoluta certeza de que, nesse momento, você deve estar me escutando. Se isso estiver acontecendo, saiba que terei o maior prazer de saber quem realmente é você. Assim sendo, o desafio está lançado. 


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sábado, 3 de outubro de 2015

Conto- C` Est Fini

Eric do Vale


Existem perguntas que nascem sem respostas ou não merecem ser respondidas, cheguei a essa conclusão baseado na lembrança da minha primeira bicicleta. Eu tinha cinco para seis anos, quando a ganhei de presente, no Natal. Ela era toda azul que, por sinal, é a minha cor preferida. Depois que completei oito anos, os meus pais receberam uma irrecusável proposta de emprego em outra cidade. 
Assim que nos instalamos, o meu pai ficou encarregado de voltar para pegar outros pertences que tinham ficado no lugar onde morávamos, inclusive a minha bicicleta.  Visto que haviam passados mais de três meses e ele não cumpriu com o que prometeu, resolvi cobrá-lo
-Aqueles moleques a quebraram. _ Disse o meu pai.
-Que moleques?
-Os filhos daquela..._ Referindo-se a irmã dele.
Nunca entendi o motivo dele sentir tanta raiva dela, como, ainda hoje, não consigo entender. A única coisa que eu posso afirmar é que me deixei contaminar com aquilo e cheguei ao ponto de renegá-la, assim como o marido e os filhos dela.  O tempo, entretanto, sempre foi muito sábio e convictamente digo que tempo sempre foi sábio, porque foram necessários vinte anos para chegar a um consenso
. Pouco antes de nos mudarmos, fui à casa de uma outra tia minha, onde estava a minha bicicleta. Resolvi pegá-la para dar uma volta nela, no momento em que fui surpreendido pelo meu primo, Wilsinho:
-Onde você pensa que vai?
-Vou dar uma volta com a minha bicicleta.
-Essa bicicleta é do meu irmão, Edson.
-Que história é essa?
Procurei a mãe dele, que também falou a mesma coisa. Eu, todavia, não dei muita importância, pois sabia, desde sempre, que eles tinham como robe cobiçar as coisas dos outros e dei uma volta nela, assim mesmo. Foi a última vez que andei nela. Por que o meu pai não me disse a verdade? 



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domingo, 13 de setembro de 2015

Conto- Colcha de Retalhos

Eric do Vale


Uma, duas, três e quantas vezes achar necessário, vou continuar ligando.  Eu tinha a absoluta certeza de que o número era esse. Agora, vendo o WhatsApp, não tenho mais dúvida. Preciso saber quem realmente é. Não sou detetive, mas quero desvendar isso. Ligo de novo e cai na caixa postal. E assim tem sido, desde então. Vou continuar persistindo ou não me chamo...
...
É esta! Ela faz o meu tipo: olhos e cabelos castanhos, além de uma pele bem clara. Trezentos reais é muito dinheiro, mas e daí? Com uma mulher dessa, gasto até o que não tenho.  Se eu fosse um milionário, ela seria de minha exclusividade. Não fazem nem um ano que estou separado, mas para mim é uma eternidade. As coisas já não estavam boas e quando a minha ex-mulher resolveu se converter, pioraram cada vez mais. Sempre que eu manifestava o desejo da carne, lá vinha ela citando trechos da bíblia.
-Quer dizer que quando tivermos vontade de ir ao banheiro, teremos que consultar a bíblia. _ Eu falava.  
-Bata na boca, homem. “Senhor, perdoe. Ele não sabe o que diz”.
            Desde que me separei, tenho procurado suprir as minhas necessidades com essas mulheres. Qual o problema? O dinheiro é meu, assim como a vida é minha.  Agora, eu quero essa e gastarei os meus trezentos com o maior prazer.   Teclo com ela, mas não sou correspondido. Deixo passar alguns dias e então, me convenço de que não vai dar certo.     
...

-Alô
-Samara?
-Sim?
- Como é o seu trabalho?
-Cem reais.
-Tudo?
-Depende.
-Samara é o seu nome?
- Na verdade, o meu verdadeiro nome é ...

...
Mostrei a foto dela para o Zé.
-Que monumento! _ Falou ele.
-É esquema meu.
-Certo, mas quando você enjoar, passa ela para mim?
- Feito.
Esse Zé é mala! Bastou eu mostrar uma foto de uma dona, para, logo em seguida, o filho da mãe entrar em contato com ela. Para ser honesto, nem sei se, realmente, ele saiu com a dona e quer saber? Pouco me importa.
Agora, o que me intriga é o que a moça com quem eu quero sair postou no status dela, no   WhatsApp: “So atendo tops para falar comigo diretamente eso me lugar e mais rápido!”. Que erro de português grotesco!

...
-Alô, caiu a ligação. Mas, como perguntei, anteriormente:  quer dizer que você se chama... E o que faz da vida?
-Você me conhece.
-Não.
-Conhece sim, por que está me fazendo estas perguntas?
-Curiosidade.
-Posso saber o porquê dessa curiosidade?
- Por nada. A propósito, tenho que desligar. Sou casado, você entende?
-Entendo.

...
Era uma voz de mulher e tenho certeza disso, porque, assim que atendeu, eu perguntei:
-Carol?
-Sou eu.
-Como funciona?
-Funciona o quê?
-O esquema.
- Que esquema?
-O meu nome é Artur e li o seu nome em um anuncio.
-Que anuncio.
Estava prestes a dizer, quando a ligação caiu.
 
...
Marquei com ela e furei. Tenho certeza de que isso a deixou fula da vida. Pudera, eu também ficaria. Teclo com ela, mas não me responde. Espero um pouco e insisto em vão. Algo me diz que isso não passa de uma roubada:
-Zé, liga para este número, por favor?
-Pode deixar.

...
-Alô?
-Carol?
-Olha aqui, é a quinta vez que você está me ligando e não tem nenhuma Carol, o meu nome é Júlio, Júlio! 
Não vou desistir, sei que é ela e por isso, vou continuar ligando.
...
Sabia que isso não passava de uma pilantragem. Onde já se viu atender “cliente top” e cometer um erro de português tão absurdo? Peço para o Zé deixar para lá e quer saber do que mais? Ainda bem que tenho uma outra carta na manga! 








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Conto- Intransigência

Eric do Vale

Posso até consentir que a esposa e as filhas frequentem a minha casa, mas ele não. Já deixei isso bem claro para a Marta que apesar de ser tia dele, sabe, melhor do que ninguém, que tenho as minhas razões para não aceita-lo em minha residência. Como é possível receber uma pessoa que não fala comigo e faz questão de transparecer total aversão que sente por mim, negando-me até um “olá”? Sem esquecer da vez em que me recebeu com quatro pedras na mão, quando fui à casa dele na companhia da Marta:
-Por que a senhora trouxe esta fulana, tia? Eu já não lhe falei que não quero saber dela aqui, na minha casa? _ Disse ele.
-Eu só vim porque a Mata me pediu. _ Falei.
- Não estou falando com você.
-E se te conforta saber, eu, por mim, nem colocaria os meus pés aqui.
-Cale a boca, sua... Vá embora daqui! _ Alterando a voz.
Ele continuou me xingando e eu já estava preparada para enfiar a mão nacara dele, quando a Marta interviu:
-Se ela sair, eu também saio e não volto nunca mais.
-Então, saiam as duas!
 Assim que saímos, falei para a Marta que estava decidida a dar parte dele. Ela, no entanto, pediu, por tudo que fosse mais sagrado, para não fazer aquilo.  Contra a minha vontade, acatei o pedido dela.
Se ele não gosta de mim pelo que sou, eu também não vou, nem um pouco, com a cara dele e pelo mesmo motivo. Porém, sou o que sou e, graças a Deus, não vivo as custas dos outros achando que todo mundo tem obrigação de me sustentar.
A Marta me falou que, outro dia, ele veio com esta:      
-Tia, eu não sei o que está acontecendo comigo, não tenho vontade de trabalhar. Será que isso é preguiça?
-Você ainda tem dúvida?
Ao saber que todos tinham ido almoçar fora para comemorar o dia das mães e ele não havia sido convidado, bateu o pé:
-Isso não é justo! Eu tinha dinheiro para pagar a minha conta! Como é que vocês fazem isso comigo?
             E assim, tem sido em todas as reuniões de família.
            Dia desses, A Marta e eu fomos a casa da mãe dela e ele estava lá. Não trocamos nenhuma palavra, pra variar. Sentei-me no sofá e esperei a Marta voltar da padaria. Ele foi para a cozinha, quando uma das filhas dele sentou-se ao meu lado e começou a brincar comigo batendo o ombro dela no meu. Isso foi acontecer justamente no momento em que ele chegou e ao ver aquilo, fez um olhar inquisitório. Pensei: “Vai sobrar pra mim”.    Altivamente, ele chamou pela filha dizendo:
-Venha cá.
Mal se levantou, ele a puxou pelo braço até o corredor e disse-lhe umas coisas que não consegui entender e em seguida, deu-lhe um tapa no rosto. Mesmo ciente de que a minha intervenção resultaria em uma briga feia, eu não me contentaria em assistir aquilo de braços cruzados.  A irmã dele, no entanto, foi quem tomou a iniciativa
-O que é isso? Pra que essa brutalidade?
-Não é da sua conta. Isso aqui é assunto de pai e filha. 
-Vá embora daqui.
-Não vou, essa casa é da minha avó.
-Mas, eu também moro aqui.
-Agora é que eu não vou embora mesmo. Quem é que ai me tirar daqui?
A Marta chegou nesse momento e eu, discretamente, falei:

-Não se meta nisso.  




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