Eric
do Vale
A última coisa que todos, naquela casa, queriam era vê-lo zangado, por isso
andavam na linha em clima de terror. Sabendo que uma de suas filhas engravidara de um homem casado, não hesitou em colocá-la para fora de
casa, porém voltou atrás graças à esposa que o convenceu de se procurar uma clínica e dar o
assunto por encerrado. Era o que realmente aconteceria, se a história não se
repetisse: dessa vez, de um outro homem, também casado. Sabendo que o Turco não
daria segunda chance e que, cedo ou tarde, a bomba iria estourar, a mulher teve
a ideia de acionar toda a família e marcou uma reunião para o domingo. Lá
estavam todos presentes, antes do almoço ser servido. Depois da sobremesa,
marcou-se uma partida de dominó. Dentre uma conversa e outra, o Turco foi
direto ao assunto:
-O que é que vocês estão me escondendo?
Todos procuraram disfarçar, mas ele
insistiu:
-Eu lhes fiz uma pergunta.
Ninguém disse nada e o Turco
levantou-se jogando as pedras do dominó e falou:
-Vocês estão pensando que eu sou burro?
Diante daquela intimidação, o pessoal,
aos poucos, foi relatando
a real situação de sua filha. Num impulso, ele esmurrou a mesa, levantou-se e
brandiu:
-Eu sabia! Eu sabia! Estava demorando!
Eu tinha certeza de que,
há dia ou menos dia, aquela cabeça de vento iria aprontar. E sabe de quem é a
culpa? _ É sua, gritou colocando
o dedo na face da esposa.
-Isso é coisa que se diga para a sua mulher? _ Esbravejou Menelau que
se levantou da mesa caminhando em direção ao Turco. - Em uma
situação como essa, não há como culpar terceiros ou quartos. É preciso encarar um problema de
frente. Isso que o senhor está fazendo não é uma postura digna de um chefe de
família.
Todos ficaram boquiabertos com o
posicionamento de Menelau.
Ele que quase nunca colocava os pés naquele recinto e que sempre foi muito flexivo, mesmo sendo um
coronel do exército. Ainda mais, enfrentando logo quem? O Turco, por sua vez,
não se deixou intimidar:
-O senhor, seu Menelau, pode cantar de galo no seu
quartel para os seus soldados, mas na minha casa mando eu! _ Disse, esmurrando a mesa.
Menelau levantou-se,
repetiu o gesto do Turco e caminhou em direção a ele. A sala estava prestes a ser convertida em um ringue
de esgrima: a cimitarra do Turco versus a espada do coronel Menelau. No quarto, as crianças não
paravam de cochichar
-Papai tá brigando com o tio Menelau.
Ver de perto o circo pegando fogo era o
desejo da garotada, mas só ficaram na vontade, pois sabiam que, se isso acontecesse, sobraria para eles. As farpas não
cessaram até que o Turco ordenou que o coronel se retirasse de sua casa. Visto
que Menelau não deu o braço a torcer, ele abriu a porta e perguntou:
- Eu estou falando grego? Rua! _ Apontando para o lado de fora.
Todos, ali presentes, aconselharam Menelau a obedecer-lhe na condição de acompanhá-lo. Assim e o velho militar terminou
cedendo. Para ter certeza de que todos tinham batido em retirada, o Turco os
seguiu. Ele estava convicto de ter vencido aquela batalha, quando avistou Menelau parando, dando meia volta
e marchando rumo à casa dele.
Sem perder tempo, o Turco trancou o portão e sentou-se em uma cadeira que
ficava na varanda, esperando o ataque do inimigo. Menelau não se deu por vencido e resolveu pular o muro. Tal
gesto renderia- lhe uma medalha por bravura, se não houvesse um detalhe de suma
importância: há muito tempo que a laje ameaçava desmoronar. O Turco acompanhou
tudo sentado e ao vê-lo estirado no chão com os destroços sobre os peitos,
levantou-se e disse:
- Bem feito.
E entrou para a casa, enquanto todos
socorriam o militar agonizante.
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