terça-feira, 30 de junho de 2015

Conto- Aquele Sujeito

Eric do Vale

Assim que o viu chegando, não teve dúvidas e pensou: “É o Benvindo! Meu Deus do céu, ele não mudou nada! Será que ele vai me reconhecer?". Passaram- se alguns dias até tomar coragem para abordá-lo e isso aconteceu no momento em que o viu dirigindo-se para a copa, onde foi tomar um cafezinho. Ela, para disfarçar, pegou uma xícara e quando foi se servir, ele perguntou:
- Açúcar? 
- Sim.
- Está muito forte.

-Como? 

-O café está muito forte.
- Não sou muito fã de café, para falar a verdade. 
- Já não posso dizer o mesmo. A propósito, como você se chama? 
-Dominique.
- Eu me chamo...
- Benvindo. _ Interrompendo-o.

-Mas, todos me chamam de Queiroz. Aliás, é muito difícil alguém me chamar pelo meu nome e até fico desconcertado, quando sou chamado de Benvindo. 

            -Desculpa.
-Você não sabia.
Depois do segundo gole, Dominique, sentindo-se mais à vontade, perguntou:
-Poderia, por gentileza, me tirar uma dúvida?
-  Pois não.
            -Por um acaso, você estudou no colégio Rui Barbosa?
            -Sim. Estudei da segunda até a quinta série, por quê? Não me diga que...
            -Digo sim: estudei, da terceira até a sétima série, lá e fomos colegas de sala.
            A formalidade de outrora terminou, naquele momento. Como ambos estavam bastante atarefados, acharam melhor conversarem em uma outra ocasião. De preferência, na hora do almoço.  E foi justamente nesse horário que ambos conversaram bastante:
            - Me conta, você tem algum contato com o pessoal? _ Perguntou Benvindo.
            -Nenhum, Benvindo. Desculpe, Queiroz.
            - Se quiser, pode me chamar de Benvindo. Não tem problema.
            -Tudo bem. Como eu dizia: não tenho nenhum contato com o pessoal da nossa sala. Ter até tenho, mas por meio destas redes sociais.
-Sorte a sua, porque eu me desliguei de todo mundo, desde que saí de lá.
-Por que?
-É uma boa pergunta.
            Eles continuaram conversando até terminarem o almoço e antes de retornarem a suas atividades, Benvindo deu a Dominique um papel contendo o número do telefone dele e falou:
-Pode ligar, quando quiser.
Algumas horas depois de ter chegado em casa, Dominique telefonou-lhe dando sequência a conversa, iniciada naquela manhã. Cientes de que o pessoal do trabalho eram muito observadores, acharam por bem conversarem pelo telefone a fim de evitarem comentários maliciosos e assim, prosseguiram, por vários dias.
Os assuntos eram variáveis e, às vezes, alternava-se com algum fato ocorrido, nos tempos de escola. Era quase que inevitável não falar desse período. Entretanto, o clima pesou, quando, certo dia, Dominique mencionou o nome de Fabiano:
-Não gostava e, até hoje, não gosto dele. _ Disse Benvindo.
-Por que?
-Por que?
Fabiano estudou com eles na segunda e terceira série até ser reprovado. Além de travesso, era uma dor de cabeça para os educadores e uma pessoa não muito desejável pelos seus colegas de classe. Apesar de lembrar-se de Fabiano, Dominique não entendeu o motivo de tamanha aversão que Benvindo tinha pelo ex-colega de classe e perguntou:
-O Fabiano era muito levado, mas acho que você está sendo muito radical, Benvindo.
-Radical? Deixa eu te contar uma história: uma vez, estava o Rodrigo e eu no pátio do colégio, durante o recreio. Por falar nisso, você se lembra do Rodrigo?
-Lembro sim. Inclusive, nunca mais tive notícias dele.
-Acredito que ele tenha se tornado engenheiro civil, pois, naquela época, já manifestava a vontade de seguir carreira nessa área. Sem falar do interesse que tinha pela matemática.
-Ele era um crânio e até fizemos vários trabalhos juntos.
-Queira Deus que tenha conseguido tornar-se engenheiro. Mas, como ia dizendo: estávamos ele e eu no pátio, durante o intervalo, quando o Fabiano apareceu e vendo que o Rodrigo segurava um sanduíche, pediu-lhe um pedaço. Como o meu amigo disse não, o Fabiano tomou o sanduíche dele.
-Que horror!
-Lembra-se do Marcel?
-Lembro, era um baixinho de óculos. Ele estudou conosco, na terceira série. E se não estou enganada, o Marcel saiu do colégio, após o fim do primeiro semestre.
-Sabe por que ele saiu de lá? Por causa do Fabiano que, a toda hora, o infernizava. E veja só como são as coisas: passados mais de dez anos, tive o desprazer de reencontrá-lo.
-Como foi isso, Benvindo?
- Encontrava-me no primeiro ano da faculdade, quando uma colega de sala que por sinal, residia no mesmo prédio, onde eu morava. Falou que o namorado dela me conhecia, pois havia estudado comigo, no colégio Rui Barbosa. Assim que ela me disse quem era, lembrei-me dele imediatamente. Na primeira vez que o vi, não me senti bem. Ele me contou que além de ter repetido mais um ano, bateu o recorde de suspensões e terminou expulso do Rui Barbosa, após ser pego roubando a cantina.
            -Meu Deus! Que malandro! Se, naquela época, ele já fazia isso, faço ideia, hoje.
-O mais surpreendente é que o Fabiano relatou-me tudo isso demonstrando um certo orgulho.
            - Que idiota!
- Enquanto a pobre da namorada dele trabalhava de dia e estudava a noite, o Fabiano vivia na casa dela sem fazer nada. Digo isso, porque o via com muita frequência, mas falava só o essencial com ele. As conversas do Fabiano eram tão bobas que, até hoje, eu não sei o que foi que aquela garota viu nele.
-O amor é cego.
            Terminada a conversa, ambos voltaram ao trabalho. Dominique, durante o expediente, lembrou-se do comentário de Benvindo: “Eu não sei o que foi que aquela garota viu nele”. Logo em seguida, falou para si própria:

            -Pelo jeito, ela não foi a única.   




Confiram hum page Minha los Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746

Caso me desejem adicionar nenhum facebock Meu, Acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem also hum fà página Fazer facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto



sábado, 27 de junho de 2015

Conto - Absolutamente Certo?

       Eric do Vale

“Vendo bem debaixo
Da minha barba,
Mil coisas acontecendo
Não é o sol do verão
Que vai mudar
Esse mau tempo.”
(Quadrinhos: Humberto Effel & Pequinho)

Em relação a tudo o que sabia sobre os seus colegas trabalho, Guilherme era um padre dentro de um confessionário. Tais informações seriam um prato cheio para qualquer vigarista e se ele bem quisesse, poderia utilizá-las em benefício próprio.
A partir do momento em que começou a acessar o Tinder, Guilherme fez daquilo uma atividade rotineira. Quando viu a combinação dele com Flávia, não perdeu tempo e teclou:
-Oi.
-Oi.
-Tudo bem?
- Sim. E com você?
-Também. Que tal, irmos ao que interessa?
-Beleza.
-O meu Nome é Guilherme...
Flávia apresentou-se dizendo ser acompanhante. Mesmo fazendo-se de desentendido, Guilherme tentou acreditar que ela não fosse o que estava pensando e por isso, perguntou:
-Acompanhante?
-Sim.
-Como assim?
-Faço programas.
            Aquela afirmação foi tão direta, que Guilherme não se conteve:
            -Qual é a sua intenção comigo? Nem precisa me responder.
            Encerrada a conversa, ele pensou: “Era só o que me faltava!”.
            Depois disso, Guilherme resolveu não mais acessá-lo, porque já havia visto muita coisa absurda e questionou:
-Cria-se algo para o bem de todos, mas há sempre alguém para avacalhar. É cada uma!  
Dias depois, chegou uma nova colaboradora da firma, onde Guilherme trabalhava. Assim que foram apresentados, ele, imediatamente, lembrou-se de Flávia. Discretamente, Guilherme pegou o celular e quando viu o rosto de Flávia, pensou: “Não pode ser!”. Após sete dias, ele, durante o almoço, perguntou a um dos seus colegas:
-Quem é aquela nova funcionária que trabalha com você?
-É a Joana.
-Joana? Como ela foi contratada?
-Ora, Guilherme! Seleção.
-Quem fez a seleção?
- O Mesquita.
            Na sexta-feira, quando o expediente terminou, Guilherme, discretamente, acompanhou os passos de Joana. Viu quando ela chegou em um prédio e, dentro de meia hora, desceu e entrou em um táxi que estava estacionado, em frente a portaria. Joana estava muito maquiada e vestia uma mini blusa e um short muito curto. Ele seguiu o táxi até o calçadão, onde parou. Joana pagou a corrida, caminhou um pouco até ser abordada por alguém que guiava um carro prateado.
            Ao chegar em casa, Guilherme tomou uma dose de uísque e falou:
- Só podia ser o Mesquita!
Guilherme trabalhava lá, há mais de cinco anos, e sabia de muita coisa que comprometia o Mesquita. Aliás, ele tinha conhecimento dos podres de todo mundo daquela empresa e sendo assim, questionou-se
- O que foi que este meu silêncio me proporcionou? O que ganhei com isso??
Na segunda-feira, Guilherme deu de cara com Joana, assim que chegou na empresa. Sentindo-se indisposto, voltou mais cedo para a casa e constatou que já estava mais do que na hora de procurar um novo emprego.
Durante três dias, Guilherme ficou em casa alegando convalescença, quando, na verdade, estava preparando o seu currículo e distribuindo-o por aí. Nesse período, ele resolveu acessar o Tinder, coisa que, há tempos, não fazia. Quando viu Cecília, ficou encantado e logo foi correspondido. Trocaram telefones e marcaram um encontro.
Guilherme foi informado de que o currículo dele havia sido aprovado em uma outra firma cujo salário era o dobro do que estava acostumado a receber. E ao saberem disso, os seus colegas de trabalho promoveram uma festa de despedida para ele. No decurso da confraternização, Guilherme pensou: “Quem sabe, não é chagada a hora de rasgar o verbo? Por que não?”. Antes que tomasse tal atitude, Mesquita aproximou-se dele e falou:
- Guilherme, não sabe a falta que vai fazer para todo nós.  Em nome de todos os colaboradores, eu lhe desejo toda a sorte para você, nessa nova empreitada. A propósito, conhece a minha nova namorada?
-Não.
-Ela, por sinal, está aqui, na empresa.  
Mesquita saiu e, em poucos segundos, voltou acompanhado de Cecília dizendo:
- Amor, esse é o Guilherme. Um exemplo de ser humano!
Guilherme olhou para ela e disse:
-Prazer.
- O prazer é todo meu.     




Confiram hum page Minha los Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746

Caso me desejem adicionar nenhum facebock Meu, Acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem also hum fà página Fazer facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Conto- Entrevero

                      Eric do Vale

"Ah, se eu soubesse lhe dizer qual é a sua tribo
Também saberia qual é a minha
Mas você também não sabe."
(Petróleo do Futuro: Renato Russo & Dado Villa-Lobos) 

- Oi.
- Oi, como está?
-Bem. E você? 
- Idem.
-E digo mais: está tudo às mil maravilhas!
-Hum! Casou?
-Não.
-Ganhou na loteria?
-Também não.
-Então, por que, hoje, você se lembrou de mim?
-Assim, você me deixa sem jeito.
-Nada a ver.
-Bastou ficarmos, por um bom tempo, sem nos falarmos para você vir com as suas ironias.     
-Então, desculpe. Melhorou?
-Não quero brigar com você.
-Brigar por quê?
-Pois é.
-Nada a ver.
-Pelo jeito, não estamos falando a mesma língua.
-Só estava brincando.
-Está bem, tudo não passou de uma falha de comunicação.
-Mas, você levou a sério.
- Isso sempre acontece, toda vez que ficamos sem falar um com o outro.
-Vai ficar sem falar comigo, outra vez?
-Agora, sou eu quem digo: nada a ver.
-Foi você quem começou.
-Vamos deixar para lá?
-Acho bom. 






Confiram hum page Minha los Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746

Caso me desejem adicionar nenhum facebock Meu, Acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem also hum fà página Fazer facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto


sábado, 20 de junho de 2015

Conto- De Julieta Á Lady Macbeth

Eric do Vale

Voltar para o interior ou continuar morando de favor? Sem falar na terceira alternativa: viver com o pai na companhia da atual esposa e ex-amante dele.  No entanto, a segunda opção pareceu-lhe a mais sensata, porque era praticamente nula pensar na possibilidade de ir morar com a mãe, em outro estado. Se não fosse pela minha mãe, eu a chamaria para vir morar comigo e qualquer pessoa que estivesse no meu lugar, também ficaria comovida com o dilema dela: morando longe dos pais e tendo que aguentar, constantemente, os desaforos da tia e dos filhos dela, dois vagabundos!
Antes de iniciar a aula, ela me procurou, aos prantos, para desabafar e logo em seguida, o Djalma chegou. Durante o intervalo, ele veio ao meu encontro a fim de saber o que tinha acontecido. Sabendo que o Djalma era uma pessoa extremamente confiável, falei sobre os problemas que ela vinha enfrentando sem omitir nenhum detalhe. Visto que ele era também muito bem relacionado, arrisquei:
- Não haveria alguma possibilidade de você conseguir uma colocação para ela?
-Claro que sim. Encaminhe o currículo dela para o meu e-mail, por favor.
- Encaminho sim. Pode deixar.
Na mesma época em que começou a andar com a Rosangela, o Cleber havia terminado com ela. Esses dois acontecimentos somados aos demais problemas, a tornaram uma pessoa arredia e por isso, eu me afastei dela. Mesmo assim, buscava ser compreensiva mais do que o trivial.
Certa ocasião, ela teve um bate-boca com a Margareth e essa lhe disse umas palavras bastante duras:
- Gente como você termina ficando sozinha, foi por isso que o Cleber não quis mais saber de você!
Com eu era muito amiga da Margareth, tive com essa uma conversa, em particular:
-Você pegou pesado com ela.
-Eu não tenho sangue de barata para aturar os desaforos dela, não mesmo!
-Entenda, ela está cheia de problemas!
-Eu também tenho os meus problemas, mas não fico descontando nos outros. Ao contrário dessa abusada, que vem dando patada em todo mundo. 
Fiquei muito feliz com a atitude do Djalma e sabia que era reciproca a intenção dele de querer ajudá-la, porque tinha um coração muito nobre. Não vou mentir que eu estava torcendo para que desse certo e assim, ela perceberia o quanto foi injusta com ele. Sendo o Djalma muito amigo do Cleber, ela começou a tratá-lo muito mal e sabendo do meu rolo com ele, dizia:

-Acorda! O Djalma está te fazendo de besta e é só você que não percebe que ele é um tremendo de um safado!
Eu tinha certeza de que ela estava sendo influenciada pela Rosangela, pois essa fazia o mesmo comentário em relação ao Djalma. A Rosangela nunca escondeu a antipatia que sentia pelo Djalma. Desbocada, destemperada e sem papas na língua, tais características permitiram com que fosse uma pessoa não grata tanto na nossa sala, quanto em toda a faculdade.
Depois que ela desabafou comigo, eu também me empenhei em ajudá-la a procurar um emprego. Elaborei o currículo dela e entrei em contato com algumas pessoas que conhecia, logo ficamos de bem uma com a outra.  Dessa vez, o nosso Clube da Luluzinha estava mais forte do que nunca: Margareth, Rosangela, Jussara, ela e eu.
O Cleber, naquela altura do campeonato, havia se tornado uma página virada na vida dela, pois, aos poucos, ela vinha cedendo as investidas de Luiz César. Esse, por sua vez, era o sonho de consumo de todas as mulheres da sala: bonito, atraente, bom caráter e além dessas virtudes, era filho de um próspero fazendeiro. Antes mesmo dela se relacionar com o Cleber, o Luiz César já estava de olho nela e a pretensão dele era namorá-la para casar. Apesar dela não querer nada com ele, todas nós dávamos a maior força para que ela ficasse com o rapaz.
Após a aula, vimos quando ela entrou no carro dele e não tivemos dúvida de que rolaria alguma coisa entre os dois. Achamos por bem estabelecermos um acordo entre nós: ninguém iria perguntá-la nada sobre a noite anterior. Assim, ela se sentiria mais à vontade para nos contar tudo. No dia seguinte, quando chegou na faculdade, ela não quis conversar com ninguém. Mesmo preocupadas, respeitamos a vontade dela.  Não demorou muito para sabermos que o Luiz César e ela só trocaram uns beijinhos, mas quando tomamos conhecimento de que a Jussara havia quebrado o nosso acordo, ficamos com ódio! Ainda mais, quando soubemos que ela só contou para a Jussara, na condição de que não falasse nada para a Margareth e nem para mim, porque éramos fofoqueiras.
Como ela podia pensar aquilo de mim, depois de tudo o que fiz para ajudá-la? Meu Deus do céu!   Tendo um gênio muito forte, a Margareth rodou a baiana e disse uns desaforos com as duas. Resultado: o nosso Clube da Luluzinha rachou de vez.  De um lado, a Jussara e ela. E do outro, a Margareth e eu. A Rosangela, por sua vez, formou conosco a tríplice e terminou pagando um preço muito alto sendo, diariamente, perseguida por ela.  
Uma vez, ela entrou na sala e vendo que a Rosangela estava chegando, empurrou a porta com toda força que, por pouco, não pegou no rosto da coitada. O professor, naquela ocasião, estava presente e mesmo não tendo dito nada, era notória a expressão de espanto na face dele. Ela sempre arrumava um jeito de ir até a Rosangela para esbarrar nela. Um dia, a Rosangela recebeu, pelo celular, uma mensagem de um número privado: “Bicha, posso te dar um conselho? Pare de andar com aquelas duas. Mulher, a sua reputação, na faculdade, já não era boa e, agora, andando com elas, vai ficar pior. Aliás, já está manchada igual a elas. E é em todos os sentidos”.
 Aquilo foi a gota d`água!  Nós três fomos unanime em acusa-la, pois sabíamos que as expressões “mulher” e “bicha” faziam parte do vocabulário dela. Então, a Margareth falou:
-Ela não deve bater bem da bola, porque gente normal não faz isso. 
- Muito mens, quem frequenta uma universidade _ Disse eu.
-Isso é coisa de moleca!
E a Rosangela fez o seguinte comentário:
-Eu fui mesmo uma tola! Como pude me deixar influenciar por ela?
-Bobagem. _ Eu disse.
- Por causa dela, eu fiquei com bronca à toa de muita gente, lá da sala. Um bom exemplo disso, foi o Djalma. Como eu fui idiota!
Depois de ouvir aquilo, falei:
-Errar é humano e você não foi a única. 






Confiram hum page Minha los Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746

Caso me desejem adicionar nenhum facebock Meu, Acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem also hum fà página Fazer facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Conto- Na Hora H

Eric do Vale


A caminho do trabalho, o rádio noticiou, em edição extraordinária, a queda de um Boeing, nas redondezas desta cidade. Não tive dúvida de que seria um dia daqueles e quando cheguei, todo mundo já estava de prontidão. Nunca conheci ninguém que não ficasse boquiaberto, sempre que digo qual é a minha profissão e onde trabalho. Diversas vezes, já me coloquei no lugar do outro e constatei que também teria essa mesma reação.
Saia de casa para trabalhar sabendo que não me faltaria serviço e essa certeza ganhava hegemonia, logo que via os corpos chegando para a autopsia.   Os únicos casos de acidentes aéreos que, até então, eu tinha lidado estavam associados a monomotores e helicópteros.  De acordo com as informações, haviam mais de cem passageiros naquele avião e qualquer possibilidade de ter algum sobrevivente estava descartada.
 O que era mais penoso, reconhecer um corpo ou não encontrar aquele ente? Eu me fazia essa pergunta, toda vez que via alguém entrando e saindo daqui ou algum corpo sendo conduzido rumo ao cemitério para ser enterrado em uma vala comum, porque não havia aparecido ninguém para identifica-los.
Os rabecões deslocaram-se para o local do acidente e, em um único dia, fizeram mais duas viagens, porque, há todo momento, era encontrado um pedaço de alguém. Se os bombeiros, durante as buscas, ficaram horrorizados com aquela sinistra visão, o que dizer de nós? E quando digo nós, eu também me incluo. Assim que vi o que havia sobrado daqueles que estavam naquele avião, pensei: “Poderia ter sido eu!”. Em quase trinta anos de atividade, isso nunca tinha me acontecido, antes. E pela primeira vez, me coloquei no lugar dos familiares das vítimas que, aos poucos, foram chegando para fazerem o reconhecimento
Famosos, anônimos, estrangeiros ou não, todos tinham algum propósito de estarem naquele Boeing e, dentro de alguns instantes, serem reduzidos a quase nada. Algumas identificações tiveram de ser feitas por meio da arcada dentária ou impressões digitais.
Finalizado todo o trabalho, voltei para a casa e tirei uma semana de folga, mas achei melhor converter em um mês de licença. Quem sabe, esse não seja o momento adequado para eu me aposentar? 



Confiram hum page Minha los Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746

Caso me desejem adicionar nenhum facebock Meu, Acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem also hum fà página Fazer facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Conto- Encontro Casual

Encontro Casual

Eric do Vale

“Se você vier
Me perguntar
Por onde andei
No tempo em que
 Você sonhava”
(Á Palo Seco: Belchior)


Este era o espaço ao qual se referiu: um prédio amarelo e branco de quatro andares. E em frente à esse edifício localizava-se um trailer, onde, toda sexta-feira, eu me reunia com os meus amigos.
- Então, você me viu? _ Perguntei.
-Sim.
-E me reconheceu?
-Claro, senão eu não estaria, agora, falando com você.
Fazia mais de duas décadas que não nos víamos e pelo que me lembro, jamais fomos tão próximos. As nossas conversas nunca passaram de um “oi”. Na verdade, houve uma única vez em que dialogamos e até me lembro do assunto: profissões. Quando me falou que estava no último ano do curso de Direito, tamanha foi a minha admiração:  
-Lembro-me que, naquela época, você já aspirava fazer esse curso, em virtude de um parente seu, se não me engano.    
-Como assim?
-Você havia me dito que queria estudar Direito, porque maravilhou-se com o escritório de advocacia do seu tio ou tia, não sei.
-Nossa, você tem uma memória privilegiada! Eu não me lembro de ter dito isso!
-Mas, eu me lembro.
-Graças a sua boa memória, fico feliz em saber que, naquela época, eu já manifestava o desejo de seguir carreira nessa área!
            Desde que nos reencontramos, por meio de uma rede social, o nosso contato continuava o mesmo: formal e distante. Mas, isso mudou, a partir do momento em que me enviou esta mensagem:
- Você mora no mesmo prédio do meu pai.
- Ele mora na rua...
-Não sei o nome da rua, mas vi você lá.
-Viu?
-Em frente a um trailer.
-Trailer?
-Sim, sim. O meu pai mora lá.
- O seu pai mora no Edifício...
- Eu não sei o nome. É um prédio de três ou quatro andares e o meu pai mora lá, em frente a um trailer.
Horas depois, quando terminamos de conversar, é que eu me dei conta de qual prédio estava se referindo. 








Confiram hum page Minha los Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746

Caso me desejem adicionar nenhum facebock Meu, Acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem also hum fà página Fazer facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto






quinta-feira, 4 de junho de 2015

Conto- No Encalço

Eric do Vale
Sequer teve tempo de dizer “ai”, assim que recebeu a azeitona, e caiu mortinho da silva. Levei três dias para me certificar de que o prazo de validade dele estava mais do que expirado. Custei bastante para encontrá-lo e quando soube onde, atualmente, morava, arquitetei, num período de trinta dias, milimetricamente um plano para ir até lá.
Aluguei um carro em nome de Gustavo Barroso, conforme informava a minha identidade e para todos os efeitos, estava lá a trabalho. Essa foi a justificativa que dei ao recepcionista do hotel, quando preenchi a ficha de hospedagem. Achei coerente dizer que era biólogo, porque aquela cidade situava-se em uma zona litorânea e repleta de riquezas naturais.
 Diariamente, eu saia do hotel com o pretexto de fazer pesquisas de campo e não foi muito difícil saber o paradeiro dele, visto que era uma pessoa muito popular. De acordo com o que apurei, a população daquele vilarejo estava mais do que vacinado contra as “penduras” dele, principalmente os cheques, sempre voadores, aos quais, habitualmente, depositava por aí. Sem falar de outro robe que ele tinha: extorquir dinheiro de muita gente por meio de chantagem.
Aquilo, para mim, não era nenhuma novidade, porém o que me deixava pasmo era como esse vigarista permanecia vivo. Pelo jeito, ele estava fazendo hora exta, aqui na Terra.
 Era quase meia noite e nenhum sinal de uma viva alma, fiquei de tocaia, há alguns metros da casa dele, e assim que o vi chegando, eu o abordei:    
-Satisfeito em me ver? Você não disse que, um dia, teria o desprazer de ficar cara à cara comigo? O prazer é todo meu.
Saquei a silenciadora e acertei o coração dele. Por uns segundos, estimei aquela imagem agonizante até ele dar o derradeiro suspiro. Era um a menos. Entrei no carro, descarreguei a pistola e a coloquei no porta-luvas.
Assim que cheguei no hotel, tomei banho e fui dormir. A notícia da morte dele havia se espalhado por toda a cidade como fogo de palha. Houve quem dissesse que aquilo foi coisa de marido traído, porque ele também gozava da fama de D. Juan.
Encerrei a minha conta e fui embora. Convicto de que já estava distante, há vários quilômetros, daquela cidade, parei o carro e joguei a arma no mar junto com o pente. Devolvi o veículo dentro do prazo e em perfeito estado. Logo depois, tomei um táxi em direção ao aeroporto, onde segui viagem e retornei à minha vida normal.
Tanto em casa, quanto no trabalho todos queriam saber sobre o meu parente distante e eu respondia:
- Descansou. Tendo vivido por muito tempo, nada mais justo.
Finalmente, eu a encontrei! Até que não foi tão difícil, assim. Coletado informações, aqui e ali, descobri onde ela morava e em pouco tempo, já sabia de cor todo o itinerário dela.
Pensei em mandar-lhe uma mensagem do tipo: “Acidentes acontecem”, mas isso seria burrice. Desde que não fosse manuscrito, poderia enviar um bilhete com palavras recortadas de jornais dentro de um envelope em branco e depositá-lo por debaixo da porta da casa dela, no entanto o local onde morava era muito movimentado e não seria muito difícil de alguém me reconhecer.

Continuei acompanhando os passos dela sem ser notado até que, uma noite, a avistei caminhando sozinha. Não havendo ninguém por perto, dei a partida no carro e acelerei...






Confiram hum page Minha los Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746




Caso me desejem adicionar nenhum facebock Meu, Acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem also hum fà página Fazer facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto