segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Conto- Um Peixe Fora D´Água

Eric do Vale


Relutei em passar uns dias na casa da minha colega e questionei:
 -E as provas?
- Estuda depois. _ Respondeu a minha colega.         
-Depois? Elas vão começar na próxima semana.
- João, você precisa se divertir um pouco. As meninas estarão lá.
                        - Nenhuma delas estão aí pra mim e você me disse que a Tamires me acha um chato.
                        -Sim, eu falei. Mas deixa pra lá.
                        -Deixar para lá?
- Ora, João, desencana! Seja mais descolado, cara!
Ela terminou me convencendo e eu procurei seguir os conselhos dela. No entanto, os efeitos foram colaterais: quanto mais tentava me enturmar, mais o pessoal se afastava de mim.
Antes de dormir, lembrei-me de um trecho daquela canção, O Caderno, que diz: “Sofrer nas provas bimestrais” e constatei: “Deveria ter ficado em casa”.
Senti alguém me sacudindo, era a minha colega com uma cara emburrada dizendo:
-Está na hora de acordar, são nove horas.
Tomei um banho frio convicto que jamais deveria aceitado aquele convite.
Quando fui tomar café, percebi que o astral naquela casa não estava muito bom. Depois de ser repreendida pelos pais, essa minha colega, certificando-se de que não havia ninguém por perto, falou asperamente para mim:
- Eu te disse...
Ela tinha que descontar em alguém. Então me questionei: “Por que é que eu não fiquei em casa?”.





terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Conto- Só O Tempo

Eric do Vale


“É estranho como é triste
É estranho como olhar pra trás
É estranho como é estranho
Esquecer um nome.”
 (Extraño: Thedy Correa)


Alheia a tudo, ela continua brincando, correndo e sorrindo sem fazer ideia do que está acontecendo em sua volta; enquanto todos que a cercam procuram uma forma de se adequarem aquela realidade.
É pouco provável que ela, naquele momento, saiba o que realmente esteja se passando. Naquelas circunstancias, qualquer um preferiria ter a idade dela só para não encarar aqueles últimos acontecimentos.
Qual ser humano, em sã consciência, chegaria para ela, uma criança de três anos de idade, e diria o que tinha acabado de acontecer com a mãe dela? Ninguém. Mesmo utilizando-se de palavras amenas, nenhum indivíduo teria o direito ou coragem de fazer isso.
Seria muito bom, se todos fizessem de conta que nada daquilo aconteceu; mas, infelizmente, as coisas não funcionam desse jeito. Assim como os demais, ela não consegue entender direito tudo aquilo e, talvez, seja muito provável que custe a compreender. Como é possível tentar entender algo que não tem explicação? 

.  

domingo, 18 de dezembro de 2016

Conto- Bem Que Eu Avisei

Eric do Vale


Fiquei sem chão, quando recebi, pelo telefone, aquela notícia
-Falta de aviso não foi_ Disse o meu colega do outro lado da linha. 
Por mais que eu alertasse, sabia que estava gastando o meu vocabulário à toa.
-Não faça isso, porque você vai acabar se dando muito mal.
Ao tomar conhecimento do desfecho daquela história, pensei: “Eu sabia! Eu sabia!”.
 Todo mundo estava ciente de como aquilo iria terminar. Minto, nem todo mundo.
Assim que desliguei o telefone, lembrei-me do derradeiro dialogo que tivemos:
-Existem outras maneiras de contornar essa situação. _ Eu disse.
-Eu me garanto. 
Pergunto: e agora?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Conto- Lembranças

Eric do Vale



O solo do piano somado com o da bateria davam a deixa para cantar aquela canção: “Every single day i think of the times when you still mine and i´m blue”. Assim que acordei, comecei a cantá-la. Eu tinha uns nove anos, quando a ouvi pela primeira vez, em um comercial de televisão.
As luzes já haviam sido apagadas e o motorista sintonizou o rádio em um volume baixo para não acordar os passageiros, quando tocou essa música. Era a primeira vez que eu a escutava na integra. Naquela época, eu não entendia nada de inglês, mas percebia que aquela canção apresentava uma certa melancolia e um quê de nostalgia.
Quando estava cursando o terceiro ano, costumeiramente eu voltava para a casa de carona com os pais do meu colega de classe. Legião Urbana, U2 e Nazareth faziam parte da fita K7 que, com frequência, era tocada no rádio daquela Quantum azul metálica.
Sempre que tocava Love Hearts, eu me lembrava da minha mãe dizendo que, quando jovem, tinha horror ao Nazareth, especialmente a essa música. Além de recordar daquela viagem de ônibus e do comercial da televisão, Where Are You Now possibilitava-se sentir saudades de algo ou de alguém que eu não sabia direito do que era.
  Naquela manhã, quando acordei e comecei a cantarolar aquela música, correu-me a ideia de escutá-la analisando a letra dela. Na primeira estrofe, o autor dizia estar triste por se lembrar de alguém, provavelmente um antigo amor, todos os dias e que sabia que era preciso esquecê-la. 
O comercial da televisão, a viagem de ônibus e a carona que eu costumava pegar com os pais do meu colega de classe, vieram à tona, naquele momento. Além disso, lembrei-me de outras pessoas, de outros acontecimentos que possibilitaram com que a emoção tomasse conta de mim. 

domingo, 11 de dezembro de 2016

Poesia- Tempo

O tempo,
Sempre o tempo!
Quanto tempo!
Quanto tempo?
E como tudo
Só depende dele,
Deixemos a cargo do tempo.


sábado, 10 de dezembro de 2016

Poesia- Atrapalhados

Eric do Vale


Atrapalhados somos todos nós,
Você e eu, que sempre nos atrapalhamos
Sem nos atrapalharmos
Parra demonstrar
O quanto nos amamos.

Poesia- Sorte Minha

Eric do Vale


Ah se os homens soubessem!
Felizes seriam todos eles
Na alegria de ter uma mulher
Como você!
Sortudo sou eu
De ter você ao meu lado!

Conto- Marca Registrada

Eric do Vale


Não conversamos mais do que cinco minutos e ao nos despedirmos, esse meu conhecido meu falou:
-Da próxima vez...
-Arrume alguém que saiba argumentar. _ Interrompi.
Caímos na risada.
Apesar de fazerem mais de dez anos que não nos víamos, eu tinha certeza de que ele iria dizer aquilo.
Quando estudante secundarista, havia, na minha classe, um cara de temperamento forte e que não admitia ser contestado por ninguém. Quis o destino que, uma vez, viéssemos a nos confrontar.
Não me lembro ao certo sobre o que estávamos conversando e por mais que eu tentasse ser político, esse rapaz alterava a voz.  Vendo aquilo, um colega meu saiu em minha defesa e partiu para cima dele.
A pancadaria instaurou-se naquela sala de aula, sobrando até para o pobre do professor. Todos os envolvidos naquela confusão, inclusive eu, foram punidos com um dia de suspensão.
-Apesar de eu estar te punindo, o meu conceito com você continua o mesmo. _ Disse o coordenador para mim. – Só te dou um conselho: da próxima vez, arrume alguém que saiba argumentar.
A história da briga perdurou por um dado momento, assim como esse conselho que o coordenador me deu.  Os mais próximos, sempre que me viam, falavam:
-Da próxima vez, arrume alguém que saiba argumentar.
E assim tem sido, desde então, 



Bruxa A Solta

Eric do Vale


O desejo de tirar umas merecidas férias decorria de, naquele momento, encontrar-me na metade do curso ao qual vinha me dedicando com afinco, desde o início das aulas. A medida em que eu ia estudando, emergia o desejo de que aquele semestre chegasse ao fim o mais breve possível.
 No finalzinho da tarde, daquela quarta-feira, pensei: “Falta apenas uma semana para as provas começarem!”. De repente, o meu celular começou a apitar aquele som de recebimentos de mensagens, muito conhecido pelo Watzzap. 
O grupo da nossa classe não parava de interagir e pelo que verifiquei, na primeira mensagem, dizia o seguinte: “Fiquei sabendo de que, agora há pouco, aconteceu um acidente na BR ... E que três pessoas morreram Parece que são estudantes da nossa faculdade...”.
Ao ler aquilo, pensei: “Queira Deus que não seja verdade.”. Mas, infelizmente, a informação procedia, conforme um professor nosso veio nos informar, minutos depois. As aulas foram suspensas e as provas adiadas.
Nos dois dias em que não fui a faculdade, uma coisa martelou na minha cabeça, por um longo período: “Que ano!”. Crises, tragédias, gente boa indo embora... Esse semestre então...
Listei uma porção de coisas que caracterizam aquele fatídico ano e pensei: “Basta! Esse ano já deu o que tinha que dar. Tomara que termine logo!!”. Tal pensamento adquiriu mais força, quando, sete dias depois, fui surpreendido com mais outra notícia desagradável: o desastre aéreo com a delegação do Chapeó. 



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Poesia- Enaltecer II

Eric do Vale

Quantas vezes
Eu já te falei?
Não sei
Ou, talvez,  saiba.

Já perdi a conta
De quantas vezes
Eu te falei que
Te admiro muito
E cada vez mais 
Eu te admiro. 

Mesmo assim, 
Afirmo, novamente, 
Que fico mais ainda
Maravilhado por você. 

Poesia- Enaltecer

Eric do Vale


A orquídea do meu orquidário
É a rosa da minha roseira,
Flor do meu jardim 
Que floreia o meu dia
Cuja alegria
Tanto me contagia
E norteia o meu caminho.
O que mais poderei dizer?
Digo isso e um pouco mais disso
E ainda sim, é pouco. Muito pouco.
E o pouco que me falta
É muito para demonstrar
A grandeza do meu carinho
por você.


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Conto- O Mala

Eric do Vale

Eu não tinha a menor obrigação de ajudá-lo e mesmo assim, o fiz. Por quê? A única justificativa plausível que encontrei foi esta: tenho um coração mole. Quando vi que ele tinha colado tudo da internet sem se dar ao trabalho de mudar a fonte e ler o conteúdo, pensei “Se ele entregar desse jeito... Não quero nem pensar nisso!”.
            -Você não vai precisar trabalhar muito, só umas coisinhas bobas que eu colei da internet. _ Disse ele.
            Lembrei-me dessas palavras, no instante em que me deparei com o trabalho dele: Pensei: “Algumas coisinhas?  Ele está brincando com fogo!”.  
Custo, a acreditar que esse indivíduo não tenha pesquisado na apostila que eu havia lhe emprestado, no início desse semestre, em que destaquei todos os tópicos importantes Bastava apenas um mínimo de boa vontade!
Uma vez, apresentamos um seminário juntos e ele sequer disse uma palavra.
-Como o seu colega falou muito, queria ouvir a sua opinião. _ Falou o professor para ele, após a apresentação.
A medida em que ia enrolando, o professor lhe bombardeava de perguntas. Pensei que, naquele momento, tudo fosse por água abaixo. Após a aula, eu disse para ele:
-Tome jeito, homem!
Ao digitar esse trabalho, encaminhei para o e-mail dele e pensei: “Eu vou para o céu!”. Em seguida, telefonei-lhe:
-Terminei. Aconselho a dar uma lida, antes de entrega-lo.
-Não vai ser necessário.
-Por quê? 
-É só entregar e pronto. Desde já, muito obrigado.
-De nada.
-Você não sabe como nós lhes somos gratos.
-Nós? 
-O trabalho era em grupo, composto por cinco pessoas.
Filho de uma égua!


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Conto- Cadê Ela? (Garganta Profunda)

Eric do Vale


Ela está uma gata! Ao encontrá-la, pela rede social, fiquei bastante animado, pois não a via desde que terminamos o terceiro ano. Vendo-a agora, lembro-me daquelas cortesias que ganhei para o cinema e me pergunto: “Por que não deu certo?”.
Conforme pude verificar, tínhamos um amigo em comum. Por isso, o procurei e perguntei se ele a conhecia.
-Mas é claro que a conheço, por quê? _ Disse ele.
-Por nada.
Dias depois, ele me perguntou:
-Você era a fim dela?
-Não.
-Então, por que quis saber se eu a conhecia?
-É que fomos colegas de escola.
Sempre que me via, perguntava:
-E aí?
-E aí, o quê?
-Ora essa!
Toda vez que ele falava dela, fazia alusão ao apelido que ela tinha, Garganta Profunda.
Um dia, quando perguntou dela, me fiz de desentendido e dei um sorriso amarelo. Robertão, um conhecido nosso, vinha passando e foi abordado por ele:
-Pergunta para o nosso amigo, aqui, sobre a Garganta Profunda.
Robertão não entendeu nada e ele explicou-lhe tudo detalhadamente.
-Cadê ela? _ Perguntou Robertão.
Levei aquilo na esportiva, mas, dias depois, Robertão, assim que me viu, perguntou:
-Cadê ela?
Era só o que me faltava! 

sábado, 12 de novembro de 2016

Conto- Recalque

Eric do Vale


- Precisamos conversar. _ Disse Minerva.
            Fiquei cismado com aquele tom de voz dela
- Que história é essa de você enviar mensagens para a Nalva? _ Perguntou Minerva.  
Utilizei o mesmo argumento de outrora:
-Foi engano.
-Engano? 
Finalizei dizendo que havia pensado que aquela mensagem tinha sido enviada para a Narcisa.  Quando me dei conta de que tinha enviado a mensagem para a pessoa errada, escrevi: “Por favor, desconsidere esta mensagem, foi um engano.”.
Dias depois, encontrei Nalva conversando com Minerva e falei:
-Aquela mensagem não era para você, por isso me desculpe.
-Sem problemas. Eu até estranhei.
-Era para a Narcisa.
- O que foi que houve? _ Perguntou Minerva.
Nalva relatou-lhe o que tinha acontecido e então, pude notar, naquele momento, que Minerva me olhava de uma forma não muito agradável.
Seria pura desonestidade de minha parte dizer que não achei a Nalva bonita, quando a vi pela primeira vez. Ao se despedirem, perguntei, discretamente, a Minerva quem era ela:
-Nalva, ela trabalha no setor... _Respondeu Minerva. -Ela é casada e tem dois filhos. _ Percebendo que eu fiquei bastante balançado.
? 
-É.
Agora, lembrando disso, observo que Minerva não gostou da forma como eu olhei para ela.
-Eu também sou casado. _ Falei.
-Sei disso.
A conversa terminou ali.
            Qual o problema de achá-la bonita? Apesar de eu ser casado, e ela também, nada me impede de sentir-me maravilhado com a beleza dela.
Por que fui me desculpar com a Nalva na presença da Minerva?  Lembro-me de que assim que pedi desculpas, vi as duas conversando por um longo período. Provavelmente, devem ter falado de mim. Estou certo disso, porque, no dia seguinte, Minerva, ao me ver chegar, veio me pedir explicações sobre tal ocorrido.
Noto que, de uns tempos para cá, Minerva vem me tratando com uma certa frieza. Custo a entender o motivo dela passar a agir assim comigo. Por que Minerva se importaria tanto com isso? 

domingo, 30 de outubro de 2016

Conto- Sementes E Frutos

Eric do Vale

“Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade”
(Preludio: Raul Seixas)


Aquelas palavras nunca saíram do pensamento “Você tem que visualizar as suas conquistas. E não apenas isso, deve também deve sentir-se como se já tivesse conquistado.”. Por isso, imaginou que aquele modesto quarto de estudo como um prospero consultório médico ou um respectivo escritório de advocacia.
Sempre que ia para a faculdade, imaginava-se trajando uma roupa branca, ou um terno e gravata, segurando uma pasta de couro, ou uma valise, em direção a uma consulta ou audiência.
Dentro do seu escritório, ou consultório, lembra-se daqueles tempos de estudante; o consultório, ou escritório, no quarto de estudos de outrora. Nas consultas, ou audiências, que, hoje, fazem parte de sua rotina recorda-se, com frequência, daqueles dias em que ia para a faculdade na busca de suas realizações.
E aquelas palavras... O que mais lhe confortava era saber não havia mais precisão de visualizar as suas conquistas e, muito menos, senti-las como se já tivesse alcançado tais objetivos, porque tudo, agora, estava sendo vivenciado.

.

Conto- Maus Bocados

Eric do Vale

Ninguém perguntou nada, quando a viram chegando de mala e cuia, mas todos, daquela cidade, sabiam que alguma coisa tinha acontecido. Uma mulher como ela poderia ter o homem que quisesse, mas preferiu entregar-se justamente aquele sujeito. Meses depois, eles haviam se casado até evaporarem.
Descobriu-se, pouco tempo depois, que aquele homem, assim como os familiares dele eram procurados pela polícia, em virtude de vários golpes. O que ela viu naquele sujeito? Essa era a pergunta que todos os habitantes daquela cidade faziam. 
Durante três anos, ela comeu o pão que o diabo amassou. Se conviver com o marido já era um inferno, com os sogros então... Ainda mais que esses dois eram a personificação do demônio.
Há quem fale que ela sofreu cárcere privado e, várias vezes, alguém tinha que avisá-la que a sogra estava chegando para ter tempo de trancar-se no quarto, porque essa queria assassiná-la.  Aquele pessoal teve a proeza de surrupiar todas as economias que ela havia juntado, depois de muito trabalho.
Lá estava ela, com a mão na frente e a outra atrás, e longe de ser aquela mulher esfuziante de outrora caminhando, com um olhar vago, em direção a casa dos pais, onde nunca deveria ter saído. 
-Como vai o seu marido? _ Perguntou alguém que a viu. 
-Morreu. _ Respondeu secamente.
-Eu sinto muito!
Ela não deu importância e ao e pensou: “Morreram todos, para mim”.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Poesia- Um Dia

Eric do Vale

Se não for Vai ser
Se não foi hoje
Amanhã, talvez,
Outro dia, quem sabe
Aqui estamos
E por aí nós vamos.


Conto- Elas E Eu

Eric do Vale

A minha mulher me mataria, pois associaria o nome dela a outra e o que é que eu iria dizer? Certamente, falaria:
-Amor, não é essa... Tem uma outra da chamada...
Então, eu me complicaria todo.
Sou adepto da ideia de que há coisas que nunca devem ser ditas, nem mesmo para um padre, durante a confissão, e a um analista, no meio de uma sessão.
Fico só me imaginando deitado em um divã dizendo: "Doutor, eu não sei o que há comigo, mas, de uns tempos pra cá, percebi que não posso conhecer nenhuma mulher com esse nome...".
A primeira... Ah, a primeira!  Quando me lembro dela, associo a nossa história a uma sinopse de novela. Por que acabou?  Sempre que me faço essa pergunta, tenho vontade de voltar no tempo e concertar toda a burrada que fiz.
A número dois, não sei o que foi que aconteceu. Ainda hoje, eu me pergunto: “Por que parou? Parou por quê?”. Eu a quis e ela bem sabe disso. Agora, é a terceira, fora uma outra...Além do nome, elas são iguais em tudo: beleza, personalidade e possuem muito fogo. Não sei o que faço! Por que eu? Por que elas?


Conto- Viagem

Eric do Vale


a)      A Ida

Chamava-me a atenção o andar daquele homem:  era todo desengonçado; parecia que iria cair no chão. Ele continuou cambaleando até pegar um pedaço de pau e jogá-lo na janela do ônibus, onde eu estava.
- Ainda bem que não era uma pedra, porque quebraria o vidro _ Comentou um passageiro. 
Quando isso aconteceu, o ônibus já estava em movimento.
A minha prima, que me acompanhou nessa viagem, falou, assim que chegamos, para uns parentes nossos sobre um homem que entrou no ônibus, onde estávamos, dizendo-se padecer de problemas mentais e depois, quis arranjar briga com os passageiros.
Impaciente, o motorista, ajudado por dois passageiros, colocaram- no para fora do ônibus. 
-Ele saiu todo desequilibrado, pegou um pedaço de pau e atirou contra a janela do ônibus. _ Falou a minha prima.
Até hoje, eu não entendo como não fiquei a par do que estava acontecendo a minha volta.





b)     A Volta

Se não me engano, fazia uma hora que estávamos na estrada, quando um homem começou a falar muito alto. Percebia-se que ele estava bastante alterado e falava frases desconexas. 
Naquele momento, o rádio, estava ligado e tocava aquela música Vou de Táxi.
-Desliga essa... senão, eu vou quebrar... _   Gritou esse homem, conforme ia falando os mais variados palavrões.
O motorista, naquelas condições, desligou o rádio. Mesmo assim, ele não cessou com os xingamentos;
De repente, o ônibus parou para receber os passageiros de um outro ônibus que havia quebrado, conforme vim saber, tempos depois, pelo meu pai:
-Quando eu vi aquele povo chegando, estava vendo a hora daquele cara surtar de vez. _ Disse o meu pai para um conhecido dele.

A viagem prosseguiu e apesar de me sentir cansado e tenebrosos com a fúria daquele homem, servia-me de consolo saber que, logo mais, eu estaria em casa dormindo na minha cama. 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Poesia- Tudo E Nada

Eric do Vale


Tudo é tudo
E nada é nada
Ou, quem sabe,
Tudo e nada
E nada é tudo.
Uma vez que
Do nada
Nasci tudo
E do tudo
Se reduz a nada.


domingo, 16 de outubro de 2016

Poesia- O Inexplicável

Eric do Vale


Explicar
O inexplicável
Aquilo
Que
Não
Tem
A
 Menor  
Explicação,
Tonando-se
Impossível
De
Se
Chegar
A
Uma
Conclusão. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Conto- De Algum Lugar Para Algum Lugar

Eric do Vale


“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã”
(Nada Será Como Antes: Milton Nascimento& Ronaldo Bastos)


Aquele mês de janeiro, significava para mim, em todos os sentidos, o surgimento de um ano novo. O que, antes, era encarado como um martírio, significava, agora, um ato meramente burocrático.
Por que tinha que me preocupar com aquilo? Levando-se em consideração que eu já havia sido aprovado no vestibular, inexistia qualquer motivo para, naquele momento, me preocupar se passei de ano, ou não.
Assim que peguei o meu boletim, alguém tocou no meu ombro. Era um colega meu de classe.
-Vim pegar o meu boletim. _ Disse ele.
-Eu também.
-Passei.
-Passamos.
-Graças a Deus! Acredito que ninguém, da nossa sala, ficou reprovado.
- Também acho.
Conversamos bastante, à medida que fomos caminhando pelas galerias do colégio. Não me lembro ao certo sobre o que dialogamos, mas, se não me falha a memória, falamos sobre muita coisa referente ao passado, presente e futuro.
O que me chamou a atenção, naquele instante, foi ver os corredores vazios e observar o silêncio absoluto que reinava naquela escola.   Mas, eu sabia que, dentro em breve, tudo aquilo voltaria ao normal. Minto, nem tudo...
Dirigimo-nos até a recepção e ao atravessarmos aquele portão de ferro, ele falou:
-Entramos juntos e juntos sairemos.
Ele tinha toda razão em dizer aquilo.
Uma sensação de alivio, liberdade, dever cumprido e saudade mesclaram-se, quando deixamos aquele espaço.
 Não me lembro se chegamos a nos despedir e prefiro acreditar que isso sequer tenha acontecido, melhor assim. Lembro-me apenas que cada um, naquele momento, tomou uma direção e seguiu o seu rumo. 



terça-feira, 11 de outubro de 2016

Conto- O Aviãozinho De Papel

Eric do Vale

Para Lívio de Carvalho Coelho Chagas

No primeiro ano, do Ensino Médio, tínhamos um professor de física cujas aulas dele eram inesquecíveis Não que ele fosse o as dessa matéria, nada disso; o que tinha de bom na física, era uma negação na língua portuguesa:
-Vou dar um ixemplo pra vocês. _   Dizia ele.
A priori, pensava que essas gafes que ele cometia na língua portuguesa era passava um chiste dele, mas não era.
Certa vez, ele falou:
-Quando o movimento é pusitivo, ele sobe. Do contrário, ele desce para baixo.
Um dia, esse professor escreveu a palavra trem, no quadro, corretamente e alguém falou:
-Professor, tem termina com N.
Ele, então, apagou   a letra M e acrescentou o N.   
Quando ele se invocava... Na hora de excluir um aluno de sala:
-Pa fora! Eu avisei, eu avisei, eu avisei!
Esse professor cismou com um colega nosso e com toda razão: além de repetente, ele fazia mil e uma artimanhas na aula dele. Se já era engraçado vê-lo colocando um aluno para fora de sala, tornava-se mais cômico quando era esse nosso colega:
-Oh, tu! Pa fora!
-Não, por favor! Por favor!
-Eu avisei, eu avisei, eu avisei!
-Por favor!
Um dia, esse professor estava corrigindo as nossas provas e passou um exercício para resolvermos. Além de não termos feito coisa nenhuma, fizemos uma guerra com as bolinhas de papel.
Eu fiz um aviãozinho de papel e inventei de jogá-lo em um colega meu. Contudo, a porcaria do avião mudou a trajetória e pegou justamente no rosto do professor. Pensei: “Danou-se!”.
O professor levantou-se e falou:
-Eu vi, foi tu! _ Apontando o dedo. Para mim. - Pa fora!
Eu já ia fazendo isso, quando escutei aquela gritaria:
-Não fui eu! Não fui eu! Eu juro!
Era aquele cara que o professor tinha marcação.
-Eu avisei, eu avisei, eu avisei! _ Falou o professor.
-Mas, não fui eu! _ Gritou ele.
-Foi sim.
-Não fui eu nada!
-Foi você, sim. Eu vi.
 No mesmo instante em que joguei o avião, ele tinha atirado uma bolinha de papel em não sei quem Logo, o professor pensou que tivesse sido ele.
-Professor, fui eu_ Falei.
-Nada disso, foi ele.
Restou-me, então, ir até a coordenação, confessar tudo e livrar a cara desse meu colega. 
-Ele não jogou o avião no professor, fui eu. Mas, uma coisa eu te garanto: foi sem querer. _ Eu disse.
-Você? _Indagou o coordenador. – Meu camarada, como é que você faz uma coisa dessa? Justo você! Mesmo assim, terei que punir o seu colega, em virtude do histórico dele.