Escrever é muito bom, embora seja
algo trabalhoso. Essa foi a afirmação que utilizei em uma crônica, escrita há
tempos atrás, para classificar o oficio da escrita e agora, faço questão de
reafirmar reforçando o seguinte: escrever é dificultoso, mas organizar um livro
é duas, três e até quatro vezes mais complicado do que se possa imaginar.
Falo isso por experiência própria: quando
comecei a organizar os meus textos em um único arquivo, verifiquei que possuía
dois livros prontos, um de contos e outro de poesias. O próximo passo, foi
enviá-los a uma editora e assim o fiz.
Para minha surpresa, duas
editoras manifestaram interesse em publicar dois livros deste aspirante a
literato e, até então, desconhecido de todos. Enquanto lutava pelo meu espaço
no mercado editorial, queriam eles, a todo custo, realizar a minha vontade. Era
a fome associada a vontade de devorar o prato. Mas, no final das contas,
nenhuma parte chegou a um acordo.
Paralelamente, comecei a escrever
de forma corriqueira e já possuía material de sobra para publicar mais de um
livro. Novamente, enviei todo o conteúdo para as editoras e a história
repetiu-se: nenhuma das partes chegou a um consenso. Pudera, o mercado
editorial no Brasil é algo penoso, sobretudo para alguém desprovido de algum
apadrinhamento, como eu.
Acredito que foi melhor assim,
dispus-me de tempo suficiente para trabalhar na produção textual até que eu
pudesse certificar-me de que tudo estava definitivamente pronto.
Volta e meia, alterava o conteúdo
dos meus livros: incluía um texto aqui; excluía outro ali e, quando necessário,
recolocava-o em seu devido lugar. Quantas vezes fiz isso? Não sei. Mas
lembro-me perfeitamente da última vez que isso aconteceu: era uma sexta-feira
e, de repente, lá estava eu, de frente para o computador, repetindo o mesmo
ritual.
Agradeci e, até hoje, agradeço a
Deus por não ter assinado contrato com nenhuma editora. Por um segundo,
visualizem Tim Maia e o João Gilberto, incorporados em uma só pessoa, somando
com as manias de Roberto Carlos. Esse era eu. Este trabalho, no entanto,
trouxe-me um resultado positivo: nove livros prontos, seis de contos e três de
poesias. Cabe-me, agora, enviar esse material para uma editora.
Obviamente, não enviarei todo o
conteúdo de uma vez só. Por isso, selecionei meus três primeiros livros, dois
de contos e um de poesias. E me pergunto: como irão os editores atuar, quando
analisarem todo esse material? Fico aqui imaginando as posturas deles, quando,
no devido tempo, lhes contar que tenho outros tantos livros prontos paras serem
editados. E se eu relatasse a eles a minha odisseia?