Eric do Vale
Tava queimando na estrada
Ao sol do meio-dia
E, de repente, o rádio tocou
Cena de cinema (Lobão, Bernardo Vilhena & Marina Lima: Cena de Cinema)
Ao sol do meio-dia
E, de repente, o rádio tocou
Cena de cinema (Lobão, Bernardo Vilhena & Marina Lima: Cena de Cinema)
Emprestei o cartão de crédito para alguém daqui de casa que, por sua vez, delegou a outra pessoa, também aqui de casa, a tarefa de sacar o dinheiro no banco. Depois veio me pedir de volta, então perguntei:
- Mas não está com você?
-De jeito nenhum, eu te devolvi!
-Nada disso!
Por via
das duvidas, fui procurá-lo nas minhas coisas, mas não encontrei. A busca frenética pelos cômodos do
apartamento encerrou-se quando concluí que na falta de um responsável, o cartão
“tomou Doril”.
Solicitei a segunda via que ficou de chegar a
minha residência dentro de quinze á vinte dias. Estranhei o fato dele não ter
vindo no décimo quinto dia. Como estava dentro do prazo, aguardei por mais
quatro dias. Com freqüência, eu perguntava ao porteiro:
-Não veio nada pra mim?
-Não senhor.
Esse
interrogatório só teve fim quando resolvi ir à agência a fim de saber o que havia
acontecido.
Visto que no dia seguinte os bancos entrariam em
greve, saí, pontualmente, de casa rumo ao shopping, onde fica a agência. Expliquei
a situação ao caixa que me sugeriu procurar os correios. Seguindo conselho dele,
soube que o cartão estava numa dependência próxima a minha casa, porque o
carteiro não conseguiu encontrar o numero. Lá chegando, fui informado de que
ele havia sido devolvido ao banco. Nesse momento, eu quis incorporar o
personagem do Michael Douglas, no filme Um
dia de Fúria, e não cessava em dizer: “Quem deveria passar por isso era o
filho de uma égua que perdeu o cartão!”.
Regressei ao shopping, narrei tudo ao gerente que
confirmou os meus dados e detectou um erro no número da casa. Provavelmente,
isso foi a causa dessa via crucis. Mesmo assim, afirmou que o cartão não estava
no banco e aconselhou-me a pedir informações nos correios. Fui até lá, propenso
a ter um colapso, e contei tudo à atendente que indagou:
-Se incomoda de eu resolver isso depois? É que
está na hora do almoço...
-De jeito nenhum. A propósito, você não é daqui?
-Não, sou de São Paulo.
Logo vi:
loirinha, pele alva e com um jeito diferente de falar! Quando ela saiu para
almoçar, eu fiz o mesmo e bati perna pelo shopping.
É incrível como um detalhe pode mudar tudo. Instantes
atrás, eu me encontrava praguejando aquela situação e depois passei a enxergá-la
com resiliência: “Eu tinha que perder o cartão... tinha que passar por isso!
Nada é por acaso!”. E não parava de pensar nela: “Eu deveria tê-la convidado
pra almoçar, mas deixa estar...”. Mesmo disposto em investir, procurava colocar
os pés no chão: “Devagar homem, você não sabe se ela tem algum compromisso. Vá
com calma!”.
Quando ela voltou, eu estava sentado num banco em
frente do correio. Fazendo um gesto para que eu a acompanhasse, disse-me:
-Pode me aguardar um instante, por favor?
Não tardou dez minutos e ela voltou com um papel
na mão dizendo:
-Seu Maurício, o seu cartão foi devolvido ao banco
na sexta-feira, às 15h30min...
-Muito obrigado! Vou resolver isso agora mesmo.
-Boa sorte!
Peguei o papel e saí em disparada pensando:
“Agora eu quero ver... qual será a desculpa?”. Fui em direção à mesa do gerente,
mostrei as informações no papel e repeti tudo o que ela tinha me dito. Ele se
levantou e, pouco tempo depois, entregou-me o cartão.
Solucionado o problema, rumei para o correio com o
pretexto de agradecer a ela a atenção que teve comigo. Contei dos perrengues
que atravessei com esse cartão e ela comentou:
-Você teve muita sorte, porque os bancos saem de
greve amanhã.
-Eu sei disso. E veja como são as coisas, quando
saí daqui você me desejou sorte e Deus te ouviu.
O diálogo foi emendado até o momento em que ela
falou que veio morar em Fortaleza por causa do seu marido que é cearense.
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Basta uma mulher bonita para mudar toda a perspectiva da tristeza heim? Esses contratempos da vida é o que nos faz pensar que não vivemos aleatoriamente no mundo.
ResponderExcluirÉ Daniel, nem tudo acontece por acaso... seja uma mulher bonia ou algo parecido, há males quem vem pro bem...
ResponderExcluirExcelente descrição do cotidiano que nos leva a altos e baixos, testa e incentiva e que nem sempre funciona ao nosso bel prazer mas que é delicioso viver!
ResponderExcluirAguardo sua visita e comentários: http://contosparavoce.blogspot.com.br/
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