sábado, 22 de agosto de 2015

Conto- Qual É A Sua?

                                                                                      Eric do Vale



Sempre puxava assunto comigo querendo saber sobre a minha cidade, alegando ter uma amigo que também residia aqui. Eu sabia perfeitamente qual era a finalidade daquele diálogo, por isso desconversava. Caso desse abertura, não custaria para, dentro de alguns dias, vir de supetão e bater à porta da minha casa, de mala e cuia. Trazendo consigo toda a trupe. 
  O tempo passou até que, um dia, veio me perguntar qual era o bairro onde eu morava. Falei um nome qualquer e então, perguntou:
- Rua?
-Por quê?
- Tenho um amigo que mora aí.
Novamente, a mesma ladainha. Ditei um nome fictício e mesmo assim, não desistiu:
-Número?
Nem preciso dizer que dei-lhe um número falso.
Dias depois, veio me perguntar:
-Quando você vai visitar os seus pais?
Aquilo foi a gota d´água para que eu disparasse:
- Por que quer saber?
-Não posso perguntar? O seu pai é meu tio.
- Eu sei muito bem que o seu pai e o meu são irmãos, por isso nós somos primos. No entanto, você e eu não temos nenhuma intimidade. Já se deu conta disso? Acho que não.Por um acaso, eu fico querendo saber da sua vida? Não. E sabe por quê? Porque ela não me interessa.   









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Conto- Persona Non Grata


Eric do Vale


“Eu sei, o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não me esqueci”
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos: Fera Ferida)


Quanto tempo, hein! Já não me recordo da última vez que nos vimos e aposto que você também não.  Hoje em dia, estas redes sociais tornaram-se ferramentas indispensáveis para aqueles que desejam reencontrar alguém, como é o nosso caso. Não vou mentir que muito me admirei de você ter me procurado e honestamente falando: preferiria que os nossos caminhos jamais se cruzassem. Entretanto, Deus é muito sábio e, certamente, não iria promover este “encontro” de forma casual.
Seja em virtude da nossa pouca convivência ou do nosso distanciamento, eu, particularmente, tenho dúvidas da possibilidade de virmos a ter algum vínculo, no futuro. Não me refiro exatamente a essas duas coisas, mas sim a sua pessoa.
 Ao que me consta, você não possuí uma harmoniosa relação com os seus familiares e além disso, há um outro motivo que considero bastante justificável e faço muito gosto de apresentá-lo: você nunca demonstrou simpatia pelos meus pais. Assim que eles se separaram, a sua primeira reação foi sair maldizendo da minha mãe, está lembrada? Caso contrário, eu me lembro, pois até para mim, que contava com sete para oito anos de idade, você falou horrores dela sem se importar com os meus sentimentos e sequer teve o bom senso de economizar nos chulos adjetivos aos quais prefiro não repeti-los. Quero também lembrá-la de que não foi só uma vez que isso aconteceu e essa mesma atitude, você, posteriormente, tomaria em relação ao meu pai.
Creio que você desconheça o real significado da palavra “respeito”, haja vista que este seu ar de “palmatória do mundo” tenha te possibilitado, sempre, passar por cima de quem quer que fosse. Ao fazer esse desabafo, percebo, agora, que você foi a primeira pessoa, senão uma das, que conheci, ao longo da vida, cujo passatempo consiste em espinafrar os outros, na proporção que se esquece de enxergar o próprio rabo.
Nunca foi segredo para ninguém que mesmo estando, por muitos anos, casados, você e o seu “digníssimo” marido vivem feito cão e gato em que, várias vezes, ele chegou a te bater. Provavelmente, isso tenha contribuído bastante para a formação dos seus dois filhos, tornando-os, assim, reflexos dessa “união”. O que dizer do mais velho? Tendo como referência um pai e uma mãe habituados a levarem vantagens em tudo, era inevitável não seguir os mesmos passos e vir a ser o que, atualmente, é: um grandessíssimo larápio. E por que não dizer: ladrão? Quanto ao caçula, o fato dele não falar é decorrência das inúmeras ocasiões em que assistiu a dantesca cena dos pais se digladiando.

Bem que eu gostaria de deixar para lá e fingir que nada disso aconteceu, porém tal comportamento não corresponde com a minha personalidade. Reconheço, todavia, que estou sendo muito cruel e por isso, peço desculpas. Atualmente, nada sei a seu respeito e nem me interessa saber. Também, não tenho ideia de como vai ser daqui para frente, mas é bem certo de que o tempo há de se encarregar disso.



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domingo, 16 de agosto de 2015

Artigo- Raio X

Eric do Vale

Uma vez que colocamos a para bater, as chances de sairmos ilesos   tornam-se mínimas ou nulas. Assim, aconteceu com a Dilma Rousseff, quando delegou plenos poderes à Polícia Federal para pudessem desenvolver um trabalho investigativo que, a torto e a direita, vem descobrindo inúmeros esquemas de corrupção. Pergunto: de quem é a responsabilidade?
Antes da gestão Lula e Dilma, quantas vezes tomamos conhecimentos desses escândalos? Direciono essa pergunto a todos aqueles que tem como costume espinafrar o atual governo, toda vez que tomam conhecimento de um escândalo no cenário político nacional.
O mais surpreendente é que a maioria dessas pessoas que, hoje, enchem a boca para maldizerem do atual governo, são as mesmas que demonstravam insatisfação com as gestões anteriores.
E é exatamente para essas pessoas com esse tipo de mentalidade que bato na mesma tecla dizendo o seguinte:  não é de hoje que a corrupção existe em nosso país. Portanto, está mais do que na hora de reaverem os seus conceitos encarando a realidade do jeito que ela é, em vez de ficarem de braços cruzados.  



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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Conto- Contrabalança


     Eric do Vale

“Na Hora ‘H’
No dia ‘d’
Ninguém paga para ver
Tudo fica pra trás
Querem mais é esquecer.”
(A Verdade A Ver Navios: Humberto Gessinger)
           



Acompanhei o delegado até o local do crime, onde jazia o cadáver de uma mulher praticamente despida e deitada de bruços. Ao flagrá-la na cama com outro homem, o marido sacou a arma e, primeiramente, tentou atirar no amante, mas esse pulou a janela e fugiu enrolado no lençol. Ela também tentou fugir, mas terminou sendo baleada nas costas e, depois, na nuca. Mesmo já estando morta, ele atirou três vezes no rosto dela
   Advoguei por um período de três anos até ser aprovado no concurso para promotor de justiça daquele município que, sobre vários aspectos, não diferia das demais cidades interioranas do país.
A minha primeira iniciativa, logo que cheguei, foi reabrir o inquérito sobre o assassinato de um padre e constatei que havia muita gente graúda envolvida. Estava bem perto de desvendar aquele caso, quando, misteriosamente, o delegado foi transferido. Naquelas circunstancias, restava-me, muito a contragosto, dançar a música, conforme era executada.  
Impressionava-me saber que a prática daquele ato brutal partiu de uma pessoa que, segundo grande parte da população, apresentava um comportamento distinto. Eu, inclusive, o conhecia e por sinal, muito bem. Preso em flagrante, ele afirmou que o crime havia sido premeditado, pois, há tempos, tinha conhecimento de que a esposa o traia. Por isso, achou necessário “lavar a honra com sangue”.  Eu me perguntava: “Como é possível alguém ter esse tipo de pensamento, em plena contemporaneidade?”. O mais surpreendente é que todos, naquela cidade, estavam a favor dele, inclusive o delegado.    
 Quando eu a vi estendida no chão com cinco balas dundum cravadas no corpo, conclui que aquilo não passava de um crime hediondo e me questionei: “Está bem, ele tinha motivos para ter feito o que fez, mas será que havia precisão daquilo?” .
Dias depois, o amante dela veio até a minha sala e disse:
- Doutor, o destino está nas suas mãos, por isso o senhor tem que fazer justiça. Aquele patife tem que ser condenado.
-Isso fica a cargo do juiz.
-Mas, o senhor é promotor, portanto tem de acusá-lo.  Não imagina o perigo que ele representa para a sociedade, eu sei muito bem o que estou dizendo. Na noite do crime, ele parecia possuído pelo demônio. Se eu não tivesse pulado a janela... 
Ter ouvido aquilo me fez pensar que, até que enfim, existia, naquela cidade, uma voz sensata e como, anteriormente, havia dito: “Eu conhecia o réu e por sinal, muito bem”. Portanto, sabia que ele era totalmente incapaz de fazer mal a quem quer que fosse. Todavia, eu, na qualidade de promotor, tinha que cumprir com o meu dever.  
- Você está coberto de razão. _ Disse apertando-lhe a mão. – Agora, me responda: você, por um acaso, já se colocou no lugar do réu?
-Não entendi.
- É muito simples: suponhamos que você fosse casado e encontrasse a sua esposa na mesma situação em que ele a encontrou. Qual seria a sua reação? 





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sábado, 8 de agosto de 2015

Poesia- Na Minha Vez

                       Eric do Vale 


Você falou tudo 
o que bem quis
e só me restou engolir
e dizer amém para
nada daquilo que eu
gostaria de ouvir.

E quando é chegada
a minha vez de dizer
tudo o que, até então,
não havia lhe dito,
você não está afim de ouvir?




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Conto- Golpe De Misericórdia

Eric do Vale

Eu falei para mim mesmo: “Dessa vez, você se superou.”. Tal frase já havia sido mencionada por alguém que conheço, assim que ficou a par da situação e frisou:
            - Pelo jeito, você, dessa vez, conseguiu o que queria.
            -Mas, eu não queria!
            - Quer um conselho? Reze muito.
Tinha toda a razão em estar me dizendo aquilo, pois as coisas, antes, já não estavam boas para mim e depois disso, ficariam piores. Puxa vida, fui brigar justamente com quem sempre quis o meu bem! Como pude? Realmente, eu não sei.
Os poucos que, naquele local, não haviam me dado as costas, só falavam comigo o necessário. Naquele momento, não tive mais dúvida: tinha que rever os meus conceitos e mudar de vez a minha maneira de ser.
Toda vez que passava por mim, olhava com um certo desdém e eu, imediatamente, recordava do nosso derradeiro dialogo em que ouvi o seguinte:
-Eu gostava de você, mas, hoje, nem sei mais se gosto. Acreditava piamente, que você mudaria. Meus Deus, como pude me deixar iludir!
Aquelas palavras, por um longo período me perseguiram de tal maneira, que eu me questionava: “Meu Deus, será que eu sou tão abominável assim?”.

Ao anunciar para todos que estava de malas prontas, fez questão de entregar uma lembrança para todos ali presentes: um bilhete. Em ordem alfabética, chamou um por um. Assim que passou do meu nome, pensei: “Como pude ser tão idiota?”.  Já tinha me conformado com aquilo até me chamar por último. Por um instante, cheguei a acreditar que nem tudo estava perdido e mesmo receoso, li o que estava escrito nele: “Você era legal, mas, infelizmente, não é possível. Você não merece.”. 




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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Conto- Transfiguração


Eric do Vale

Do outro lado da linha, perguntei:
-Está tudo bem com você?
            -Sim, graças a Deus.
            -Fiquei preocupado.
            -Não precisava.
            - Você entrou no carro e saiu, naquelas condições. Era impossível não se preocupar.
            -Mas, estou bem.
            -Fico feliz em saber.
            Provavelmente, este vai ser, na segunda-feira, o assunto do dia. Apesar de ter sido engraçado, eu não gostaria de estar na pele dele.  
Seguimos em comboio rumo a casa de praia de um conhecido nosso, onde realizaríamos a nossa confraternização.  Faltando poucos metros, o carro atolou e descemos para empurrá-lo. Foi nesse momento que ele chegou para nos ajudar. Fiquei surpreso com a presença dele, visto que, pelo pouco que o conhecia, ele sempre demonstrou ser uma pessoa reservada.
Conseguimos desatolar o veículo e continuamos o nosso trajeto. Logo que chegamos, a carne já estava assada e, em pouco tempo, havíamos esvaziado dois engradados de cerveja. Ao me ver bebendo um pouco da vodca que ele havia trazido, aconselhou-me:
-Devagar, isso é muito forte e você pode ficar bêbado rapidinho.
Segui o conselho dele, misturando com um pouco de refrigerante e comendo alguma coisa. Naquele momento, todos nós estávamos “chamando Jesus de Genésio”, mas ele bateu todos os recordes, sagrando-se campeão por W. O. A maneira como estava se comportando significou, para mim, a personificação do doutor Jekill transformando-se em MR. Hyde.
Sem nenhuma condição de dirigir, achamos melhor deixá-lo em casa e levamos o carro dele. Paramos em um posto afim de abastecer, ele saiu do veículo e entrou em uma loja de conveniência.  Mesmo vendo que a moça estava acompanhada, não importou-se de chama-la de gostosa. Antes que o namorado dela pensasse em tomar alguma providência, uma amiga nossa contornou aquela situação:
- Por favor, relevem!  Ele não sabe o que está fazendo!
Voltamos para o carro e no meio do trajeto, ligamos o rádio. Então, ele começou cantar uma música que estava sendo executada até deitar-se no banco e dormir. Assim que paramos em um sinal vermelho, ele despertou e abriu a porta dizendo:  
-Vou fazer xixi.         
-Você está louco? No meio da rua?  Quer ser preso? _ Perguntei.
De repente, aquietou-se e voltou adormir. Antes disso, perguntamos a ele onde morava.
            -Rua... Edifício... Número... Apartamento... Fica perto da padaria..._Respondeu ele.
Ele acordou, assim que chegamos na residência dele, e perguntou:
            -O que estamos fazendo aqui?
            -Viemos te deixar. _ Falei.
            - Me deixar?
            -Sim, não é aqui que você mora?
            -De jeito nenhum.
            Ele saiu do carro, abriu a porta do lado do motorista e disse:
            -Eu deixo vocês.
            Ficamos sem entender direito. Então, ele deu a partida e saiu deixando todos nós a ver navios.   





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