quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Conto- Erva Daninha

Eric do Vale
É uma dor canalha
Que te dilacera
É um grito que se espalha
Também pudera
(Canalha: Walter Franco)



O tambor parou de girar, puxei o gatilho e senti o estalo: sem bala. Rodei, novamente, o   tambor, apontei o cano para a têmpora e o resultado foi o mesmo. Não me dei por satisfeito: “Este plano é pequeno demais para nós dois.”. Após atravessar um período de depressão e pânico no qual temia até a própria sombra, constatei, diante do espelho, que um de nós haveria de sair de cena. Ouvi alguém chamar pelo meu nome, assim que abri a porta do meu carro. Era o Odilon guiando uma Mercedes. Fazia muito tempo que não o via e bota tempo nisso! Falamos algumas coisas e ele me contou que o Franklin estava encrencando, por causa de uma procuração envolvendo o meu nome. Passados dez anos, não é possível que esse fantasma tenha voltado para me assombrar! Quando perdi os meus pais, durante a adolescência, a mãe dele me acolheu e cuidou de mim como se eu fosse o próprio filho. Anos depois, foi a minha vez de retribuir recebendo-o na minha casa, pois o Franklin encontrava-se em uma situação bastante apertada, devendo a Deus e o mundo sob jura de morte. Os meus familiares já haviam me advertido de não conceder-lhe abrigo, pois ele não era uma pessoa confiável.
O Franklin demonstrava, desde cedo, inclinação para a bandidagem. Na escola, era o pior aluno, mas liderava a sala. Enquanto eu era um garoto franzino e magricela, mas era o primo dele e ai de quem encostasse a mão em mim. Não seria justo negar-lhe guarita, considerando o que ele havia feito por mim. Aliás, tal gratidão eu devia à mãe dele.  Se o Franklin tiver religião, provavelmente deve ela chamar-se dinheiro. Tamanha é a sua usura, que tenho certeza de que seria capaz de vender a própria mãe ou até mesmo a alma ao diabo. Basta eu dizer que ele chegou abrigar a amante no mesmo teto que divide com a esposa e filhos, logo é possível definir o caráter dele.
 A minha filha passou a dormir no quarto do irmão, porque eu tinha cedido o quarto dela para ele. Esse escroque praticamente morou em minha casa, durante três meses. Eu era sócio de um escritório de arquitetura e tinha uma excelente clientela. Falei para o Odilon que o nosso contador estava roubando a empresa, pois o Franklin havia detectado um desfalque e o demitimos por justa causa. Esse mesmo contador, anos depois, seria a primeira pessoa a me estender a mão, quando eu me encontrava praticamente sem eira e nem beira, purgando uma crise financeira. Estava tão cabreiro com o Odilon, que deixei os projetos aos cuidados do Franklin, pois esse passou a cuidar da contabilidade.  Tinha-me ele alertado de que o meu sócio estava faturando mais do que eu. Por causa disso, Odilon e eu fomos, aos poucos, nos distanciando ao ponto de não trocarmos nem mesmo um “olá”.
Ao saber que um projeto meu estava sendo executado sem autorização, procurei o diretor do hospital e ele me contou que foi informado de que meu escritório estava fechando e delegou a esta pessoa que trabalhava comigo a tarefa de levar o empreendimento adiante, porque estava montando um novo estabelecimento. Eu, até então, não sabia que o meu primo mantinha um caso com a Esther, minha colaboradora. E quando me dei conta de que a empresa havia sido lesada, o Franklin já tinha pedido demissão, alegando haver recebido uma proposta irrecusável, restando-me apenas começar do zero.






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