terça-feira, 10 de novembro de 2015

Conto- O Mesmo Filme

Eric do Vale

Atendi o telefone, no meio de expediente, e alguém, do outro lado da linha, falou:
-Alô, Rui?
            -É ele, quem está falando?
-Sou eu...
Antes de me recuperar do susto, aquela voz continuou:
-Quanto tempo, não é?
- É verdade.
-Quando foi mesmo a última vez que nos vimos?
-Não faço ideia. Acho que foi há nove anos, por aí. O que você conta de novo?  
-Eu? Nada. E você?
-Idem.
-A propósito, preciso muito falar com você. Tem algum problema de eu passar no seu escritório, amanhã?
-Problema nenhum.
-Então, está combinado.
Fazia tempo que não nos víamos e bota tempo nisso!  Durante dois anos, fomos colegas de escola e sempre que alguém mexia comigo, vinha sempre em meu socorro para me defender. Foi ali que surgiu a nossa amizade. Só voltamos ater algum contato, depois de muitos anos, por meio de uma rede social.  Nessa época, eu me encontrava na metade do curso de direito. Vez ou outra, mandava-lhe algum recado, mas nunca era correspondido e uma vez que já tinha me conformado com aquilo, fui pego de surpresa:
-Olá, Rui. Quanto tempo!
-O quem tem feito?
-Estudando e trabalhando. E você, Rui?
-A mesma coisa, estou no sexto semestre do curso de Direito. E você.
-Perto de terminar administração.
-Qual é o seu telefone, posso te ligar?
-Sim.
Telefonei, logo em seguida, e a conversa não parou mais.
-Quer dizer que você está precisando de dinheiro? _ Perguntei.
-Sim, é para pagar a minha faculdade. Eu até peço desculpas de estar te fazendo esse pedido, Rui.
-Desculpa de quê?  Só posso te que estamos no mesmo barco, veja o meu caso: tenho que trabalhar de manhã e à noite, tenho que ir para a faculdade.  Sem falar na mensalidade que é quase a metade do meu salário que é uma mixaria.
Passava das dez horas da manhã, quando a minha secretaria disse que tinha uma pessoa querendo falar comigo. Disse que deixasse entrar e ela, assim o fez. Pedi para que se sentasse e ofereci-lhe café e água. Em seguida, perguntei:
-A que devo a honra de sua visita?
-Preciso da sua ajuda.
-Minha ajuda?
-Sim, você é advogado e por sinal, um dos melhores.
Tive a impressão de já ter visto aquele filme antes e por isso, falei:
  -Não conte comigo. _ Falei.
-Por quê?
-Me dê uma razão para que eu te ajude.
-Além de ser um grande advogado, nós estudamos no mesmo colégio. Não se lembra quando o pessoal mexia com você e eu te defendia?  
- Sou um advogado conceituado e possuo uma excelente clientela, por isso não quero botar tudo a perder por sua causa.
-Por minha causa? Não estou entendo pode ser mais claro? 
- Lembra-se de quando me pediu dinheiro emprestado? Você garantiu, em nome da nossa amizade, que me pagaria, assim que pudesse. Ainda hoje, eu me lembro das suas últimas palavras: “Não vou me sujar com você, por causa de um reles dinheiro.”.  Que ironia! Sendo assim, não moverei uma palha para te ajudar.
Antes que dissesse alguma coisa, levantei-me, caminhei até a porta e abri dizendo:

-Passe bem. 





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