A sua antipatia
permitiu que os funcionários a apelidassem de Majestade e não era
raro comentarem sobre ela, durante o intervalo:
- Aquele marido dela
vai para o céu!
- Por quê?
-Você ainda pergunta?
Haja saco de filó para aguentá-la! Tenho até pena dele e, digo mais, não sei o
que ele viu nela.
-Nessa vida tem gosto
para tudo
-Mau gosto, isso sim.
Cá para nós, já pensou como deve ser, acordar, toda manhã, e deparar com aquela
carranca.
- Prefiro nem
imaginar.
Mas um dia, ela surgiu
esbaforida, quase aos prantos, na sala onde eu trabalhava:
- Ciro, onde está o
seu chefe?_Perguntou ela para mim.
- Foi dar uma
assistência, mas não demora muito. Posso ajudá-la?
-Por favor!
Era a primeira vez, em
menos de três meses de serviço, que eu a ouvi pronunciar a palavra ”Por favor”.
Qualquer um, naquele Ministério, ficaria de queixo caído, se estivesse no meu
lugar. Quando o meu chefe chegou, ela implorou:
- Por favor, vocês
podem bloquear um emaill que acabei de enviar?
- Impossível._Falou o
meu chefe.
Tenho para mim que,
naquele momento, ela viu a vida passar diante dos seus olhos. Caso essa
história viesse à tona, certamente os jornais noticiariam: “O Ministério
Desabou” e os colunistas políticos não perdoariam: “O Ministério foi à lona
pouco antes de ser erguido.”.
A origem desta
instituição decorreu de uma fusão com outro Ministério. Nessa época, eu
trabalhava como terceirizado até ser efetivado, após aprovado no concurso.
Os demais funcionários eram, na maioria, egressos de outras organizações
públicas, principalmente do Ministério antigo. Era o caso da Majestade e de boa
parte da cúpula. A instituição encontrava-se em funcionamento, pouco antes do
Ministro ser nomeado pelo Presidente da República.
Logo que foi
empossado, o Ministro recebeu um emaill da Majestade: “Como gerente dos
Recursos Humanos desta instituição, é meu direito e dever informar a Vossa
Excelência alguns detalhes importantes que remetem as pessoas que ocupam cargos
de gerentes e diretores deste Ministério. Desde já, quero que não me interprete
mal, pois sei que cada um faz da sua vida o que lhe convém, no entanto esse
tipo de comportamento vem refletindo dentro desta organização. Por exemplo, o
diretor do financeiro, é sabido que, há tempos, vem desviando a verba desta
instituição. Coisa que ele já fazia, quando integrava o antigo Ministério. Digo
isso, porque já trabalhei com ele antes e o conheço muito bem até demais. E o
que dizer da gerente do financeiro? Não sei de quem foi ideia de nomeá-la para
esse cargo, porque é notório que ela não tem a menor condição de exercê-lo.
Várias vezes, ela tirou licença alegando problemas de saúde ,quando, na verdade, era
internada em clínica de reabilitação. E sempre que compareceu ao expediente,
era visível que não apresentava sinais de sobriedade. Também merece destaque, o
responsável pelo jurídico, não é segredo para ninguém de suas aventuras
amorosas. Tempos atrás, ele nomeou uma moça que, mais tarde, foi efetivada.
Detalhe, essa moça trabalhava em uma casa de massagem. Todo mundo sabe de um
caso velado que ele mantém com uma integrante de sua equipe, mas que foi
abafado, após a transferência desta para outro departamento...”. E não parava
por aí, ninguém que compunha o alto escalão deste Ministério ficou isento de
suas denúncias.
Ao enviá-lo para o
Ministro, ela se deu conta de que ao invés do emaill individual, as suas
denúncias haviam sido transcritas no coletivo, utilizado para informar todos os
funcionários sobre alguma eventualidade.
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