domingo, 13 de setembro de 2015

Conto- Intransigência

Eric do Vale

Posso até consentir que a esposa e as filhas frequentem a minha casa, mas ele não. Já deixei isso bem claro para a Marta que apesar de ser tia dele, sabe, melhor do que ninguém, que tenho as minhas razões para não aceita-lo em minha residência. Como é possível receber uma pessoa que não fala comigo e faz questão de transparecer total aversão que sente por mim, negando-me até um “olá”? Sem esquecer da vez em que me recebeu com quatro pedras na mão, quando fui à casa dele na companhia da Marta:
-Por que a senhora trouxe esta fulana, tia? Eu já não lhe falei que não quero saber dela aqui, na minha casa? _ Disse ele.
-Eu só vim porque a Mata me pediu. _ Falei.
- Não estou falando com você.
-E se te conforta saber, eu, por mim, nem colocaria os meus pés aqui.
-Cale a boca, sua... Vá embora daqui! _ Alterando a voz.
Ele continuou me xingando e eu já estava preparada para enfiar a mão nacara dele, quando a Marta interviu:
-Se ela sair, eu também saio e não volto nunca mais.
-Então, saiam as duas!
 Assim que saímos, falei para a Marta que estava decidida a dar parte dele. Ela, no entanto, pediu, por tudo que fosse mais sagrado, para não fazer aquilo.  Contra a minha vontade, acatei o pedido dela.
Se ele não gosta de mim pelo que sou, eu também não vou, nem um pouco, com a cara dele e pelo mesmo motivo. Porém, sou o que sou e, graças a Deus, não vivo as custas dos outros achando que todo mundo tem obrigação de me sustentar.
A Marta me falou que, outro dia, ele veio com esta:      
-Tia, eu não sei o que está acontecendo comigo, não tenho vontade de trabalhar. Será que isso é preguiça?
-Você ainda tem dúvida?
Ao saber que todos tinham ido almoçar fora para comemorar o dia das mães e ele não havia sido convidado, bateu o pé:
-Isso não é justo! Eu tinha dinheiro para pagar a minha conta! Como é que vocês fazem isso comigo?
             E assim, tem sido em todas as reuniões de família.
            Dia desses, A Marta e eu fomos a casa da mãe dela e ele estava lá. Não trocamos nenhuma palavra, pra variar. Sentei-me no sofá e esperei a Marta voltar da padaria. Ele foi para a cozinha, quando uma das filhas dele sentou-se ao meu lado e começou a brincar comigo batendo o ombro dela no meu. Isso foi acontecer justamente no momento em que ele chegou e ao ver aquilo, fez um olhar inquisitório. Pensei: “Vai sobrar pra mim”.    Altivamente, ele chamou pela filha dizendo:
-Venha cá.
Mal se levantou, ele a puxou pelo braço até o corredor e disse-lhe umas coisas que não consegui entender e em seguida, deu-lhe um tapa no rosto. Mesmo ciente de que a minha intervenção resultaria em uma briga feia, eu não me contentaria em assistir aquilo de braços cruzados.  A irmã dele, no entanto, foi quem tomou a iniciativa
-O que é isso? Pra que essa brutalidade?
-Não é da sua conta. Isso aqui é assunto de pai e filha. 
-Vá embora daqui.
-Não vou, essa casa é da minha avó.
-Mas, eu também moro aqui.
-Agora é que eu não vou embora mesmo. Quem é que ai me tirar daqui?
A Marta chegou nesse momento e eu, discretamente, falei:

-Não se meta nisso.  




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