quinta-feira, 9 de maio de 2013

Conto -Decurso Do Tempo




                                                                                Eric do Vale
                                                                                                       
                                                         
Desencadeou-se um inexplicável sentimento, logo que me convenci a trocar de óculos. Comparado aos demais, esses apresentaram maior longevidade, sete anos! Um devaneio? Talvez. A sua “aposentadoria” simbolizou o epílogo dessa história, além do desfecho daquela semana.
O ser humano, segundo um psicanalista, é como Papai Noel, no sentido de haver a necessidade de “esvaziar o saco”, após o acúmulo de experiências adquiridas ao longo de sua existência.
Sabe aquelas pessoas que possuem o “hábito” de elaborarem perguntas desconcertantes?  Decidi procurar uma dessas figuras, porque já estava saturado de esquivar-me delas. Ponderei muito sobre o modo de fazer a abordagem, mesmo convicto em colocar as cartas na mesa.
Fui ao seu encontro, numa tarde de uma segunda-feira, e, depois dos cumprimentos, falei:
-Há uma coisa de que eu estou curioso...
-Pode perguntar.
Parti para o ataque, visto que não tinha como recuar:
-Por que é que, durante os nossos diálogos, você insiste em me fazer perguntas que só interessam a mim?
Sem saber o que responder, desculpou-se e prometeu não perguntar mais nada.
A minha sensação, naquele momento, foi a de haver vencido uma briga sem me ter dado ao trabalho de erguer o punho. Estou certo de que não serei mais importunado com as suas “perguntas”.
No dia seguinte, para a minha surpresa, revi alguém com quem não mantinha um vínculo, desde o dia em que tivemos uma séria e boba discussão. Desconheço, até hoje, a razão desse ocorrido.
Sei que fui o causador e fiquei muito mal com isso, porque aconteceu com uma pessoa que sempre quis o meu bem. Tal incidente, no entanto, permitiu com que eu revisse a minha atitude para que, no futuro, pudesse me tornar uma pessoa mais flexível e tolerante com o próximo.
Não era de hoje que eu nutria a vontade de procurá-la a fim de dialogarmos e, se possível, esclarecer esse entrevero. Arrisquei, embora estivesse receoso.
Duradoura foi a conversa e entusiasmando, comentei:
- Não sabe o quanto eu fico feliz de, agora, está aqui falando com você!
-É? Você parece mais sereno!
Desabafei, apesar de envergonhado:
- Foi um grande tropeço, mas que me ensinou muito! Se pudesse voltar no tempo...
-Relaxa, já passou!
Como foi tão bom ter ouvido aquilo!
Final de expediente e véspera de sexta-feira.  Refleti muito nestes êxitos por mim alcançados na mesma semana e, em menos de vinte e quatro horas, quando enxuguei as lentes dos óculos.
Estava convicto de que aquilo significava o início de um novo ciclo e não tive dúvida quando, sem mais nem menos, a armação dos meus óculos se partiram ao meio na hora em que o coloquei no rosto.





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