Eric do Vale
Mesmo desconhecendo os anais da
Constituição, procuramos honrar o nosso dever cívico, quando o assunto se vincula à liberdade
de opinar sobre todo e qualquer assunto. É o caso da construção de um viaduto
próximo a um parque ecológico, de uma metrópole, que diluiu a população entre
os que defendem, alegando a melhoria de fluxo no trânsito, e aqueles que se opõem em prol da preservação
ambiental.
Por meio de uma rede social,
alguém apresentou descontentamento junto aos opositores, em função do excesso
de faixas, cartazes e barracas depositados naquele espaço, igualando-o a um
lixão. Esse pensamento foi realçado por outra pessoa que indagou se, quando isso acabasse, os
postulantes teriam o bom senso de recolher todo o material por causa do
paulatino processo de decomposição. A simbiose dessas ideias leva-nos a
refletir sobre a capacidade do ser humano em reivindicar a preservação do meio
ambiente, adotando esse tipo de comportamento.
No mesmo dia, ouvi um conhecido
meu comentar esse assunto,
afirmando que, provavelmente, boa parte da população esteja indignada com a
atitude dos manifestantes, inclusive os ecologicamente corretos.
Irônico é o adjetivo mais
apropriado para qualificar esse quadro, que, infelizmente, nos serve
como referência aos demais
paradoxos vigentes em nosso cotidiano. Isso nos permite constatar que,
ultimamente, as causas abraçadas pelos cidadãos, além de caírem na banalidade,
não passam de algo evasivo, porque muitos compatriotas distorcem o real sentido
do termo “liberdade de expressão”, conforme estabelecidos
nos termos da Constituição Federal.
Caso o meu ponto de vista venha
ser apontado como demagógico, o que dizer, então, daqueles que comparecem às ruas empunhando bandeiras em defesa da
sustentabilidade para, logo em seguida, jogarem um papel no chão?
Provavelmente, muitos de nós
tenhamos opiniões distintas sobre qualquer assunto referente a esse, no entanto
não compete a ninguém desempenhar a função de fiscal de bons costumes ou
paladino da sustentabilidade. E ainda que o cidadão se sinta no direito de lutar por uma causa, indo às ruas,
seria mais conveniente, começar dando o devido exemplo no dia a dia.
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