Eric
do Vale
Seria muito fácil afirmar que Nelson
Mandela foi um governante que fugiu à regra não sendo visto pela sociedade de
maneira dúbia, visto que, nesse momento, a imprensa, demasiadamente, vem
enfocando a sua trajetória política, entretanto
essa possibilidade torna-se descartável, ao passo que se desenvolve a seguinte
questão: o que seria dele, se não fosse Frederick De Klerk?
Logo que foi empossado, o último branco
a presidir a África do Sul adotou medidas objetivando findar com quase meio
século de exclusão racial. O primeiro passo foi a soltura de Mandela que,
apesar de encarcerado, apresentava confiabilidade em seu país e no resto do
mundo. E o que seria de De Klerk sem Mandela?
Posto em liberdade, após vinte e sete
anos de claustro, o ativista prosseguiu na luta contra o apartheid,
aliando-se ao então presidente de seu país. Como o povo sul-africano já vinha
expressando descontentamento ao regime de segregação racial, essa simbiose das
duas personalidades permitiu-lhes a união das forças na concretização de novos
valores sociopolíticos. Nada impediu, porém, que se temesse um retrocesso, por
causa da inevitabilidade de divergências entre ambos os lideres durante as
negociações que, por um triz, não colocaram em jogo o futuro daquela
nação.
Sabe-se que o valor de Nelson Mandela é
inquestionável, considerando que, para permanecer aonde chegou, demonstrou
total competência, estabelecendo um consenso entre os seus opositores,
comprovando que na política, como em tudo, é preciso recorrer a outros meandros
para atingir os propósitos almejados. De
Klerk, por sua vez, também teve o seu mérito, mostrando que, mesmo exercendo o
cargo mais alto de seu país, era preciso agir com flexibilidade, não admitindo
apresentar, diante das circunstâncias, um caráter hesitante.
Willian Shakespeare conceituou os heróis como:“ pessoas que fizeram o que era necessário
fazer, enfrentando as conseqüências.”. A capacidade de mistificar um fato e de
colocar os seus participantes num pedestal é tamanha, que ninguém se dá ao
trabalho de desenvolver uma análise aprofundada para dispor de uma respectiva
compreensão dos reais motivos sobre um determinado acontecimento.
Todo e qualquer fato histórico
necessita de um mito, portanto não se pode falar na luta contra o apartheid,
na África do Sul, sem ao menos lembrar-se de mencionar o nome de Nelson
Mandela.
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