quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Páginas Policiais- Capítulo 7

João Grande e Zeca ficaram pasmos, quando viram Kelly chegando na companhia de dois policiais em direção a sala do delegado:
- O que significa isso?- Perguntou Zeca para João Grande.
-Eu é que sei?Pelo jeito, a coisa parece ser quente.
Era quase de noite, quando Beretta e Solange saíram do motel e ele foi deixá-la no estacionamento do shopping. No meio do trajeto, ela pediu-lhe para que a levasse ao encontro de Glórinha, mas Beretta lembrou-lhe do ocorrido:
-Se eu fizer isso, ela me entrega pros homens.
-Ela não vai fazer isso, eu te garanto. Se for dinheiro que você quer, eu tenho. -Abrindo a bolsa e tirando um talão de cheque.-Quanto você quer?
-Dona, não é bem assim.
-Vamos lá, me diga o preço. Não tem problema.
Após muita insistência, ele aceitou dizendo que o valor ficava por conta dela. Solange estava disposta a ficar cara a cara com a moça que, ultimamente, vinha  saindo com o seu marido.
A policia telefonou para Kelly convidando-a para ir à delegacia e prestar depoimento sobre a morte de Solange, todavia ela fez ouvido de mercador. Várias vezes que tocava o seu celular, ela não atendia. A ultima vez que isso aconteceu, foi quando Zeca foi até a sua casa e perguntou se ela sabia do caso entre a sua amiga e o juiz.
Beretta estacionou a alguns metros da casa de Glórinha, ele mostrou para Solange o prédio e disse o andar em que ela morava. Nessa mesma hora, um carro estacionou em frente ao prédio dela. Solange reconheceu que aquele veículo era o do seu marido e conteve-se para não se deixar levar pela emoção.  
Assim que Kelly entrou, o delegado perguntou-lhe:
-Você é muito ocupada?
-Por quê?
-Você não atendeu as minhas ligações. Pensei até em coisa pior, mas graças à boa tecnologia, conseguimos localizar o numero do seu telefone. Espero que o pessoal tenham lhe tratado bem.
-Doutor Adaílton, reconhece essa moça?- Perguntou o delegado.
-É a Lurdinha, ela arrumava o meu apartamento e depois passou a fazer a faxina na minha casa de praia.
Mal Glórinha dirigiu-se a portaria, um carro estacionou na frente e ascenderam os faróis no seu rosto. Uma voz de mulher queria uma informação dela, quando Glórinha aproximou-se, sentiu uma mão segurando o seu braço ouviu a voz Beretta:
-Precisamos falar com você e nem ouse fazer nada, porque eu estou armado.
Naquelas condições, coube-lhe obedecê-lo e os três se dirigiram ao apartamento dela.
Visto que Lurdinha não atendia as suas ligações, o delegado pediu aos seus subordinados, após rastrear o numero e o endereço dela, que fossem a residência dela para trazê-la a delegacia. Caso, ela demonstrasse resistência, poderiam prendê-la.
Assim que Kelly chegou ao apartamento de Lurdinha, deparou-se com Beretta e a sua patroa na recepção. Ela até ficou confusa: “Será que a dona Solange está corneando o doutor Adaílton? Mas logo com esse aí! Deixa pra lá, cada um sabe de si.”. Tomou o elevador e encontrou a porta de Glórinha entre aberta. Avistou, ao entrar, o corpo de Glórinha estendido no chão e todo ensangüentado. Desesperada, ela perguntou:
-Quem fez isso com você?
Aos prantos, deixou o apartamento, desceu as escadas e foi embora sem acreditar no que tinha acabado de ver.
Na delegacia, Lurdinha contou ao delegado que além de trabalhar como doméstica, também fazia programas. Ela também contou que quando soube que a sua colega estava saindo com o seu patrão, ficou com medo de que esse soubesse de sua vida paralela e a demitisse por isso e disse que jamais comentou isso com Glórinha:
-Antes eu tivesse feito isso. -Falou Lurdinha.
-Por que diz isso?-Perguntou o delegado.
-Porque esse homem foi o causador  da nossa felicidade.
-Poderia ser mais clara?
-Glorinha e eu éramos mais do que amigas, éramos praticamente namoradas, mas a desgraça dela foi ter conhecido esse homem. Se não fosse por isso, ela não teria o fim que teve.
-Eu não a matei!-Respondeu Adaílton.
-Mas o senhor foi o pivô disso tudo.
Logo que Zeca saiu de seu apartamento, Kelly pegou a sua mala, que acabara de arrumar e estava saindo, quando deparou com um homem, que impediu a sua passagem e lhe perguntou:
-Vai para algum lugar.
Antes que ela dissesse qualquer coisa, ele apresentou-lhe um distintivo e disse:
-Queira nos acompanhar, por favor.
Kelly pensou em fugir, mas percebeu que aquilo seria burrice e resolveu acompanhá-los.
Tonhão estava de saída, quando viu Lurdinha chegando:
-Que bom que você chegou, dona Solange está aí. Ela chegou agorinha.-Falou Tonhão.
Tonhão deu-lhe a chave de casa, Lurdinha entrou viu Solange. Após cumprimentá-la, Solange disse que iria tomar um banho, mas que ficasse a vontade para fazer a faxina.
Lurdinha falou que a sua namorada nunca tivera sorte com os homens, pois teve Beretta que era um bandidaço e tripudiou muito dela, depois se envolveu com o doutor Adaílton que apesar de ter sido quase um pai para a Glórinha, tornou-se o responsável pela morte dela. Adaílton, mais uma vez, se indignou com aquela afirmação e insistiu na tese de que não tinha matado ninguém e realçou:
-Eu fui muito apaixonado por ela si, eu admito. Pensei em tirá-la daquela vida que ela estava levando, porque uma moça como ela não merecia aquilo, muito menos morrer do jeito que morreu.Mesmo que ela tenha me dispensado, jamais quis o mal dela.Ainda sim, pensei em procurá-la para dizer-lhe: “Sai dessa vida, menina.Isso não é para você.”. Eu sempre dizia isso para ela e quando me procurou apavorada, porque esse ex-namorado dela estava importunando-a, eu reforcei que ela deveria tomar um rumo na vida. Colhi informações sobre esse sujeito e pedi para dois seguranças meus darem uma prensa nele, só para assustá-lo.Só não podia imaginar que esse vagabundo tivesse um caso com a minha mulher.
-E ela nunca teve nada com ele. -Falou Lurdinha.
-Nunca?
-Como você sabe disso?
Lurdinha ficou sem jeito, desconversou e o delegado reforçou na pergunta:
-Como você sabe disso?
-Não sei...
O delegado abriu a gaveta, tirou um revólver enrolado em um plástico e perguntou-lhe:
-Reconhece?  
Depois de ter conversado com Zeca na padaria, Kelly foi para a casa, quando sentiu alguém agarrá-la por trás e tapar a sua boca e a arrastou para um beco deserto. Era Beretta.Com a mão na cintura, exibindo a coronha do revólver, perguntou-lhe:
-O que é que você foi fazer no apartamento da Glórinha?
-Não é da sua conta.  
Ele deu um tapa na sua cara e ela caiu no chão. Beretta disse:
-Eu vi quando você chegou lá. Você falou alguma coisa para a polícia.
Ela não respondeu e ele tirou o revólver da cintura e resolveu brincar de roleta russa com Kelly. Apontando o cano para a sua cabeça, Beretta rodou o tambor da arma e quando puxou o gatilho, estava sem bala.Ele a aconselhou para não abusar da sorte, agarrou o braço dela e deu-lhe um chupão e ela cuspiu na sua face.Beretta deu-lhe outro  tabefe e a advertiu:
-Eu vou me escafeder, mas eu volto. E se tu abrir o bico, eu volto mesmo.
Kelly foi embora sentindo o peso da mão dele e pela primeira vez, sentiu a sua boca toda enojada, após aquele beijo. 
Ao se certificar de que Solange estava no banho, Lurdinha tirou os sapatos e foi até o quarto dela, abriu a gaveta do criado mudo e viu o revólver que doutor Adaílton guardava. Havia também uma caixinha, onde ele guardava as balas. Lurdinha carregou a arma e caminhou até porta do banheiro. Ela percebeu que a patroa ainda estava no banho, por causa do barulho do chuveiro. Lurdinha colocou a mão sobre a maçaneta, girou e percebeu que a porta estava destrancada. Vagarosamente, abriu a porta e ficou cara a cara com a patroa, que nem percebeu a sua presença. As seis balas que continham naquela arma foram descarregas no corpo bem cuidado de Solange Jardim, que não teve tempo de gritar. Solange morreu instantaneamente.
Lurdinha saiu do banheiro, pegou a caixa das balas, fechou a gaveta do criado mudo. Calçou os sapatos, desceu as escadas e arrumou suas coisas.Ao sair pela porta dos fundos, percebeu um barulho de carro.Ela apressou  passo e foi embora.Enquanto isso, Adaílton chegava disposto a flagrar o adultério da esposa.
 O delgado reforça na pergunta:
-Reconhece?
            Lurdinha foi embora, pegou um ônibus e refugiou-se, por uns tempos, na casa de parentes, retornando a sua rotina, uma semana depois. Principalmente, a sua vida paralela. Na bate, ficou sabendo pelas suas colegas de Beretta estava na área. Uma noite, ela o encontrou na porta da bate, conversando com uma das meninas.Kelly o cumprimentou e disse:
-Quanto tempo, hein?Tá a fim de tomar alguma coisa?
Beretta ficou na duvida de que aquilo fosse com ele e ela insistiu:
-E então?Vai recusar o meu convite.
Ele aceitou e quando foram entrar na boate, Kelly avisou aos seguranças para não se preocuparem, porque ele estava com ela, mas eles a advertiram:
-A gente tá de olho nesse cara. Qualquer coisa...
-Podem ficar frios.  
Beretta e Kelly se sentaram e ela quis saber por onde ele havia, nesse tempo, andando, apesar disso não ser da conta dela:
-Por aí. Me enfiei em cada buraco, que nem queira saber.-Falou Beretta.
-Você deve estar sabendo sobre a morte da mulher daquele juiz.
-Estou sabendo sim. Veja como são as coisas, ele é que a traia e, agora, é suspeito de ter matado-a por que ela o chifrava.
-Me desculpa a curiosidade, mas se lembra daquela vezem que fui ao apartamento da Glórinha e vi vocês juntos?
-O que é que você está insinuando? Que eu tinha alguma coisa com aquela dona? Quem me dera!
-Vocês nunca tiveram nada?
-De jeito nenhum.
Apavorada, Glórinha conduziu Beretta e Solange ao seu apartamento. Quando entraram, ela foi direto ao assunto
-O que é que vocês querem comigo?
-Se julga muito esperta, não é Glórinha?-Perguntou Beretta. -Pensou que arando aquela arapuca pra mim eu fosse botar o rabo entre as pernas,não foi?Só que eu não sou burro, como você pensa. Eu também tenho as minhas armas. Sabe quem é essa mulher que está aqui comigo?É a esposa do cara que você anda saindo, aquele juiz.
Um misto de alívio e curiosidade tomou conta de Kelly, quando Beretta disse-lhe que não tinha nenhum envolvimento amoroso com a mulher do juiz. Ela teve vontade de saber tudo de uma vez, mas conteve-se. Dissimulou, mudando de assunto e os dois conversaram por um longo período , até que ele resolveu ir embora. Ao se despedirem, Kelly falou:
-Apareça mais vezes. Você tem o meu telefone?
-Acho que sim.
-Deixa eu te dar, de novo.
Anotou o numero dela, que falou:
-Me procura.
-Pode deixar.
-Onde é que você está?
-No mesmo local de sempre.
Ela sabia que ele se referia ao barraco, onde algumas vezes tinha ido com Glórinha para visitá-lo. Kelly ainda pediu o seu telefone e ele deu:
-Se você não me ligar, eu te ligo. -Falou Kelly. 
O silêncio de Lurdinha deixou o delegado nervoso, que insistiu na pergunta:
-Reconhece?
-Reconheço. Reconheço sim.
Glórinha colocou as cartas na mesa:
-Se vocês vieram aqui só para me pedirem para que eu não me encontrasse mais com o Adaílton, deram viagem perdida. Terminei com ele hoje, agora mesmo.
-Você pensa que a gente é idiota?-Perguntou Beretta.
-Tenho certeza absoluta. Principalmente de você, Beretta. Não sei o que você ainda faz aqui, n meu encalço.Se esqueceu de que os “homens” estão a sua procura ou quer que eu refresque a sua memória?
Glórinha pegou o seu celular, discou para alguém, provavelmente um dos seguranças de Adaílton, e quando disse que sabia do paradeiro de Beretta, recebeu um soco na cara que a fez cair bater com a cabeça no quina de um móvel. 
Kelly passou a ligar para Beretta com frequência e, muitas vezes o convidava para se verem na boate, ele aceitava. Depois de uma conversinha e outra, regada a muitas doses de uísque , vodka ou qualquer outra bebida, saiam da boate com direção a casa dela ou ao seu barraco. Kelly sabia que o seu plano estava dando certo e, agora, era preciso ter muita cautela para não colocar tudo a perder.
   O sangue jorrado no chão colocou Beretta e Solange em desespero. Glórinha estava inconsciente e eles sabiam que se não corressem ela passaria daquela para a melhor. Beretta disse para Solange que se a deixasse com vida, estaria mais encrencado ainda.A solução que encontraram foi antecipar a morte dela. O primeiro objeto que viram em cima da cozinha americana, foi uma tesoura. Beretta estava disposto a fazer aquele serviço,quando Solange tomou a tesoura de sua mão e disse:
-Isso é por minha conta.
E socou-a no tórax de Glória, uma, duas, três... Literalmente, ela descarregou toda a sua ira contida, em virtude da infidelidade do marido. Beretta disse que também gostaria de fazer aquilo e pegou a tesoura da mão dela e perfurou umas quatro vezes o peito de Glórinha.
Logo que admitiu conhecer aquela arma, Lurdinha confessou o crime:
-Matei a dona Solange sim. Matei por vingança, ela e o Beretta mataram a minha namorada.
 Uma noite, depois de terem bebido além da conta, Beretta confessou para a Kelly que matou a Glórinha com a ajuda da socialite. Era tudo o que ela gostaria de ouvir, pois Kelly percebeu que não havia matado Solange à toa. E Beretta continuou:
-Para não levantar suspeita, pagamos ao porteiro para que ele não abrisse o bico. A Solange deu uma boa e, com certeza, ele deve ter dito para a policia que não sabia de nada.
-Você admite que matou a Glórinha?
-Ela já estava quase morrendo mesmo e se sobrevivesse, o que seria da vida dela?Presa a uma cadeira de rodas! A gente fez um puta de um favor para ela. Já pensou a Glórinha vegetando?
Kelly se segurou para não sacar a arma que estava na sua bolsa e enchê-lo de bala. Para se certificar, perguntou-lhe, dias depois, se o que dissera era realmente verdade. A principio ele negou, mas abriu o jogo sem saber de que acabara de assinar a sua sentença de morte. Kelly se deu conta de que havia chegado a hora de acertar as contas com ele e arquitetou um plano.
Lavaram as mãos e Bertta encarregou-se de, com uma toalha, apagar os cômodos que identificassem as digitais dos dois. E foram embora, levando a tesoura que perfuraram Glórinha e a atiraram em um terreno baldio. Solange despediu-se de Beretta, agradeceu-o, dando-lhe uma quantia em dinheiro para ajudar na sua fuga:
-Não precisava dona. -Disse Beretta.-Eu teria feito isso de graça.
-Precisa sim. Saiba que farei de tudo para não prejudicá-lo.
Despediram-se, Solange foi para a casa e viu o seu marido, esse lhe perguntou onde ela tinha ido. Ela deu uma desculpa qualquer e mesmo sem dizer nada,Adaílton achou aquele papo furado demais.Solange tomou um banho e foi dormir.
Kelly já havia ligado para Beretta a fim de saber se ela poderia ir ao barraco dele. Ele aceitou e assim que viu Zeca chegando, percebeu de que ali seria o álibi perfeito para que nenhuma suspeita caísse sobre ela. Após a transa, Zeca adormeceu. Ela se vestiu e ligou para Beretta avisando de que logo mais chegaria.Kelly pegou a chave do carro de Zeca, guiou-o até o barraco e quando chegou, desculpou-se pelo atraso:
-Que nada. Eu entendo.-Respondeu Beretta.
Quando foi agarrá-la, ela perguntou:
-Mais uma vez, eu gostaria de saber se você e aquela mulher mataram a Glórinha?-Abrindo a sua bolsa.
-Sim!-Respondeu indignado. -Matamos sim.Quantas vezes você quer que eu diga que matamos aquela puta?
-Eu só queria ter certeza.
-Certeza de quê?
-De que estou fazendo a coisa certa.
-Coisa certa?
-Isso. -Tirando o revolver da bolsa e apontando para ele.
Foram seis tiros a queima roupa. Kelly jogou a arma sobre o cadáver e foi embora. Já estava amanhecendo, quando ela estacionou o carro na garagem. Subiu e trocou de roupa. Zeca parecia estar hibernando e Kelly deitou-se, mas não dormiu. Levantou-se, assistiu um pouco de televisão e depois, foi à padaria e comprou o pão.
O delegado ouviu toda a confissão de Lurdinha, que falou:
-Matei aqueles dois sim e digo mais, joguei a culpa nesse aí. -Referindo-se a Adaílton-, porque ele desgraçou a minha felicidade.Por culpa dele, a Glórinha foi morta.-E desabou a chorar.

João Grande e Zeca estavam ansiosos para saberem sobre os últimos acontecimentos, quando o delegado apareceu e disse que o crime havia sido solucionado. Logo que se posicionaram para colherem as ultimas informações, João Grande e, sobretudo, Zeca ficaram boquiabertos, quando viram Kelly saindo algemada da sala do delegado.



Confiram a minha  página em Recanto das Letras http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=136746

 Caso desejem me adicionar no meu facebock,acessem https://www.facebook.com/eric.dovale.3?ref=tn_tnmn

Acessem também a fã page do facebock: https://www.facebook.com/Vale1Conto

Nenhum comentário:

Postar um comentário