sábado, 8 de julho de 2017

Conto- Amor- Próprio

Eric do Vale


“Só sobraram restos
Que eu não esqueci
Toda aquela paz
Que eu tinha”
(Meu Mundo E Nada Mias: Guilherme Arantes)

I

Por pouco, não cometeram um desatino. Acalmado os ânimos, era necessário dar aquilo por encerrado:
-Arrume as suas coisas e vá embora daqui.
O que seria mais doloroso, dizer ou ouvir aquela frase? Depois de tantos anos, não era justo! Se houvesse traição de uma das partes, aquilo seria compreensível; mas, por causa de uma rusga...

II

-Nunca é tarde para recomeçar.
-Estou completamente de acordo e sabe que pode contar comigo para o que der e vier.
-Agradeço muito a sua preocupação; agora, preciso colocar a cabeça no lugar. Apesar de tudo, não guardo nenhuma mágoa.
-Sei disso. Quem dera, se todos fossem assim. Olha, não sou só eu que acha isso de você: conheço alguém que também sabe reconhecer esse seu valor.   E não sou só eu que pensa assim sobre você. Muitos, inclusive....
-Não está se referindo a ...
-Sim, estou. Tenho certeza de que se você pedir...
-Eu poderia fazer isso, mas tenho brio.

...
- De uns tempos para cá, venho notando que você tem falado pouco, andado distante de tudo. Estou aqui, a horas, conversando com você e sequer prestou atenção no que te disse.
- Eu estou com a cabeça tão atordoada, me desculpe!
-Como te disse: não é de hoje que você está assim. E até sei por que. Sejamos realistas: você nunca se conformou com esse rompimento
-Para te dizer a verdade: não. Eu, por mim, voltaria atrás.

-E o que te impede de fazer isso?

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