sábado, 20 de junho de 2015

Conto- De Julieta Á Lady Macbeth

Eric do Vale

Voltar para o interior ou continuar morando de favor? Sem falar na terceira alternativa: viver com o pai na companhia da atual esposa e ex-amante dele.  No entanto, a segunda opção pareceu-lhe a mais sensata, porque era praticamente nula pensar na possibilidade de ir morar com a mãe, em outro estado. Se não fosse pela minha mãe, eu a chamaria para vir morar comigo e qualquer pessoa que estivesse no meu lugar, também ficaria comovida com o dilema dela: morando longe dos pais e tendo que aguentar, constantemente, os desaforos da tia e dos filhos dela, dois vagabundos!
Antes de iniciar a aula, ela me procurou, aos prantos, para desabafar e logo em seguida, o Djalma chegou. Durante o intervalo, ele veio ao meu encontro a fim de saber o que tinha acontecido. Sabendo que o Djalma era uma pessoa extremamente confiável, falei sobre os problemas que ela vinha enfrentando sem omitir nenhum detalhe. Visto que ele era também muito bem relacionado, arrisquei:
- Não haveria alguma possibilidade de você conseguir uma colocação para ela?
-Claro que sim. Encaminhe o currículo dela para o meu e-mail, por favor.
- Encaminho sim. Pode deixar.
Na mesma época em que começou a andar com a Rosangela, o Cleber havia terminado com ela. Esses dois acontecimentos somados aos demais problemas, a tornaram uma pessoa arredia e por isso, eu me afastei dela. Mesmo assim, buscava ser compreensiva mais do que o trivial.
Certa ocasião, ela teve um bate-boca com a Margareth e essa lhe disse umas palavras bastante duras:
- Gente como você termina ficando sozinha, foi por isso que o Cleber não quis mais saber de você!
Com eu era muito amiga da Margareth, tive com essa uma conversa, em particular:
-Você pegou pesado com ela.
-Eu não tenho sangue de barata para aturar os desaforos dela, não mesmo!
-Entenda, ela está cheia de problemas!
-Eu também tenho os meus problemas, mas não fico descontando nos outros. Ao contrário dessa abusada, que vem dando patada em todo mundo. 
Fiquei muito feliz com a atitude do Djalma e sabia que era reciproca a intenção dele de querer ajudá-la, porque tinha um coração muito nobre. Não vou mentir que eu estava torcendo para que desse certo e assim, ela perceberia o quanto foi injusta com ele. Sendo o Djalma muito amigo do Cleber, ela começou a tratá-lo muito mal e sabendo do meu rolo com ele, dizia:

-Acorda! O Djalma está te fazendo de besta e é só você que não percebe que ele é um tremendo de um safado!
Eu tinha certeza de que ela estava sendo influenciada pela Rosangela, pois essa fazia o mesmo comentário em relação ao Djalma. A Rosangela nunca escondeu a antipatia que sentia pelo Djalma. Desbocada, destemperada e sem papas na língua, tais características permitiram com que fosse uma pessoa não grata tanto na nossa sala, quanto em toda a faculdade.
Depois que ela desabafou comigo, eu também me empenhei em ajudá-la a procurar um emprego. Elaborei o currículo dela e entrei em contato com algumas pessoas que conhecia, logo ficamos de bem uma com a outra.  Dessa vez, o nosso Clube da Luluzinha estava mais forte do que nunca: Margareth, Rosangela, Jussara, ela e eu.
O Cleber, naquela altura do campeonato, havia se tornado uma página virada na vida dela, pois, aos poucos, ela vinha cedendo as investidas de Luiz César. Esse, por sua vez, era o sonho de consumo de todas as mulheres da sala: bonito, atraente, bom caráter e além dessas virtudes, era filho de um próspero fazendeiro. Antes mesmo dela se relacionar com o Cleber, o Luiz César já estava de olho nela e a pretensão dele era namorá-la para casar. Apesar dela não querer nada com ele, todas nós dávamos a maior força para que ela ficasse com o rapaz.
Após a aula, vimos quando ela entrou no carro dele e não tivemos dúvida de que rolaria alguma coisa entre os dois. Achamos por bem estabelecermos um acordo entre nós: ninguém iria perguntá-la nada sobre a noite anterior. Assim, ela se sentiria mais à vontade para nos contar tudo. No dia seguinte, quando chegou na faculdade, ela não quis conversar com ninguém. Mesmo preocupadas, respeitamos a vontade dela.  Não demorou muito para sabermos que o Luiz César e ela só trocaram uns beijinhos, mas quando tomamos conhecimento de que a Jussara havia quebrado o nosso acordo, ficamos com ódio! Ainda mais, quando soubemos que ela só contou para a Jussara, na condição de que não falasse nada para a Margareth e nem para mim, porque éramos fofoqueiras.
Como ela podia pensar aquilo de mim, depois de tudo o que fiz para ajudá-la? Meu Deus do céu!   Tendo um gênio muito forte, a Margareth rodou a baiana e disse uns desaforos com as duas. Resultado: o nosso Clube da Luluzinha rachou de vez.  De um lado, a Jussara e ela. E do outro, a Margareth e eu. A Rosangela, por sua vez, formou conosco a tríplice e terminou pagando um preço muito alto sendo, diariamente, perseguida por ela.  
Uma vez, ela entrou na sala e vendo que a Rosangela estava chegando, empurrou a porta com toda força que, por pouco, não pegou no rosto da coitada. O professor, naquela ocasião, estava presente e mesmo não tendo dito nada, era notória a expressão de espanto na face dele. Ela sempre arrumava um jeito de ir até a Rosangela para esbarrar nela. Um dia, a Rosangela recebeu, pelo celular, uma mensagem de um número privado: “Bicha, posso te dar um conselho? Pare de andar com aquelas duas. Mulher, a sua reputação, na faculdade, já não era boa e, agora, andando com elas, vai ficar pior. Aliás, já está manchada igual a elas. E é em todos os sentidos”.
 Aquilo foi a gota d`água!  Nós três fomos unanime em acusa-la, pois sabíamos que as expressões “mulher” e “bicha” faziam parte do vocabulário dela. Então, a Margareth falou:
-Ela não deve bater bem da bola, porque gente normal não faz isso. 
- Muito mens, quem frequenta uma universidade _ Disse eu.
-Isso é coisa de moleca!
E a Rosangela fez o seguinte comentário:
-Eu fui mesmo uma tola! Como pude me deixar influenciar por ela?
-Bobagem. _ Eu disse.
- Por causa dela, eu fiquei com bronca à toa de muita gente, lá da sala. Um bom exemplo disso, foi o Djalma. Como eu fui idiota!
Depois de ouvir aquilo, falei:
-Errar é humano e você não foi a única. 






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