Eric do Vale
Assim que o viu chegando, não teve dúvidas e pensou:
“É o Benvindo! Meu Deus do céu, ele não mudou nada! Será que ele vai me
reconhecer?". Passaram- se alguns dias até tomar coragem para abordá-lo e
isso aconteceu no momento em que o viu dirigindo-se para a copa, onde foi tomar
um cafezinho. Ela, para disfarçar, pegou uma xícara e quando foi se servir, ele
perguntou:
- Açúcar?
- Sim.
- Está muito forte.
-Como?
-O café está muito forte.
- Não sou muito fã de café, para falar a
verdade.
- Já não posso dizer o mesmo. A propósito, como
você se chama?
-Dominique.
- Eu me chamo...
- Benvindo. _ Interrompendo-o.
-Mas, todos me chamam de Queiroz. Aliás, é
muito difícil alguém me chamar pelo meu nome e até fico desconcertado, quando
sou chamado de Benvindo.
-Desculpa.
-Você não sabia.
Depois do segundo gole, Dominique, sentindo-se mais
à vontade, perguntou:
-Poderia, por gentileza, me tirar uma dúvida?
- Pois não.
-Por um acaso, você estudou no
colégio Rui Barbosa?
-Sim. Estudei da segunda até a
quinta série, por quê? Não me diga que...
-Digo sim: estudei, da terceira até
a sétima série, lá e fomos colegas de sala.
A formalidade de outrora terminou,
naquele momento. Como ambos estavam bastante atarefados, acharam melhor
conversarem em uma outra ocasião. De preferência, na hora do almoço. E foi justamente nesse horário que ambos
conversaram bastante:
- Me conta, você tem algum contato
com o pessoal? _ Perguntou Benvindo.
-Nenhum, Benvindo. Desculpe,
Queiroz.
- Se quiser, pode me chamar de
Benvindo. Não tem problema.
-Tudo bem. Como eu dizia: não tenho
nenhum contato com o pessoal da nossa sala. Ter até tenho, mas por meio destas redes
sociais.
-Sorte a sua, porque eu me desliguei de todo mundo,
desde que saí de lá.
-Por que?
-É uma boa pergunta.
Eles continuaram conversando até
terminarem o almoço e antes de retornarem a suas atividades, Benvindo deu a
Dominique um papel contendo o número do telefone dele e falou:
-Pode ligar, quando quiser.
Algumas horas depois de ter chegado em casa,
Dominique telefonou-lhe dando sequência a conversa, iniciada naquela manhã. Cientes
de que o pessoal do trabalho eram muito observadores, acharam por bem
conversarem pelo telefone a fim de evitarem comentários maliciosos e assim,
prosseguiram, por vários dias.
Os assuntos eram variáveis e, às vezes,
alternava-se com algum fato ocorrido, nos tempos de escola. Era quase que
inevitável não falar desse período. Entretanto, o clima pesou, quando, certo dia,
Dominique mencionou o nome de Fabiano:
-Não gostava e, até hoje, não gosto dele. _ Disse
Benvindo.
-Por que?
-Por que?
Fabiano estudou com eles na segunda e terceira
série até ser reprovado. Além de travesso, era uma dor de cabeça para os
educadores e uma pessoa não muito desejável pelos seus colegas de classe.
Apesar de lembrar-se de Fabiano, Dominique não entendeu o motivo de tamanha
aversão que Benvindo tinha pelo ex-colega de classe e perguntou:
-O Fabiano era muito levado, mas acho que você está
sendo muito radical, Benvindo.
-Radical? Deixa eu te contar uma história: uma vez,
estava o Rodrigo e eu no pátio do colégio, durante o recreio. Por falar nisso,
você se lembra do Rodrigo?
-Lembro sim. Inclusive, nunca mais tive notícias
dele.
-Acredito que ele tenha se tornado engenheiro
civil, pois, naquela época, já manifestava a vontade de seguir carreira nessa
área. Sem falar do interesse que tinha pela matemática.
-Ele era um crânio e até fizemos vários trabalhos
juntos.
-Queira Deus que tenha conseguido tornar-se
engenheiro. Mas, como ia dizendo: estávamos ele e eu no pátio, durante o
intervalo, quando o Fabiano apareceu e vendo que o Rodrigo segurava um sanduíche,
pediu-lhe um pedaço. Como o meu amigo disse não, o Fabiano tomou o sanduíche dele.
-Que horror!
-Lembra-se do Marcel?
-Lembro, era um baixinho de óculos. Ele estudou
conosco, na terceira série. E se não estou enganada, o Marcel saiu do colégio,
após o fim do primeiro semestre.
-Sabe por que ele saiu de lá? Por causa do Fabiano
que, a toda hora, o infernizava. E veja só como são as coisas: passados mais de
dez anos, tive o desprazer de reencontrá-lo.
-Como foi isso, Benvindo?
- Encontrava-me no primeiro ano da faculdade,
quando uma colega de sala que por sinal, residia no mesmo prédio, onde eu
morava. Falou que o namorado dela me conhecia, pois havia estudado comigo, no
colégio Rui Barbosa. Assim que ela me disse quem era, lembrei-me dele
imediatamente. Na primeira vez que o vi, não me senti bem. Ele me contou que
além de ter repetido mais um ano, bateu o recorde de suspensões e terminou
expulso do Rui Barbosa, após ser pego roubando a cantina.
-Meu Deus! Que malandro! Se, naquela
época, ele já fazia isso, faço ideia, hoje.
-O mais surpreendente é que o Fabiano relatou-me
tudo isso demonstrando um certo orgulho.
- Que idiota!
- Enquanto a pobre da namorada dele trabalhava de
dia e estudava a noite, o Fabiano vivia na casa dela sem fazer nada. Digo isso,
porque o via com muita frequência, mas falava só o essencial com ele. As conversas
do Fabiano eram tão bobas que, até hoje, eu não sei o que foi que aquela garota
viu nele.
-O amor é cego.
Terminada a conversa, ambos voltaram
ao trabalho. Dominique, durante o expediente, lembrou-se do comentário de
Benvindo: “Eu não sei o que foi que aquela garota viu nele”. Logo em seguida,
falou para si própria:
-Pelo jeito, ela não foi a
única.
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