Eric do Vale
“Eu
sei, o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não me esqueci”
Mas não esquece à toa
E eu não me esqueci”
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos:
Fera Ferida)
Quanto tempo, hein! Já não me recordo da última
vez que nos vimos e aposto que você também não.
Hoje em dia, estas redes sociais tornaram-se ferramentas indispensáveis
para aqueles que desejam reencontrar alguém, como é o nosso caso. Não vou
mentir que muito me admirei de você ter me procurado e honestamente falando:
preferiria que os nossos caminhos jamais se cruzassem. Entretanto, Deus é muito
sábio e, certamente, não iria promover este “encontro” de forma casual.
Seja em virtude da nossa pouca convivência ou
do nosso distanciamento, eu, particularmente, tenho dúvidas da possibilidade de
virmos a ter algum vínculo, no futuro. Não me refiro exatamente a essas duas
coisas, mas sim a sua pessoa.
Ao que
me consta, você não possuí uma harmoniosa relação com os seus familiares e além
disso, há um outro motivo que considero bastante justificável e faço muito
gosto de apresentá-lo: você nunca demonstrou simpatia pelos meus pais. Assim
que eles se separaram, a sua primeira reação foi sair maldizendo da minha mãe,
está lembrada? Caso contrário, eu me lembro, pois até para mim, que contava com
sete para oito anos de idade, você falou horrores dela sem se importar com os
meus sentimentos e sequer teve o bom senso de economizar nos chulos adjetivos
aos quais prefiro não repeti-los. Quero também lembrá-la de que não foi só uma
vez que isso aconteceu e essa mesma atitude, você, posteriormente, tomaria em
relação ao meu pai.
Creio que você desconheça o real significado da
palavra “respeito”, haja vista que este seu ar de “palmatória do mundo” tenha
te possibilitado, sempre, passar por cima de quem quer que fosse. Ao fazer esse
desabafo, percebo, agora, que você foi a primeira pessoa, senão uma das, que
conheci, ao longo da vida, cujo passatempo consiste em espinafrar os outros, na
proporção que se esquece de enxergar o próprio rabo.
Nunca foi segredo para ninguém que mesmo
estando, por muitos anos, casados, você e o seu “digníssimo” marido vivem feito
cão e gato em que, várias vezes, ele chegou a te bater. Provavelmente, isso
tenha contribuído bastante para a formação dos seus dois filhos, tornando-os,
assim, reflexos dessa “união”. O que dizer do mais velho? Tendo como referência
um pai e uma mãe habituados a levarem vantagens em tudo, era inevitável não
seguir os mesmos passos e vir a ser o que, atualmente, é: um grandessíssimo
larápio. E por que não dizer: ladrão? Quanto ao caçula, o fato dele não falar é
decorrência das inúmeras ocasiões em que assistiu a dantesca cena dos pais se
digladiando.
Bem que eu gostaria de deixar para lá e fingir
que nada disso aconteceu, porém tal comportamento não corresponde com a minha
personalidade. Reconheço, todavia, que estou sendo muito cruel e por isso, peço
desculpas. Atualmente, nada sei a seu respeito e nem me interessa saber. Também,
não tenho ideia de como vai ser daqui para frente, mas é bem certo de que o
tempo há de se encarregar disso.
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