quinta-feira, 2 de julho de 2015

Conto- Até Mais

Eric do Vale

“E antes que eu esqueça aonde estou
Antes que eu esqueça aonde estou
Aonde estou com a cabeça?
(Domingo: Toni Belloto & Sérgio Brito)

Se não estou enganado, a última aparição pública dele foi em 1994, durante os funerais de Richard Nixon. Meses depois, anunciou a sua condição de portador da síndrome Alzheimer. Ao ser informado que o estado de saúde do Ronald Reagan havia se agravado, restando-lhe uma semana de vida, corri para o computador e comecei a transcrever um artigo sobre ele para a revista, onde trabalho. Fiz as devidas correções, assim que terminei de redigir, até me certificar de que estava tudo correto.
Eu já estava prevendo: o Reagan vestiria o paletó de madeira e antes que o editor da redação, como de costume, exigisse um texto sobre tal fato, ele o receberia, em seu e-mail. Tomei um banho gelado, liguei a televisão e quando foi noticiado o falecimento dele, pensei: “Quero só ver a cara do meu editor”. Logo em seguida, tocou o telefone e fui atender pensando que fosse ele:
-Alô. _ Falei.
-Afonso.
 -Oi Taís, tudo bem?
-Sim, o que está fazendo?
-Nada. E você?
-Idem.
-Podemos nos ver, hoje?
 Afonso, eu estava aqui pensando sobre nós e queria te dizer...
- Sim.
-Ultimamente, nós dois... Você sabe. Queria dizer...
-Para terminarmos.
- Isso.
Fazia algum tempo que Taís comportava-se de maneira estranha comigo e desconfiei de que houvesse outro homem na jogada. Concordei com ela, mas combinamos de, no próximo domingo, nos encontrarmos em uma pizzaria para lavarmos toda a roupa suja.
Na segunda-feira, o meu editor cobriu-me de elogios:
 - Afonso, você marcou um gol de placa, desta vez! Gosto de gente assim, com atitude. Se continuar desse jeito, você irá muito longe.
No domingo, cheguei para almoçar na casa da minha tia e a encontrei discutindo com a filha dela, pois essa, há pouco tempo, havia saído do armário.
-Quem é a senhora para me dar lição de moral? _Disse a minha prima. – Mamãe, a senhora sempre se fez de santa, no entanto é a mais safada de todo mundo da família.
A minha tia não se conteve e deu-lhe uma bolacha. Então, a minha prima abriu o verbo:
-É verdade mesmo, a senhora sempre traiu o papai e não foi com um outro homem coisa nenhuma, mas com uma mulher. E não adianta dizer que estou inventando, porque eu mesma vi você e aquela sua amiga, a Julia, várias vezes juntas.
Aquilo me fez lembrar de um livro que, durante a semana, eu estava lendo:   Teatro Completo de Nelson Rodrigues. Como o clima estava carregado, voltei para a minha casa e tirei um cochilo. Quando acordei, tomei um banho e liguei para a Taís avisando que já estava de saída. Logo que cheguei, eu a vi sentada e me dirigi até ela.
Conversamos bastante e Taís me contou que ainda não havia superado a decepção amorosa que sofreu, no passado. Depois de três anos de namoro, ela descobriu que o namorado estava tendo um caso justamente com a melhor amiga dela. Mudamos o foco da conversa, bebemos um pouco e perto de irmos embora, dei um abraço nela. Mirei na boca dela e dei-lhe um beijo. Taís correspondeu e saímos de mãos dadas em direção aos nossos carros e ela me perguntou:
-O que vai fazer, agora?
-Vou para a casa.
-E vai fazer o quê? 
-Nada, por quê?
-Também não tenho nada para fazer.
-Quer ir lá em casa?
- Sim.





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