segunda-feira, 23 de maio de 2016

Conto- Babú, O Terrível

Eric do Vale


Somos da mesma faixa etária, embora eu seja um pouco mais novo do que o Celso. Por isso, tenho a absoluta certeza de que ele deve se lembrar do Spectreman. Além de ter voltado a minha infância, ao acessar o vídeo de abertura desse seriado, lembrei-me de um conhecido nosso do trabalho.
Mal voltamos do almoço, iniciou-se um sorteio valendo umas cortesias para o show do Chiclete Com Banana. Todo mundo estava na maior euforia e depois de balançar o saco, o primeiro nome a sair foi o do João Carlos. Esse, no entanto, não estava presente e o sorteio continuou. 
Dessa vez, saiu o nome da Sara, mas essa também não estava presente. O sorteio teria continuado, se o Babú não se levantasse da cadeira e dissesse bem alto:
-Nada disso! A Sara vem para cá, hoje. 
Associei aquela cena com a do Karas, inimigo do Spectreman, grunhindo, batendo nos peitos e dizendo: “Spectreman, vou pulverizá-lo.”. Estranho, o Babú sequer estava participando daquele sorteio e encontrava-se quilômetros de distância de nós todos. Mesmo assim, ninguém questionou nada.
Aquilo foi assunto para uma semana:
-Esse Babú é muito intransigente. _ Falou o Celso. – Aquilo que ele fez, ontem, foi de...
- Engraçado, o Paulo Roberto, que faz parte da gestão dele, também não estava presente e quando foi sorteado, o Babú nem se manifestou. _ Eu disse.
-Verdade. É porque a Sara o bajula, por isso aquele babuíno resolveu acabar com a festa.
O Jorge Luiz, como realmente ele se chamava, não era muito bem quisto pelo pessoal da empresa, sobretudo pelos seus subordinados. Apesar de não reportar-se diretamente a ele, o Celso tinha motivos suficientes para não gostar dele e por isso, o apelidou de Babú.  Logo, a nossa turma passou a chamá-lo assim, sempre que nos referíamos a pessoa dele.
Além de nós, tenho a convicção de que ninguém mais da firma sabia desse apelido dele, tão pouco o próprio Jorge Luiz. Eu fico aqui imaginando a reação do Celso, se lhe dissesse que o Babú fez parte da nossa infância.

                 

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