segunda-feira, 2 de maio de 2016

Conto- Lacuna



Eric do Vale



Sorridente feito uma criança sapeca; séria que nem uma delegada de polícia. Essas duas imagens me vieram em mente, assim que escutei Pais e Filhos, do Tim Maia. Por que ela recuou? Quando me perguntou se tinha chance comigo, fiquei sem graça. Era eu quem deveria ter tomado a iniciativa.
-Infelizmente, não. _ Disse ela alterando a voz.
-Não fale alto comigo.
-Esse é o meu jeito. Caso não goste, pode ir embora.
- Não vou embora coisa nenhuma! Nunca pensou em ser policial?
-Sim, mas a minha baixa estatura...
-Você não faria feio, se fizesse parte da polícia.
Então, começamos a rir.
Com quinze anos, eu era um meninão que só pensava em jogar bola. Ela, por sua vez, precisou amadurecer logo, porque tornou-se mãe muito cedo. Com dois filhos, frutos da segunda relação, ela resolveu “fechar-se para o amor”.
Ao sair daquele apartamento, me questionei: “É o começo ou o fim?”. Tinha esperanças de prosseguir com aquilo
Logo que nos conhecemos, disse-lhe que me encontrava em umas situação financeira muito difícil e ela me surpreendeu:
-Não estou à procura de riqueza.
Decidido a levar aquela relação adiante, concluí: “Se for preciso, eu trabalho até de gari”. Mas, nem tudo ocorreu como eu desejava.
Um dia, ela me procurou e disse:
-Desculpe, por ter sido grossa com você. _ Falou ela.    
-Deixa pra lá.
-Realmente, me fechei para o amor. Mas, conheci uma pessoa maravilhosa que me disse que estará sempre comigo para o que der e vier.
-É? _ Perguntei meio murcho.
-Estou me referindo a você. 


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