(Para ler escutando Retrato de um Playboy)
Eric do Vale
Alexandre acordou com ressaca, devido a bebedeira de ontem e caminhou até
a cozinha, onde, aos berros, falou para a irmã:
-Cadê o meu café?
Melissa pegou o bule e o colocou sobre a mesa.
-Não vai me servir? _ Perguntou Alexandre.
-Você tem duas mãos e eu não sou sua empregada.
Alexandre, como de costume, começou a resmungar falando os mais variados
palavrões, a medida em que ia se servindo. Sem deixar-se intimidar, Melissa
falou:
-Que papelão! Sabe, Alexandre, você está ficando cada vez mais parecido
com o nosso pai, que Deus o tenha. Pensa que é bonito encher a cara e dar
vexame? Sem falar de que quando está sóbrio, você é agressivo com todo mundo.
Juro por Deus que não consigo entender essa sua revolta. Por que isso? O Ernesto me contou que, ontem,
você esteve no escritório dele e fez o maior escarcéu.
-Fui procurá-lo para pedir-lhe
ajuda.
-Ajuda? Alexandre, você não tem
jeito mesmo! Quantas vezes o Ernesto já te ajudou? Perdi a conta dos inúmeros empregos
que ele te arranjou.
-Empregos? Aquilo tudo
eram umas porcarias e tem mais: o Ernesto é um banana. Sabe o que foi que aquele idiota fez comigo, maninha? Ele me
disse o seguinte: “Agora, chega. Dessa vez, não conte comigo para mais nada e
se não for pedir demais, esqueça que eu existo.”.
-Está vendo? Até o Ernesto cansou de
você.
-Mas, não me dei por vencido e o
chamei pra briga. Sabe o que aquele imbecil fez? O Ernesto_ Cuspindo no chão,
depois de falar o nome dele.- Pediu para que eu me retirasse, mas não dei o
braço a torcer e comecei a xingá-lo. Ele, por sua vez, chamou um segurança e
disse: “Faça o favor de acompanha-lo até a porta.”.
- Ele tem muita classe. Sabe qual é
o seu problema, Alexandre? É que você gostaria de estar no lugar dele e não
adianta ficar nervoso, porque essa é a verdade. Tudo isso que você falou do
Ernesto é o seu reflexo.
Alexandre levantou-se, partiu para
cima de Melissa, mas foi contido pelo marido dela e, por pouco, não levou um
soco desse.
-Não volte mais aqui. _ Gritou o
marido de Melissa, depois de segurá-lo pela gola da camisa e o colocá-lo para
fora de casa.
Ao deparar-se com um homem que vinha
passando na frente dele, o encarou e disse:
-Quer bala?
Como foi ignorado porá aquele homem,
Alexandre dirigiu-se até o bar próximo de casa e ao chegar perto do balcão,
falou:
-Um duplo.
-Começando cedo. _ Comentou o balconista.
Minutos depois, Melissa ouviu a
campainha tocar e quando abriu a porta, assustou-se com aquela cena: o irmão,
todo ensanguentado, carregado por algumas pessoas.
-Meu Jesus amado! O que foi isso? _
Perguntou Melissa.
-O seu irmão arranjou uma baita
confusão, no bar do seu Emílio. Por
pouco, não foi linchado. O seu Emílio deixou claro que o seu irmão está terminantemente
proibido de colocar os pés no estabelecimento dele. Caso contrário..._ Falou um
dos homens que foi deixá-lo em casa.
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