quinta-feira, 19 de maio de 2016

Conto- Palmatória Do Mundo

(Para ler escutando Retrato de um Playboy)

Eric do Vale


Alexandre acordou com ressaca, devido a bebedeira de ontem e caminhou até a cozinha, onde, aos berros, falou para a irmã:  
-Cadê o meu café?
Melissa pegou o bule e o colocou sobre a mesa.
-Não vai me servir? _ Perguntou Alexandre.
-Você tem duas mãos e eu não sou sua empregada.
Alexandre, como de costume, começou a resmungar falando os mais variados palavrões, a medida em que ia se servindo. Sem deixar-se intimidar, Melissa falou:
-Que papelão! Sabe, Alexandre, você está ficando cada vez mais parecido com o nosso pai, que Deus o tenha. Pensa que é bonito encher a cara e dar vexame? Sem falar de que quando está sóbrio, você é agressivo com todo mundo. Juro por Deus que não consigo entender essa sua revolta.  Por que isso? O Ernesto me contou que, ontem, você esteve no escritório dele e fez o maior escarcéu.
                -Fui procurá-lo para pedir-lhe ajuda.
                -Ajuda? Alexandre, você não tem jeito mesmo! Quantas vezes o Ernesto já te ajudou? Perdi a conta dos inúmeros empregos que ele te arranjou.
                -Empregos? Aquilo tudo eram umas porcarias e tem mais: o Ernesto é um banana.  Sabe o que foi que aquele idiota fez comigo, maninha? Ele me disse o seguinte: “Agora, chega. Dessa vez, não conte comigo para mais nada e se não for pedir demais, esqueça que eu existo.”.
-Está vendo? Até o Ernesto cansou de você.
-Mas, não me dei por vencido e o chamei pra briga. Sabe o que aquele imbecil fez? O Ernesto_ Cuspindo no chão, depois de falar o nome dele.- Pediu para que eu me retirasse, mas não dei o braço a torcer e comecei a xingá-lo. Ele, por sua vez, chamou um segurança e disse: “Faça o favor de acompanha-lo até a porta.”.
- Ele tem muita classe. Sabe qual é o seu problema, Alexandre? É que você gostaria de estar no lugar dele e não adianta ficar nervoso, porque essa é a verdade. Tudo isso que você falou do Ernesto é o seu reflexo.
Alexandre levantou-se, partiu para cima de Melissa, mas foi contido pelo marido dela e, por pouco, não levou um soco desse.
-Não volte mais aqui. _ Gritou o marido de Melissa, depois de segurá-lo pela gola da camisa e o colocá-lo para fora de casa.
Ao deparar-se com um homem que vinha passando na frente dele, o encarou e disse:
-Quer bala?
Como foi ignorado porá aquele homem, Alexandre dirigiu-se até o bar próximo de casa e ao chegar perto do balcão, falou:
-Um duplo.
-Começando cedo. _ Comentou o balconista.

Minutos depois, Melissa ouviu a campainha tocar e quando abriu a porta, assustou-se com aquela cena: o irmão, todo ensanguentado, carregado por algumas pessoas.
-Meu Jesus amado! O que foi isso? _ Perguntou Melissa.

-O seu irmão arranjou uma baita confusão, no bar do seu Emílio.  Por pouco, não foi linchado. O seu Emílio deixou claro que o seu irmão está terminantemente proibido de colocar os pés no estabelecimento dele. Caso contrário..._ Falou um dos homens que foi deixá-lo em casa.


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