quinta-feira, 21 de maio de 2015

Conto- Aula De Sociologia


 Eric do Vale


Não invejo ninguém que seja psicólogo, porque, no meu entender, estudar os problemas alheios é algo extremamente complexo. Mesmo assim, eu me pergunto: qual é a desse cara?  No primeiro dia de aula, ele falou que lutava jiu-jitsu e vale tudo, chegando até a disputar campeonatos nacionais e estrangeiros. Dizia para quem quisesse ouvir que era tão bom na lábia quanto no braço e, durante as aulas, expressava as suas opiniões demonstrando um aspecto zombeteiro somado a um quê de volúpia, ficando evidente que a sua pretensão era sempre contrapor com os pensamentos dos professores e de seus colegas de sala.
Suas opiniões, muitas vezes, eram tão incoerentes, que ele merecia ser taxado de discípulo do Lobão. Quando terminava de fazer suas colocações, era comum ouvir alguém murmurar: “Oh cara chato! Só fala besteira!”. Não era uma e nem duas pessoas que faziam isso, mas sim a classe toda, inclusive eu. Acho até que os professores também pensavam assim. E sendo um declarado e ferrenho opositor do Partido dos Trabalhadores, gostava de atritar com a professora de sociologia, pois essa nunca escondeu a sua simpatia pela causa esquerdista.
Para ser honesto, eu também não morro de amores pelo PT e nem pelo PSDB. Especialmente, esse último. Parto da tese de que “todos os políticos são farinha do mesmo saco” e ao contrário desse “camarada”, eu respeito todos aqueles que tenham as suas convicções ideológicas definidas.
Confesso que, de uns tempos para cá, comecei a criar gosto pela sociologia, pois percebi a importância dela para o nosso cotidiano. E por falar nisso, a professora dessa cadeira, dia desses, me fez um desabafo, assim que a aula terminou:
- Se você souber a quantidade de alunos que eu tenho que lidar, não é brincadeira! Veja você que, ontem, um aluno do semestre anterior me perguntou o seguinte: “Professora, por que a gente tem que ser obrigado a assistir esta sua aula?”. Apresentei-lhe as devidas razões, mas sabe o que foi que ele me respondeu?
- O que foi que ele disse?
- “Sabe de uma coisa, eu acho esse debate que a senhora promove é uma grande babaquice, pois não tem nada para me acrescentar.”
            Quando saí do trabalho, fui para a casa e a minha cabeça estava para explodir. Por mim, nem iria, hoje, para a aula, no entanto tinha um seminário para apresentar. O pior é que eu não estudei coisa nenhuma. Que droga! Tomei um analgésico e mesmo assim, resolvi ir para a faculdade.     
Lá chegando, passei a vista no conteúdo e assim que a professora entrou na sala, pediu para que fizéssemos um círculo.   Fiquei incumbido de debater sobre o “jeitinho brasileiro” e mal comecei a falar, ele tomou a palavra:
            - Não tem ninguém aqui, nesta sala, que seja honesto. Todo mundo é corrupto. Você, você, você e você. _ Apontando aleatoriamente.
E continuou:
- Duvido que se alguém aqui tiver um filho doente não vai “dar um jeitinho” para ser atendido logo. Por isso, eu digo e repito: todo mundo é corrupto! _ Alterando a voz.
Depositei toda a minha força sobre a mesa e, em seguida, me levantei da cadeira em direção ao lugar onde ele estava. A professora não cessava de pedir calma, enquanto os demais não sabiam o que fazer.   Todos acreditavam que, naquele momento, a sala se transformaria em um saloon.
Com o dedo em riste, eu trovejei:
-Escuta aqui, o que você está pensado da vida? Você pensa que é quem? Por um acaso, você é pai? Não, não é! Você nem sabe o que é isso!
A professora estava à beira de ter um colapso, então voltei para o meu lugar e dei continuidade a apresentação. 
     







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