Eric
do Vale
“Eu
bato o protão sem fazer alarde
Eu
levo a carteira de identidade
Uma
saideira, muita saudade
E
a leve impressão de que já vou tarde.”
(Trocando Em
Miúdos: Chico Buarque & Francis Hime)
Um
dia, isto haveria de acontecer. Já era sem tempo! Qual futuro eu teria, se
continuasse trabalhando aqui?
Permaneceria na mesma função e caso mudasse de setor, receberia o mesmo
salário de outrora. Só me restava procurar algo melhor e foi o que fiz.
Logo
após solicitar o meu desligamento, tive a plena convicção de que fiz a coisa
certa. Mas, não posso me esquecer de que, no ano passado, as coisas estavam
difíceis e era preciso segurar a onda até cessar a tempestade.
Acordava
as cinco e meia e depois das seis, caminhava vários metros até o ponto de
ônibus para, a partir das sete horas, estar no batente. É muito raro alguém
desse estabelecimento ser mandando embora. Muitos já tentaram, mas poucos,
pouquíssimos, conseguiram. E tem aqueles que continuam tentando: faltando o
trabalho, chegando atrasado ou enrolado o serviço.
Só
tenho uma coisa a lamentar: estou saindo justamente no momento em que comecei a
me entrosar com o pessoal. O que se há de fazer? São coisas da vida e que
saber? Melhor assim.
Continuo
acordando no mesmo horário e sempre que me desloco para o ponto de ônibus,
resmungo: “Porcaria de emprego!”. E quando o ônibus começa a demorar, não me
contenho: “Droga de trabalho”. Então, concluo: “Falta pouco”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário