sábado, 16 de janeiro de 2016

Conto- De Mãos Abanando

                                  Eric do Vale

A minha irmã e eu resolvemos ir a uma cidadezinha, situada no litoral, onde o nosso pai possuía um terreno.  Ficamos sabendo que esse espaço, atualmente, encontra-se localizado em uma área preservada, não podendo assim, ser desmatado. Além disso, a empresa que administrava esse terreno sumiu e a prefeitura não está nem aí, mas continua cobrando impostos. Como fazia um ano que o nosso pai tinha morrido, achamos que seria fundamental resolver tal pendenga o mais rápido possível.
Eu não sei por que a minha irmã inventou de trazer o mala do marido dela. Nada contra ele, pelo contrário. Tirando os defeitos, o meu cunhado é uma pessoa maravilhosa. Ele sempre faz o que aminha irmã quer e depois, fica reclamando. No entanto, tenho até dó dele, porque ela não é uma pessoa fácil. Os dois parecem duas crianças: brigam por tudo e a toda hora.  Durante o trajeto, o meu cunhado ascendeu um cigarro e então, pensei: “Ai meu Deus, o Otaviano não tem jeito mesmo!”. Sorte que eu tinha trazido o meu celular para acessar a internet e quando me viu com o aparelho em mãos, o meu cunhado não perdoou:
- Quem muito acessa a internet fica alienado, sabia? 
Por que não inventei uma desculpa qualquer? Eu devia ter feito isso, assim que a maluca da minha irmã disse que o chato do marido dela ia conosco. Ao atirar pela janela a guimba do cigarro, o Otaviano não perdeu tempo e ascendeu outro. Após a terceira baforada, a minha irmã reclamou:
-Otavianooo, apaga esse cigarro!
Haja saco de filó!
O terreno do nosso pai localizava-se em um lugar bastante ermo e o meu cunhado não pensou duas vezes e começou:
-Ana Clara, onde é que o seu pai estava com a cabeça, quando comprou esse terreno?
-Otavianooo, menos vai!
-Não está vendo que aqui é reduto de mau elemento?
Nesse ponto, eu estava completamente de acordo com ele.
Fomos até a prefeitura e saímos de lá sem nenhuma resolução com destino para os nossos respectivos lares. No meio da viagem, o meu cunhado inventou de ascender um cigarro e não demorou muito para a minha irmã reclamar:
-Otavianooo, apaga esse cigarro!

O meu consolo era saber que, dentro de algumas horas, eu estaria desfrutando do aconchego do meu lar.    

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