quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Conto- Cobras E Gaviões

Eric do Vale

Armando, certificando-se de que as mulheres haviam se distanciado, disse:
-Viram só como elas se soltaram? No trabalho, são todas pudicas, mas quando tomam todas... O que é que a bebida não faz? 
– Eu não vou mentir que fiquei com vontade de dar uns amaços na Debora, mas sabe como é? Além desse negócio de sermos colegas de trabalho, eu sou casado. _ Comentou Luís Carlos.
- Luís Carlos, como você é mole! Não está vendo que eu, em seu lugar, não desperdiçaria uma chance dessa. Por falar nisso, reparou na Vanusa?
-Se reparei? Não só eu, mas todo mundo.
- Viu como o diretor-presidente ficou babando por ela? Ele, praticamente, a devorou com os olhos. Pelo jeito, ela não é de negar fogo. Eu fui dançar com ela e ...
Armando descrevia aquilo de tal maneira sem fazer ideia de que havia perdido uma grande oportunidade de ficar calado. Celso, então, falou:
-A Vanusa é casada.
-Eu sei, mas, pelo jeito, o marido dela não deve estar dando conta. _ Finalizou Armando.  
 No dia seguinte, ela não veio trabalhar. Logo, começaram as especulações: 
            -A Vanusa, certamente, não veio, porque deve estar de ressaca moral.
-Eu, no lugar dela, também faria a mesma coisa e acho que nem teria mais coragem de colocar os pés na firma. _ Disse Firmino
Desde que começou a trabalhar naquela firma, Vanusa já chamava a atenção da ala masculina, em virtude de sua esfuziante beleza.  Ela só voltou ao trabalho depois de dois dias e assim que chegou, foi chamada na sala da chefe.  Embora todos fizessem ideia do que se tratava, Vanusa jamais comentou com alguém o porquê daquela “conversa”.   
Nessa mesma época, Vanusa separou-se do marido e quando o pessoal da firma tomou conhecimento disso, caíram matando. O Armando, por exemplo, não cessava em investir com cantadas baratas. Um dia, ele entrou na sala de Mário Sérgio para entregar um documento a esse e indagou:  
-O que você acha da Vanusa?
-Em que sentido?
-Ora essa, Mario Sérgio! Não se faça de rogado.
-É uma mulher bonita, por quê?
-Soube que ela se separou do marido.
-Sim, mas você é casado e além disso, a sua esposa é muito amiga dela.
-E o que é que tem, Mario Sérgio? Isso não quer dizer nada.  E sabe de uma coisa? Acho que ela não gosta de homem.
-Que história é essa?
- Não é história coisa nenhuma. Várias vezes, eu liguei para ela marcando para sairmos e a resposta sempre foi não.
-É simples, ela não quer nada com você.
- Se fosse só isso, tudo bem. Só que eu não sou o único, aqui nessa firma, a suspirar por ela. Você há de convir comigo que um mulherão daquele, capaz atrair todos os homens...
-Muito cuidado com o que diz, Armando. _ Interrompendo-o.-  A Vanusa não é uma qualquer e além do mais, eu a estimo bastante. Por isso, dobre a língua, quando for falar dela. Caso não tenha mais nenhum assunto referente ao trabalho, faça o favor de, agora mesmo, retirar-se da minha sala.

Naquelas condições, Armando colocou o rabo entre as pernas e bateu em retirada. Ao abrir a porta, deu de cara com Vanusa. 

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