Eric do Vale
Acordei às três e meia da manhã, fiz
o café e quando deu quatro e quinze, saí para trabalhar. Essa é a minha rotina
e o lugar onde moro é bastante perigoso, principalmente nesse horário. Por
isso, posso dizer que já vi e continuo vendo muita coisa. Eu estava na parada,
quando um taxi estacionou na minha frente e o motorista abaixou o vidro do
carro. Era um homem de cabelos grisalhos que beirava a casa dos cinquenta e ele
falou:
-Entra aqui.
Eu me fiz de desentendida, mas ele
insistiu:
-Entra aqui.
Continuei ignorando-o e ele se
enfureceu:
-Está surda? Entra aqui!
-Pra quê?
-Não interessa, faça o que estou
pedindo.
Saí correndo e ele gritou:
-Volte aqui!
Percebi que ele tinha dado a partida
do carro e então dobrei a esquina. Quando tive certeza de que ele não estava
mais perto, aliviei o passo até chegar a um ponto de ônibus. Nessa hora, avistei
uma mulher caminhando em minha direção. Ela vestia trajes curtos e estava com o
rosto todo maquiado. Cada vez que essa mulher vinha se aproximando, tinha a
impressão de conhece-la de algum lugar e não tive nenhuma dúvida disso, quando
eu a vi de perto: era a Vilma! Ainda pensei em chama-la, mas, nesse momento,
ela foi abordada por um homem que a chamou por outro nome. Eles caminharam até
um beco e ficaram por lá. Foi justamente nessa hora, que o meu ônibus chegou.
Diariamente, a Vilma e eu íamos para
o trabalho e voltávamos para a casa juntas até ela ser demitida por justa
causa. Ainda hoje, ninguém soube esclarecer o motivo dela ter sido demitida.
Por coincidência, hoje, durante o almoço, o pessoal falou nela:
- A Vilma andava de caso com o
Orlando.
-Ela
se envolveu com quase todo mundo, aqui da firma, e dizia para quem quisesse
ouvir. Esse foi o vacilo dela.
-
E ela ainda cometeu a besteira de sair falando mal do Orlando, atirou no
próprio pé.
Eu
não emiti nenhuma opinião e nem falei que a tinha visto hoje, quando estava
indo trabalhar.
Ao
voltar para a casa, pensei: “Amanhã é um outro dia”. No entanto, não poderia deixar de transcrever
tudo isso que aconteceu, hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário