sábado, 6 de fevereiro de 2016

Conto- A Degola

Eric do Vale  
        


- O Aluísio foi demitido. _ Falou Andrea, ao aproximar-se da mesa de Plínio.
  -Quando foi isso? _ Perguntou Plínio.
 - Ontem, logo depois que você foi embora.
Aquela noticia soou como uma bomba. Três dias antes, Plinio procurou Andrea e disse:
- Como você é mais próxima do Aluísio, acho bom alertá-lo de que o pessoal está de olho nele.
-Eu já sabia disso, antes, e até dei vários toques para ele.
Ao solicitar o seu desligamento, alegando receber uma proposta irrecusável, Plinio falou ao chefe que apesar de ter tido uma boa convivência com os colegas, existia uma queixa de alguns:
-Quem são essas pessoas? _ Quis saber o chefe.
-Prefiro não mencionar nomes.
- É o Marcelo ou o Aluísio.
- Tenho pouco contato com esses dois, porém posso lhe garantir que tive uma amistosa convivência com ambos.
-Então, quem foi?
- Só posso te dizer uma coisa: era mulher.
- Aposto que foi o Trio Ternura.
Esse era o nome do seleto grupo composto por três senhoras distintas que tinham como habito falar mal de todo mundo ali, naquele estabelecimento, além de criar inúmeras intrigas. Recentemente, o trio havia sofrido um desfalque, em virtude do desligamento de uma das integrantes. Embora admitisse que tenha sido uma delas, Plínio achou sensato não revelar quem era. Ele, assim como todo mundo ali daquela empresa, sabia que não era de hoje que a batata de Marcelo estava assando, mas o que muito o impressionava era o fato de Aluísio fazer parte daquela lista negra.
Na concepção de Plínio, aquilo não fazia o menor sentido, porque Aluísio ainda encontrava-se em período de experiência. Essa foi a justificativa mais plausível que ele encontrou, assim que foi informado da demissão desse. Andrea falou:
- Várias vezes, ele tinha sido chamado a atenção, porém continuava comendo os mesmo erros. Eu mesma dizia: “Aluísio, quando tiver dúvida, não hesite em perguntar.”.  Ele, no entanto, afirmava que se virava sozinho e deu no que deu.
- Mesmo assim, eu não achei justo. Tem gente aqui que apesar de trabalharem, há bastante tempo, cometem erros idênticos ou piores. Você e eu sabemos muito bem disso.
Andreia concordou dizendo que o Aluísio teve o azar de trabalhar em um setor onde, o tempo todo, as pessoas observam umas às outras e como se isso não bastasse, ele tinha como parceiro uma pessoa que além de ser despreparada, não era muito confiável.  Ela, então, finalizou:
-Sorte a sua, Plinio, de estar se desligando. Haverá, logo mais, uma reunião com todos os colaboradores e estou certa de que muitas cabeças vão rolar.          

Nenhum comentário:

Postar um comentário