Eric do Vale
Para
Salomão Francisco Rabelo Sampaio
Lá
estava eu dissecando um cadáver e encarando aquilo com a maior naturalidade,
enquanto alguns colegas começaram a passar mal. Houve até quem desmaiou. A aula
de anatomia foi um momento decisivo na minha e não tive dúvida: nasci para
aquilo.
Um
ano antes, estava com dezoito anos completados, próximo de concluir o terceiro
ano e decidido a prestar vestibular para arquitetura. Naquela época, não havia internet, por isso a
inscrição tinha que ser feita na universidade.
Encontrei-me com o Luiz Fernando, meu colega de escola, que me
perguntou:
-Qual
curso pretende se inscrever?
-Arquitetura.
-Arquitetura?
Por que não tenta medicina?
Honestamente,
jamais pensei em ser médico.
Durante o segundo ano de faculdade, trabalhei,
por um período de dois anos, em um cursinho ensinando biologia e por falar
nisso, encontrei, dia desses, uma mulher que estudou lá e me disse o seguinte:
-Você
se garantia fazendo aqueles desenhos. Lembro-me perfeitamente daquelas células!
O
que eu mais gostava de fazer era desenhar, portanto só havia um caminho a
seguir: arquitetura.
O
Luiz Fernando não parou de me encher o saco:
-Por
que você vai querer estudar arquitetura? Faça medicina, homem.
Quando
cheguei ao balcão, me inscrevi para o curso de medicina. Assim que souberam
dessa minha escolha, a minha família ficou sem entender.
-
Meu filho, você está bem? _ Perguntou o meu pai.
-Sim,
estou.
-Então,
o que foi que aconteceu para você mudar de ideia e se inscrever em outro curso?
Essa
pergunta, até hoje, não quer calar. O fato é que eu estudei, passei e, graças a
Deus, consegui me formar. E o mais importante: não me arrependo de ter
escolhido essa profissão.
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