terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Conto- Parabéns, Mamãe

Eric do Vale

Durante o café da manhã, falou para a mãe que estava arrependido do que havia feito e prometeu que aquilo jamais tornaria a acontecer. Nessa hora, o atual marido dela chegou e disse:
-Meus parabéns!
Ele, então, percebeu que era o aniversário dela e pensou: “Como pude me esquecer?”. Desconcertado, levantou-se e disse:
-Feliz aniversário, mamãe! _ Abraçando-a.
No caminho para a escola pensou: “Como pude esquecer?”. Ele jamais se perdoou por ter esquecido o aniversário dela e prometeu a si mesmo que aquilo jamais iria repetir-se.
Um mês depois, lembrou-se do aniversário do pai e resolveu telefonar, mas não obteve retorno. Ele ainda ligou duas, três, quatro vezes em vão até que a mãe dele falou:
-Esquece, meu filho.
-Esquecer? Mas, é o aniversário dele.
-Engraçado, o dele você lembrou, mas o meu aniversário não.
Além de soar como um tapa nacara, aquilo reforçou mais ainda a promessa que havia feito, no mês passado.
Desde então, ele não mais esqueceu do aniversário dela até que um dia, levantou-se atordoado, porque precisava ir até o Detran para resolver uma documentação do carro.
Vinte e quatro horas antes, ele havia mandado confeitar um bolo para mãe e pensou em ir até a casa dela sem avisar para fazer-lhe uma surpresa e até encomendou umas flores. Antes de dormir, pensou: “Está tudo preparado. Vai ser impossível de esquecer.”. Logo, lembrou-se do que tinha acontecido, anos atrás. Dessa forma, concluiu que não havia a menor possibilidade daquilo acontecer novamente.
Ao acordar, percebeu que estava em cima da hora e foi até o Detran. Resolvido o problema da documentação, voltou para a casa e assim que viu a mãe, cumprimentou. Ele só foi se dar conta de que era o aniversário dela, quando viu os familiares chegando e desejando-lhe feliz aniversário.  Por pouco, ele não enfartou.
Após a confraternização, ele deu uma saída e assim que voltou, trouxe consigo o bolo e as flores que havia encomendado.
-Mamãe, me perdoe. _ Disse ele.  
-Pelo quê?
-Não te dei os parabéns.
-Desencana.
-Nada disso. Eu, ontem, tinha encomendado o bolo e estas flores para a senhora e planejei tudo direitinho. Por que isso foi acontecer comigo?
-Coisa de quem se cobra demais.
Ao ouvir aquilo, sentiu-se mais aliviado e pensou: “Pelo menos, ela sabe que não foi descaso meu.”.    

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