Eric do Vale
“É duro ter apenas duas alternativas
(ficar ou ir embora) e ambas serem terríveis.”
(Caio Fernando Abreu)
Todo
mundo sabia que, dentro de alguns instantes, tudo chegaria ao fim. Fortes
emoções são as palavras mais apropriadas para resumir aquelas vinte e quatro
horas. Sexta-feira, véspera de carnaval, a única coisa digna a ser feita,
naquele momento, era relaxar: tirar os sapatos, despir-se, aos poucos, para tomar
um banho gelado e tirar todo o peso daquele clima.
Com
os pés no chão e segurando o controle remoto, não parou de mudar de canal até
deparar-se com a exibição de Kramer vs.
Kramer. Já havia perdido a conta das
vezes que assistiu aquele filme e mesmo assim, quis revê-lo
Finalmente,
o tão “esperado” dia chegou. Mesmo desejando não se despedir, sabia que aquilo
era necessário. Adeus era uma palavra muito forte, principalmente naquela
situação.
A
fim de ficar só, dispensou a companhia daquela pessoa, porque tinha certeza de
que, assim que se despedissem, nenhum dos dois resistira a emoção. Por isso,
inventou uma desculpa qualquer e desceu pelas escadas até seguir o trajeto a
pé. Uma miscelânea de sentimentos permitiram com que chegasse à seguinte
conclusão: “Acabou”.
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