segunda-feira, 7 de março de 2016

Conto- Em Um Banco De Praça

Eric do Vale

Murilo saiu do quarto com o celular na mão dizendo:
-Nunca, em toda a minha vida, escutei coisas tão absurdas!
- O que foi? _ Perguntou Clara, a esposa dele.
- Nada, só um trote.  
Sentou-se na cabeceira e continuou jantando. Depois desse telefonema, Murilo não mencionou nenhuma palavra a mais.
Após o jantar, tomou banho, arrumou-se e sem que a esposa percebesse, saiu pela porta dos fundos, levando consigo o seu revólver calibre 38.Ele foi visto, pelos moradores, andando pelas ruas da vizinhança até sentar-se em um banco da praça que ficava perto do prédio, onde residia.
Era uma mulher, de aproximadamente vinte e poucos anos, de cabelos castanhos que usava um vestido preto curto. Tal descrição foi feita por uma senhora que morava no prédio situado em frente ao banco da praça, onde Murilo encontrava-se sentado na companhia dessa mulher.
-Pelo que pude perceber, eles estavam conversando. _ Disse a moradora do prédio. – Parecia ser uma conversa longa, pois ficaram mais de uma hora lá.
-A senhora estava observando os dois? _ Perguntou o policial.
-De jeito nenhum. Eu estava aqui, nesta janela _ Mostrando para o policial. - Fumando e por isso, pude ver os dois sentados. Provavelmente, estavam conversando.  Depois, saí para assistir à novela e quando voltei para fumar outro cigarro, percebi que eles continuavam ali. _ Apontando para o banco.
-A senhora, por um acaso, já tinha visto essa mulher por essas redondezas?
-Nunca.
-E depois, o que a senhora fez?
-Eu fui dormir.
A perícia apreendeu o celular do Murilo, mas não encontraram nenhum indicio, porque todas as ligações haviam sido apagadas pelo próprio réu.
O Porteiro, durante o depoimento, viu o momento em que aquela mulher foi embora:
-Ela levantou-se e entrou no carro que estava estacionado e foi embora.
-O senhor, por um acaso, lembra-se da cor do veículo? _ Perguntou o policial.
-Sim, era vermelho. Mas, não anotei a placa. Como eu poderia imaginar?
Murilo, de acordo com o porteiro, continuou sentado no banco por um longo período.
Alguém que passava por ali, estanhou dele permanecer sentado sem se mexer e ao chegar mais perto, reparou que havia muito sangue no lado esquerdo do peito de Murilo, devido a uma bala de revólver que havia se alojado no coração dele.


Nenhum comentário:

Postar um comentário