sábado, 5 de março de 2016

Conto- Venha A Nós

Eric do Vale

                

              -Oi, Fausto, tudo bem?
            -Sim, tudo bem. E a patroa?
            - Ela está bem, chegou em casa, agora.
            -Era exatamente sobre ela que eu queria te falar. Veja você que, há vários dias, venho tentando falar com essa minha prima, mas não obtive nenhuma resposta dela. Cheguei a pensar que eu tivesse feito alguma coisa que a tivesse deixado magoada.
-Fica frio, Fausto. Dificilmente, ela usa estas redes sociais. Além disso, são coisas da família Guedes. Você entende?
-Não, não entendo. Quer me explicar, por favor?
Silêncio absoluto. É claro que eu sabia o que ele estava querendo dizer, mas me fiz de desentendido. Sei que nas minhas veias correm o sangue dos Guedes, mas hei de convir com o Cristiano: essa família é osso duro de roer!
O Cristiano me contou que, certa vez, ele e a esposa foram de visitar o Adamastor, um parente nosso, e quando chegaram à casa dele, cadê? Ficaram até meia noite esperando por ele, mas nada do Adamastor chegar. Dias depois, foram informados de que ele tinha viajado.
Eu não entendo a minha prima:  ela nunca portou-se dessa maneira comigo, sempre que manifestava interesse de vir passar as férias, aqui em casa. A última vez que isso aconteceu, a minha prima era solteira e, sem me avisar, trouxe a amiga dela que por sinal, preenchia todos os requisitos de uma visita indesejável. Deus foi testemunha de que eu fiz de tudo para ser tolerante com essa. No entanto, a única solução que encontrei foi mostrar-lhe, de uma forma não muito cortes, a porta da rua.
Aquele comentário do Cristiano foi o estopim para que eu a procurasse a fim de mandar-lhe esta mensagem: “Olá! Não sei se você percebeu, mas venho, há dias, tentando falar com você. Posso até entender que seja uma pessoa ocupada, porque eu também tenho os meus afazeres. Todavia, existe uma coisa chamada educação e tenho certeza de que você não saiba o que seja isso. O que mais me impressionou é que eu falei isso para o seu marido e sabe qual foi a justificativa dele? Ele disse que isso era coisa da família Guedes. Considero a resposta dele uma desculpa esfarrapada. E se você não sabe, eu também faço parte da família Guedes, mas, em momento algum, fui capaz de ser desatencioso com os meus familiares.”.
Horas depois, o marido dela telefonou-me dizendo:
-Gostei da mensagem que você enviou para a minha esposa. 
A princípio, pensei que ele estivesse ironizando ele continuou:
-Você tem toda razão, Fausto. Inclusive, eu puxei a orelha dela.





Nenhum comentário:

Postar um comentário