-Pelo
jeito, você deve ter lido toda a obra do Nelson Rodrigues.
-Como adivinhou? _ Perguntei
-Pelo que você escreve: amores não
correspondidos, falso moralismo...
- Na verdade, não cheguei a ler tudo dele, mas
sim uma boa parte.
A
conversa estava bastante agradável e sabendo que ela era casada, alertei:
-Espero que o seu marido não se
incomode com o nosso diálogo.
-Sem problema! Ele é muito tranquilo
em relação a isso e não se importa que eu tenha amigos homens. Somos um casal
moderno, estilo Jean-Paul Sartre e Simone de Bouvoir.
Aquilo
muito me intrigou e ela prosseguiu:
-Eu,
é claro, sou muito conservadora. Mas, acho que cada um tem que ter a sua
individualidade, não acha?
-
É interessante você comparar a sua vida conjugal com a de Sartre e Bouvoir. Não
vou mentir que fiquei muito curioso em relação a isso.
-Olha
aqui, a gente nem se conhece direito....
-Desculpa,
não pretendia ser invasivo.
Justifiquei-me
dizendo que, nos dias de hoje, todos fazem questão de se auto denominarem
modernos, quando, na verdade, possuem ranços conservadores. Sobretudo, no que
diz respeito a relação matrimonial. Pelo jeito, os meus argumentos não foram
muito convincentes, porque ela continuou de cara amarrada. Por isso, mudei de
assunto.
Visto
que não havia clima para continuarmos dialogando, despedi-me e fui embora.
Horas depois, vi que ela estava on line
e, novamente, me desculpei. A resposta dela foi imediata “Acho bom não nos
falarmos mais.”.
Antes
que eu pudesse perguntar onde havia errado, ela já tinha me excluído e
bloqueado de seus contatos. Até agora, não faço a mínima ideia do que realmente
aconteceu.
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