Eric do Vale
Estava assistindo, no Youtube, o encerramento da programação
da Globo, do dia 14 de outubro de 1991, em que o locutor, em off, dizia: “Faremos, agora, uma pequena
pausa em nossa programação. Apenas, um tempo necessário para você despertar
para um novo dia, uma nova vida! Logo, estaremos juntos, novamente,
apresentando...”. E então, ele ia dizendo, na sequência, a programação daquele
dia. Fiquei inerte, ao mencionar o filme a ser exibido na Sessão da Tarde: Febre De
Juventude.
Imagine
um atleta que, por uma fração de segundos, deixou de conquistar um torneio. Foi
assim que eu me senti, quando vi a foto dela vestida de noiva. A primeira coisa
que me veio na cabeça foi: “Poderia ter sido eu.”. Sim, era eu que, naquele
momento, deveria estar com ela, na igreja. E constatei que deveria ter tentado
mais um pouco, talvez.
Eu
havia apostado todas minhas fichas nela, quando veio com a conversa de que
estava voltando para o antigo namorado. Não demorou um mês para vir me procurar
e dizendo que continuava solteira.
Sem perder tempo, fui direto ao ponto
e ela, sem dar uma resposta definitiva, falou que precisava pensar. Mudei a
minha estratégia, mas tinha certeza de que não daria em nada. Como eu estava
enganado! Aquilo me fez constatar que nessa vida a gente não tem certeza de
nada, a não ser que, um dia, todos nós vamos morrer.
As coisas estavam andando de vento
em poupa, quando ela veio com a história de que havia conversado com o analista
dela e que precisava pensar. Receoso de tomar uma decisão precipitada, achei
melhor ficar na minha. Contudo, tivemos algumas sessões Flash Back até que, até um dia, ela disse que pensou muito e chegou
à conclusão de que era melhor colocar um ponto final naquilo tudo. Eu concordei
e quando nos despedimos... outra recaída.
Não nos vimos mais, depois disso.
Eu, porém, não tinha dado o braço a torcer e continuava telefonando-lhe e indo
até o local de trabalho dela. Um belo dia, recebi um e-mail dela e o li com o sorriso até as orelhas: “Não é de hoje que
você vem me procurando. Como sabe, eu trabalho bastante e por isso, não posso
te dar a devida atenção. Além do mais, estou namorando.”.
Aquela
última frase simbolizou um nocaute duplo. Sem saber o que responder, deletei
aquela mensagem. Não a procurei mais, todavia resolvi pagar pra ver,
acompanhando os passos dela, pelo Facebook.
O computador estava ligado, no
momento em que eu assistia Febre De
Juventude. Paralelamente, acessei o Faceboock
e a primeira coisa que vi foram as fotos do casamento dela. Como eu gostaria
que aquilo fosse um sonho, mas era a realidade.
Ao ouvir o nome Febre de Juventude, me veio em mente a canção tema daquele filme, She Loves You. Informado sobre o
casamento dela, eu não parava de cantarolar o refrão daquela música: “She
loves, you yah, yha, yah!”.
Gostaria de esquecer tudo aquilo: o
filme, a música e ela. Principalmente, aquele fatídico dia. Depois que ouviu
esse meu desabafo, uma amiga minha disse:
- Veja o lado bom da coisa, Mário:
olhe as coisas boas que você colheu, depois de tudo isso que você passou.
Um
mês depois de ter me dito isso, Laura e eu começamos a namorar. Resultado:
estamos casados, há quase cinco anos.
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