(Ao som de Por Enquanto)
Eric do Vale
Fiquei
fora de casa, por duas semanas: viajamos para comemorar os festejos de final de
ano e quando voltamos, recebi um convite para passar as férias no interior.
Naquela cidadezinha, eu me sentia um rei: estava totalmente desprendido de
qualquer compromisso.
Quando
voltei, definitivamente, para a casa, faltava uma semana para as aulas
começarem. Naquele momento, era necessário retornar a realidade e, acima de
tudo, encará-la: pouco antes de entrar de férias, eu já sabia que muita coisa
iria mudar. No entanto, a ficha só caiu, naquele primeiro dia de aula.
Algumas
pessoas que haviam estudado comigo, no ano anterior, também migraram para o
período matutino. Aparentemente, aquilo era muito bom, mas não significava
muita coisa para mim, porque eu não tinha por perto os meus amigos de outrora.
Minto, havia sim um que integrava o meu ciclo de amizades, mas esse não estava
na mesma sala que eu. Talvez, seja por isso que, no decorrer do semestre, fomos
nos distanciando.
Assim
que comecei a estudar naquele colégio, fiz amizade com um garoto e os nossos
laços foram se estreitando, durante todo aquele ano letivo. Conversávamos
sempre sobre tudo e no recreio, não nos desgrudávamos. Esse meu amigo, no ano
seguinte, mudaria de colégio. Pelo jeito, o nosso distanciamento seria
inevitável.
Nunca
me esqueci daquela frase dele, no último dia de aula, quando nos despedimos:
-Um
dia, nós vamos nos encontrar.
Naquele
mesmo dia, aconteceu outro fato marcante:
um colega de sala veio me dizer o seguinte:
-Me
perdoe.
Por
que estava me falando aquilo? Era verdade que, desde que comecei a estudar lá,
ele não largava do meu pé, mas, pouco tempo depois, fomos nos entendendo. Nunca
entendi direito o porquê dele ter me pedido desculpas. Para mim, tudo, naquele
momento, já havia sido resolvido e eu, francamente, tinha me esquecido das
nossas desavenças.
Ele
também não estudaria mais naquele colégio, no próximo ano. E lá estava eu,
naquela sala: iniciando um novo ano letivo com uma turma nova e, ao mesmo
tempo, me lembrando de tudo aquilo.
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