Uma
coisa que, naquele instante, passou pela minha cabeça foi: será que o marido
dela sabe? O tempo deve ter sido muito generoso com ela, pois continuava mais
esfuziante do que outrora. Quase perdi a cabeça, quando a vi, pela primeira
vez, fazendo aquelas performances, na medida em que ia se despindo. Falta de
aviso não foi: “Você não sabe com que está se metendo; essa mulher é chave de
cadeia; você vai se dar mal;”. Se Jesus Cristo descesse aqui, na Terra, e
repetisse tudo o que eu tinha escutado, também faria ouvido de mercador.
Peguei
um uísque com gelo e conforme fui bebendo, continuei fazendo-me a mesma
pergunta: será que o marido dela sabe? Não gostaria de estar na pele dele e por
isso, fiquei imaginando como ele agiria, ao ser informado da vida pregressa
dela. Talvez, ela já tinha lhe contado tudo, por que não? E se, naquele
momento, eu decidisse abrir o verbo? Tomei mais uma dose e ponderei até
constatar que era melhor pedir transferência daquele lugar. Mas, mal cheguei! Já
sei: vou pedir exoneração. O que é que eu estou falando? Acho que bebi demais.
As
minhas extravagancias permitiram com que ela acreditasse que eu fosse rico.
Contudo, a realidade era outra: eu não passava de um duro que vivia da mesada
que os meus pais, com todo o sacrifício, me mandavam. Graças a Deus, eles nunca
souberam de nada e no que depender de mim, nunca saberão. Com receio de pedir
mais dinheiro aos meus pais, passei a trabalhar, durante a noite, nos mais
variados serviços: garçom, motorista de táxi, frentista, faxineiro. Chegava de
madrugada e de manhã, bem cedo, eu já estava de pé para ir estudar.
Quando
fui nomeado juiz, depois de ser aprovado em concurso, as autoridades promoveram
um jantar de boas-vindas para mim. No meio de tantas apresentações, alguém me
falou que eu tinha que conhecer a primeira dama e quando a vi... Essa não!
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