Acidentes
acontecem e bem que eu gostaria que isso acontecesse, mas... Além de me faltar
coragem, sou incapaz de fazer mal a uma mosca e você bem sabe disso. Nestas
horas, invejo aqueles que, diante de um ímpeto, dão cabo na vida de alguém,
isso até me faz lembrar um comentário de alguém que, uma vez, me disse: “Você
pensa demais.”.
Nessa
vida, é preciso pensar em tudo, por isso eu me pergunto: o que ganharia matando
você? Para cometer um crime é necessário que tudo seja milimetricamente
arquitetado. No entanto, você e eu, juntamente com os demais, sabemos que não
há crime perfeito.
Cedo
ou tarde, a polícia descobrira os meus vestígios e então, pegaria uma cadeia
brava. Apesar de ser réu primário e com bons antecedentes, o meu ato poderia
ser considerado hediondo e depois, constaria que matei você à toa.
Novamente, eu me pergunto: o que é que eu ganharia com tal atitude?
Partindo desse pressuposto, levo a crer que não faria feio, se as forças
armadas me requisitasse como estrategista militar. Em contrapartida, eu seria
uma vergonha, levando-se em conta o meu excesso de humanismo.
Várias
vezes, diante do espelho, ensaiei dizer tudo isso que estou dizendo, agora.
Mas, na hora H, bati em retirada, por quê? Medo, essa é a única razão que achei
conveniente para utilizá-la como justificativa. Talvez, eu tenha uma resposta
para isso em forma de pergunta: a troco de que eu iria me sujar à toa? Tenho me feito essa pergunta, sempre.
Confesso
que, muitas vezes, de longe acompanhei os seus passos na iminência de, quem
sabe, colocar em prática o meu objetivo, mas a razão terminava falando mais
alto. Por isso, chego à conclusão de que se existe alguém que, nessas
condições, deve sair de cena, então sou eu. Só não sei como.
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