Aquilo
não passava de um sonho mesmo! Há mais de dois meses que papai havia deixado de
morar conosco. Trinta dias depois de ter nos visitado, vovó tinha sido
hospitalizada. Por isso, mamãe viajou para vê-la. Meus Deus, como tudo foi tão rápido! Foram
necessários muitos anos para que a ficha caísse.
Dois dias antes de viajarmos, mamãe me falou
que papai é quem passaria a me levar ao dentista. Desde junho, mamãe e eu
estávamos contando nos dedos o dia em que iríamos viajar para visitar vovó e os
demais parentes que lá residiam. Assim que regressamos, já estávamos em um
outro ano. Aliás, uma outra década.
Papai
passou a ficar menos tempo em casa, viajando com frequência para o interior a
fim de conferir o andamento de um sitio que estava construindo até se
estabelecer por lá.
Aluguei
o mesmo filme de sempre. A última vez que isso aconteceu, faltavam quatro dias
para viajar com mamãe. E quando voltamos, nunca mais encontrei aquele filme na
locadora, por quê? Não sei, nunca
entendi e, talvez, jamais compreenda direito.
Agora,
eu o havia reencontrado e fui para a casa com o sorriso até as orelhas. Mostrei
o filme para papai que também sorriu e perguntei:
-Vamos
assistir?
-Mas
é claro!
Como
eu gostaria que aquilo realmente tivesse acontecido, assim como queria ouvir
que vovó estava bem. No entanto, era
preciso encarar a realidade.
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