“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes,
amanhã”
(Nada Será Como Antes: Milton
Nascimento& Ronaldo Bastos)
Aquele
mês de janeiro, significava para mim, em todos os sentidos, o surgimento de um
ano novo. O que, antes, era encarado como um martírio, significava, agora, um
ato meramente burocrático.
Por
que tinha que me preocupar com aquilo?
Levando-se em consideração que eu já havia sido aprovado no vestibular,
inexistia qualquer motivo para, naquele momento, me preocupar se passei de ano,
ou não.
Assim
que peguei o meu boletim, alguém tocou no meu ombro. Era um colega meu de
classe.
-Vim
pegar o meu boletim. _ Disse ele.
-Eu
também.
-Passei.
-Passamos.
-Graças
a Deus! Acredito que ninguém, da nossa sala, ficou reprovado.
-
Também acho.
Conversamos
bastante, à medida que fomos caminhando pelas galerias do colégio. Não me
lembro ao certo sobre o que dialogamos, mas, se não me falha a memória, falamos
sobre muita coisa referente ao passado, presente e futuro.
O
que me chamou a atenção, naquele instante, foi ver os corredores vazios e
observar o silêncio absoluto que reinava naquela escola. Mas, eu sabia que, dentro em breve, tudo
aquilo voltaria ao normal. Minto, nem tudo...
Dirigimo-nos
até a recepção e ao atravessarmos aquele portão de ferro, ele falou:
-Entramos
juntos e juntos sairemos.
Ele
tinha toda razão em dizer aquilo.
Uma
sensação de alivio, liberdade, dever cumprido e saudade mesclaram-se, quando
deixamos aquele espaço.
Não me lembro se chegamos a nos despedir e
prefiro acreditar que isso sequer tenha acontecido, melhor assim. Lembro-me
apenas que cada um, naquele momento, tomou uma direção e seguiu o seu
rumo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário