Ouvi,
pelo rádio, alguma coisa relacionada ao caso Champinha e me lembrei de que,
dias antes, conversei com um ex-colega de escola sobre um cara que estudou
conosco.
-Aquele cara me dava arrepios! _ Disse
esse meu colega.
Não levei muito a sério o comentário dele e
continuou:
-Ele era a única pessoa, daquela nossa sala,
que eu, realmente, tinha medo. E se, hoje, o encontrasse na rua... Sairia
correndo.
Percebi que esse meu colega não estava
brincando, porque era a primeira vez, em todos esses anos, que eu o ouvia falar
daquele jeito.
Ao vê-lo folheando uma revista, durante a aula,
o professor falou:
-Amiguinho, pode ler esta sua revista lá fora,
por favor?
Ele levantou-se, pegou as suas coisas e quando
saiu, bateu a porta com toda força. Uma colega nossa, naquele momento, falou:
-Professor, não acha que está sendo
injusto? Ele não estava incomodando ninguém.
-Durante as minhas aulas, eu quero que todos
estejam atentos.
Duas semanas depois, estávamos fazendo prova,
quando esse cara levantou-se. Já de saída, bateu a porta com tanta força;
Muitos de nós ficamos perplexos com aquela atitude, mas não dissemos nada até
que alguém manifestou-se:
-Filho da...
Esse meu colega falou-me de um fato ao qual,
até então, eu desconhecia:
-Um dia, o professor entregou as nossas provas
de redação; o Jorginho e eu vimos o momento em que esse cara amassou a prova e,
com toda veemência, atirou no cesto de lixo. Ficamos sem entender direito e no
final da aula, pegamos, discretamente, a redação dele. O professor havia dado
zero, porque ele tinha fugido do tema. E quando fomos ler... A redação dele
narrava a história de um casal que estava discutindo; o marido ficou tão
chateado, que saiu de casa e ao ver um gato passando pela rua, resolveu
degolá-lo.
Assim que me viu boquiaberto, esse meu colega
falou:
-Foi assim que o Jorginho e eu ficamos, quando
lemos essa redação dele.
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