domingo, 30 de outubro de 2016

Conto- Maus Bocados

Eric do Vale

Ninguém perguntou nada, quando a viram chegando de mala e cuia, mas todos, daquela cidade, sabiam que alguma coisa tinha acontecido. Uma mulher como ela poderia ter o homem que quisesse, mas preferiu entregar-se justamente aquele sujeito. Meses depois, eles haviam se casado até evaporarem.
Descobriu-se, pouco tempo depois, que aquele homem, assim como os familiares dele eram procurados pela polícia, em virtude de vários golpes. O que ela viu naquele sujeito? Essa era a pergunta que todos os habitantes daquela cidade faziam. 
Durante três anos, ela comeu o pão que o diabo amassou. Se conviver com o marido já era um inferno, com os sogros então... Ainda mais que esses dois eram a personificação do demônio.
Há quem fale que ela sofreu cárcere privado e, várias vezes, alguém tinha que avisá-la que a sogra estava chegando para ter tempo de trancar-se no quarto, porque essa queria assassiná-la.  Aquele pessoal teve a proeza de surrupiar todas as economias que ela havia juntado, depois de muito trabalho.
Lá estava ela, com a mão na frente e a outra atrás, e longe de ser aquela mulher esfuziante de outrora caminhando, com um olhar vago, em direção a casa dos pais, onde nunca deveria ter saído. 
-Como vai o seu marido? _ Perguntou alguém que a viu. 
-Morreu. _ Respondeu secamente.
-Eu sinto muito!
Ela não deu importância e ao e pensou: “Morreram todos, para mim”.

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