domingo, 24 de julho de 2016

Crônica- Para Todos Os Gostos

Eric do Vale


Eu tinha sete anos de idade, quando assisti, no telejornal, a matéria sobre o dia de finados que falava sobre a visita aos "moradores ilustres" do cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. Dentre os quais: Paulo Sérgio e Noel Rosa.  
-Quem foi Paulo Sérgio? _ Perguntei para o meu pai.
-Foi um cantor.
-Do que foi que ele morreu?
-De velho.
A conversa cessou ali. A dúvida, no entanto, me perseguiu, por um bom tempo. Vez ou outra, alguém mencionava o nome dele e eu me lembrava dessa história.
Em meados de 1998, assisti, no Vídeo Show, uma matéria, no quadro Túnel do Tempo, falando da morte dele, ocorrida no dia 29 de julho de 1980. O que mais me surpreendeu foi saber que o Paulo Sérgio tinha 36 anos de idade, quando morreu.
No ano seguinte, esse mesmo programa fez uma homenagem a esse cantor lembrando os dezenove anos da morte dele. Naquela ocasião, o Miguel Falabella, então apresentador do Vídeo Show, comentou, antes do VT ir ao ar, que a produção do programa havia recebido inúmeros pedidos para que fosse feita uma homenagem ao Paulo Sérgio e até mostrou o abaixo assinado feito por mil e catorze pessoas.
Então, fiquei sabendo, um pouco, quem era aquele cantor e do que foi que ele morreu: derrame cerebral. O que mais me surpreendeu e, até hoje, me surpreende é que todo o dia de finados, as pessoas, religiosamente, visitam o túmulo dele para prestar-lhe as devidas homenagens.  
A priori, um imitador do Roberto Carlos; Paulo Sérgio, posteriormente, tornou-se um dos precursores do brega romântico, gênero musical que, por meio de uma linguagem coloquial, tinha como público alvo as camadas mais populares.
Muitas vezes, denominado, pejorativamente, de cafona esse estilo de música originou-se no mesmo contexto em que surgiu a nata da MPB: Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e dentre outros cujo foco concentrava-se em um público mais intelectualizado. Razão pela qual a nossa sociedade sempre tratou com desdém Paulo Sérgio e seus contemporâneos:  Waldick Soriano, Nelson Ned, Odair José e Agnaldo Timóteo.
O tempo, mais uma vez, mostrou-se sábio, quando Caetano Veloso regravou Você Não Me Ensinou A Te Esquecer, sucesso de Fernando Mendes, na década de 1970.  Comprovando, assim, que a música brasileira, como em qualquer parte do mundo, atingi todas as classes.


Nenhum comentário:

Postar um comentário