-
Boa noite! _ Falou ela.
-Boa
noite. _ Respondi para não ser grosseiro.
-Há
quanto tempo! Tudo bem?
-Sim.
-Não
quer conversar?
Perdi
a conta das vezes em que me fiz de desentendido para não conversar com ela. Lembro-me
que, um dia, abri o meu e-mail pessoal, durante o expediente, e dentre muitas
mensagens que recebi, estava a dela querendo saber como eu estava.
Continuei
agindo assim até me convencer de que não dava para fugir e, portanto, era
necessário encarar aquilo de frente.
-Por
que acha que não quero conversar? _ Perguntei.
-Depois
nos falamos.
-Espere
aí.
Por
que eu tinha que dizer aquilo?
-Vai
para o show do...? _ Perguntou ela.
Até
parece que eu gosto desse tipo de música!
Procurei manter a calma e respondi:
-Não.
-Mas,
eu vou.
Depois,
despediu-se.
Senti-me
aliviado, mas, de repente, ela retornou:
-De
vez em quando, fico recordando das nossas loucuras.
Detalhadamente,
ela foi lembrando cada uma. Pensei em me despedir dela, inventando alguma
desculpa.
-Ainda
tenho a agenda que você me deu. _ Falou ela.
Fiquei
em silêncio e ela prosseguiu:
-O
meu número continua o mesmo.
Me
fiz de desentendido e ela perguntou:
-
Você tem ainda as nossas fotos?
-Não
sei.
-Não
sabe?
Fiquei
sem responder nada e ela finalizou:
-Deixa
pra lá.
Depois
de dez anos, ela já deveria ter superado aquilo.
-Vou
saindo aqui. _ Falou ela.
Não
tive mais dúvida: melhor deixar tudo do jeito que está.
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